Stalker

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Engoli em seco, provavelmente alto o suficiente para ela ouvir.

— Se você não vai me dizer o seu nome, como devo chamá-la? - Ela riu, e o som de sua risada me acariciou, ela zombava de mim.

— Nós estamos completamente sozinhas, Sana. Se você falar, só pode ser para mim. Não precisa me chamar de nada.

— Então, eu não tenho que chamá-la de 'senhora', ou 'mestre'? - Respondo afiada e fria. 

— Eu não sou uma dominante, Sana. Você não é minha escrava, nem a minha submissa. - Ela se moveu, agora estava em pé atrás de mim bem próxima do meu ouvido, senti um arrepio na espinha. — Eu possuo você, mas você vai se dar para mim de bom grado.

— Eu vou?

— Você vai.

— Por quê? - Eu queria me mover, para tocá-la e tirar a venda dos olhos. Algo me impediu, eu não ousava examinar o que era.

— Pelo período de um ano, eu enviei a você cheques de dez mil dólares, um a cada mês. Você descontou e usou todos eles. Você gastou o meu dinheiro, Sana. Você viveu de minha generosidade. Minhas razões para isso continuarão a ser um mistério para você, por agora. Mas você está em dívida comigo. Você seria uma sem-teto e faminta sem mim. Sua mãe não teria recebido os cuidados que ela precisa, sem mim. Seu irmão não teria uma casa ou uma educação, sem mim. Então, eu não sou apenas a sua dona, Sana. Eu possuo sua mãe e o seu irmão. Ambos são totalmente dependentes de você, consequentemente, de mim. - Engoli em seco, pisquei segurando as lágrimas.

— O que você quer? - As palavras saíram um sussurro quase inaudível.

— Sana... Sana. - Sua voz me acalmou e acariciou, profunda e suave, com ternura. Esta mulher, sua voz era mágica, tão expressiva, tão mutável. O poder que emanava dela me apavorava.

Ela já poderia me manipular com o mero tom de voz, podia me assustar ou me acalmar com palavras.

— Você não precisa ter tanto medo. Permita-me tranquilizá-la um pouco. Como eu disse, eu não sou uma dominante. Não tenho prazer em infligir ou receber dor. Tenho prazer no controle, na obediência. Você vai fazer o que eu disser, vai cumprir a minha vontade, mas te prometo que sempre irá encontrar nos meus desejos seu prazer, para o seu próprio benefício. Eu nunca vou lhe machucar. Nunca. Não a ferirei. E não vou amarrá-la, mas se eu fizer isso, será com sua própria concordância em mantê-la amarrada.

— Por quê? - Pisquei por trás da venda, fechei os olhos e senti uma gota de lágrima em meu rosto. — Por que eu? Por que eu devo obedecê-la?

Obedecer. Eu odiava essa palavra. Nunca fui obediente. Nem sempre faço o que me é dito, pelo menos não facilmente.

Mesmo quando menina, meus pais aprenderam que era melhor me pedir muito bem, em vez de ordenar.
Me obrigando a algo com comandos brutais, iria trazer o lado acentuado do meu temperamento, muito curto e explosivo.

Esta mulher invisível, sem nome, esperava que eu lhe obedecesse. Sentisse que lhe pertencia.

Agora minhas lágrimas eram de raiva, impotência, eu tinha a sensação de naufrágio, ela estava certa.

— Porque você se importa. Porque tem honra. - Mesmo sendo áspera, ainda era terna, a ponta de seu dedo escorregou pela minha bochecha, perto do canto da minha boca, enxugando minhas lágrimas. — Você vai me obedecer porque você deve. Eu não espero, e nunca permitirei que você me pague monetariamente.

— Não. - Eu não podia deixar de falar. — Você só espera que eu foda com você, essa será a única maneira de sair da minha dívida.

— Incorreto, Sana. - Ela respondeu calma, mas afiada como navalha e fria como o vácuo do espaço. — Lhe farei outra promessa. Nós não vamos nos envolver em relações sexuais com penetração, a menos que você peça por isso e para completar, Sana, essa minha promessa. Você vai querer. Vai me implorar por isso. Mas não vai acontecer, a menos que me peça.

Taken- Satzu versionOnde histórias criam vida. Descubra agora