•Capítulo Seis•

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Simona

Ele tinha feito. Mesmo depois do meu aviso,ele fizera. Tocou no que é meu,a machucou,e porra,eu ia fazer pior com ele. Queria ver aquele velho sofrer como jamais sofreu na vida dela.

Nervoso,andei de um lado para o outro,sentindo minhas entranhas queimarem e revirarem.

Antonella permanecia calada na minha frente,a cabeça baixa.

Me aproximei dela novamente e a puxei para um abraço. Ela ficou tensa,parada como uma estátua,mas aquilo não importava.

“Ela importava”.

Acariciei seus cabelos longos e castanhos,amando a sensação deles,e fui me acalmando aos poucos.

— Ele nunca mais vai machucar você.

A soltei,vendo como estava desconfortável com a minha aproximação repentina e a guiei até a cama.

Antonella se sentou devagar, dobrando as pernas e as agarrou com os braços,as agarrando junto dos seios.

Meu cenho franziu com algo que vi em seus joelhos. De início achei que estava vendo demais,mas olhei de novo e cheguei mais perto e vi que nos dois joelhos tinham várias cicatrizes meio avermelhadas.

— O que é isso? — perguntei apontando os seus joelhos.

Antonella abaixou a cabeça em seus joelhos,como se estivesse se escondendo de mim e porra, isso me magoou pra caralho.

— Você não vai me responder? — perguntei,me abaixando na frente dela.

Antonella levantou seus grandes olhos verdes esmeraldas para mim,brilhantes e cheios de mágoa.

— Me desculpe. — sua voz estava baixa,meio rouca e isso me deixou ainda mais triste. Triste por ela,pela primeira vez em minha eu ficara triste “por” alguém.

— Não se desculpe. — olhei para as cicatrizes avermelhadas nos seus joelhos e depois para ela,ignorando a raiva que olhar para elas me dava. — Vai me falar o que causou essas cicatrizes?

Eu sabia o que as tinha causado,mas isso tudo era tão novo dentro de mim que uma parte precisava ouvir para acreditar.

— Foi o pai. — respondeu,seus olhos descendo para o meu queixo em vez de me encarar.

Apertei uma mão em punho cerrado na minha coxa. Sabia,sabia que era ele. Mas nada adiantaria ficar irritado agora. Tinha que dar tempo para Antonella dormir e ir até Enrico.

— Ele a cortou?

Ela negou.

— Não. Foi na noite que o senhor...

— Você,por favor. 

Ela concordou e continuou.

— Foi na noite que você foi na minha casa para o jantar. Eu estava levando os pratos para a cozinha e ele me empurrou. Eu caí em cima dos cacos. — ela deu de ombros,uma lágrima solitária rolou pela bochecha arroxeada. — Eu não entendi o porquê,mas também não me importei. Já estou acostumada a passar por isso.

A essa altura meu interior já estava pegando fogo de ódio. Eu o tinha avisado naquela noite e ele não deu ouvidos,agora pagaria por sua desobediência. Que porra ele estava achando que era quando fez isso? O dono da porra toda?

— Ele disse que se eu contasse para você a mamãe que ia sofrer em meu lugar.

Toquei seu joelho com a mão,ignorando completamente os dardos de fogo percorrendo a minha pele. Essa noite não se tratava disso. Era sobre ela.

Indecente | Série "Donos da máfia" | Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora