No fim do mundo

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— Então, onde estamos? - Perguntou NaYeon, na ponta dos pés, inclinando-se de maneira insegura na proa do Mina, um enorme iate de luxo, registrado nas Bahamas, que pertence a mim e a Zhou. — Eu me perdi há dois meses.

— Ushuaia - JeongYeon respondeu, brusca e repentinamente, mas com um traço de diversão, que a maioria das pessoas não seria capaz de detectar, a menos que a conhecesse bem. — É a capital da Tierra del Fuego. Também conhecida como O Fim do Mundo.

— E por que estamos aqui? - Perguntou NaYeon novamente.

Os quilos extras que adquiriu não a deixavam ver a cidade se aproximando claramente. Realmente, se ela quisesse dar uma boa olhada, deveria subir na ponte.

Eu estava reclinada em uma espreguiçadeira de teça, com chapéu de aba larga protegendo os olhos do Sol, um copo de vinho tinto na mão, segurando meu Cardigans fechado com a outra.

A temperatura estava muito baixa aqui no fim do mundo, nem dez graus Celsius e era o meio de maio.

— Porque é um lugar para se estar. - Respondi por JeongYeon. — E porque é extremamente remoto. - Nay virou para mim com um olhar severo.

— Remoto? Estamos quase na Antártica. Você já viu aqueles icebergs?

Eu apenas dei de ombros e sorri. NaYeon estava sendo NaYeon, mas era muito bom finalmente tê-la comigo, outra vez.

— Zhou mencionou que poderíamos fazer um cruzeiro até lá para dar uma boa olhada neles. Amanhã, na verdade. Acho que estão lá o tempo todo. É como uma indústria turística aqui ou algo assim. - JeongYeon bufou.

— Contrataremos um tour privado, obviamente. - Nay revirou os olhos.

— Obviamente. - Ela cruzou o convés para sentar-se aos pés da minha cadeira, pegando o meu vinho. — Porém, estou desenvolvendo um caso grave de febre de cabine. Tanto quanto amo estar aqui com você, oito semanas é muito tempo para ficar presa em qualquer lugar. Eu preciso sair deste maldito barco. Mesmo que seja agradável e que eu te ame, baby, preciso da terra firme sob meus pés. Preciso ficar nua e bêbada com desconhecidos e fingir que não estou no Fim do Mundo, fazendo nada da vida.

JeongYeon soltou um suspiro e trocamos olhares divertidos pelas costas dela.

— NaYeon... só você reclamaria de estar em uma turnê mundial, em um super iate, com cada necessidade e desejo atendido. - Falei.

— Não estou reclamando... muito. Eu só... Desde que tinha quatorze anos, trabalhei seis ou sete dias por semana, em dois ou três empregos ao mesmo tempo. De repente, estar desempregada... isso não me parece bom. Estou ficando louca.

— Demora algum tempo para acostumar. - Admiti.

— Além disso... - Aproximou-se de mim, sussurrando. — Estou morrendo de tesão. O dedo médio já não resolve mais. JeongYeon me tirou dos Estados Unidos tão rápido que nem tive tempo de arrumar minha coleção de vibradores. - Encostei minha cabeça na cadeira e ri.

— Merda, NaYeon. Informação demais. - Olhei para JeongYeon, que examinava a baía se aproximando, com um binóculos de alta potência e abaixei minha voz. — E a nossa Garotona, ali? - NaYeon sequer olhou para ela.

— Hum. Não. Não, obrigada. Eu não estou tão desesperada.

— Não? Apenas isso? - Ela se levantou abruptamente.

— Estou com frio. Preciso de um suéter. - Passou apressada por mim e saiu do deck. Indo para dentro da superestrutura que é nossa casa longe de casa, um mordomo segurou a porta para ela, que passou por ele voando. Quando ela se foi, JeongYeon me encarou.

Taken- Satzu versionOnde histórias criam vida. Descubra agora