História

895 87 18
                                    

Acordar não foi uma experiência agradável, desta vez. Eu nem sequer obtive esse fugaz momento de esquecimento feliz antes que a realidade caísse em cima de mim.

Acordei e meu primeiro pensamento foi: Tzuyu matou meu pai. Meu segundo e terceiro pensamentos foram, respectivamente: Tzuyu está apaixonada por mim e eu estou apaixonada por Tzuyu.

E depois, é claro, o inevitável, a pergunta sem resposta: o que diabos eu devo fazer agora? Rolei, meu rosto esmagado contra o tecido áspero do sofá, que fedia a panela velha, fumaça de cigarro e poeira desgastada. 

Tossi, rolei e me sentei, esfreguei o rosto com as duas mãos para a empurrar pra trás a nova onda de lágrimas que já estavam borbulhando pelas minhas pálpebras.

O aroma de café e pães de canela recém assados finalmente filtraram através de minha consciência. Eu olhei para cima a tempo de ver NaYeon se aproximando, com duas canecas de café em uma mão, um prato de pegajosos, vidrados rolos de canela na outra.

— Eu sei o que a minha amiga precisa. - Disse, colocando tudo para baixo na madeira golpeada e riscada mesa. — Cafeína e canela.

Peguei o café e tomei um gole, peguei um rolo de canela e dei uma enorme mordida extremamente grosseira.

— Você é minha salva-vidas. - Falei com a boca cheia.

— Eu sei. - Combinamos mordida com mordida, e devoramos todo o lote de rolos de canela.

Saciada, me inclinei para trás e limpei os cantos da minha boca com o polegar. Eu fracassei em por minha cabeça para o lado, encontrando os olhos castanhos interrogativos de NaYeon.

— Ok. - Falei. — Pergunte.

— OH MEU DEUS, o que aconteceu? - NaYeon gritou. Ela era mestre em perfurar ouvidos, uma menina bizarra. Suspirei.

— É uma longa, longa história.

— Ok, bem, eu li Guerra e Paz, isso não pode ser mais longo que essa história. Jesus, estou cheia. - NaYeon girou no sofá e estendeu seus pés em minhas coxas, colocando a cabeça sobre o braço e a mão sobre a barriga. — Eu não deveria ter comido esses últimos dois rolos de canela. Por que você me deixou comer assim, Shiba? - Ri e bati nela com a minha perna.

— Eu pus em causa a sua decisão de comer esse último, se não se lembra.

— É verdade. Mas estava tão bom. - Nay soltou um arroto enorme e depois cobriu a boca com a mão, como se estivesse chocada. — Sério, Sana. Eu quero saber tudo. - Soltei cabelo do meu rabo de cavalo e passei meus dedos através dos emaranhados.

— Tudo bem. Mas o que estou prestes a lhe contar permanece entre nós. Você não pode respirar uma palavra a ninguém, nem mesmo para Kwan.

— O que é isso, algum tipo de crise de segurança nacional?

— Pode muito bem ser. - Deixei minha expressão dizer a NaYeon o quão séria eu estava. — Ela leva sua privacidade muito a sério e mesmo que eu tenha saído, não vou comprometer isso. - Ela ergueu as mãos em um gesto de rendição.

— Ok, ok. Palavra de mãe. Caramba. - Tomei um grande fôlego, o segurei e soltei.

— Seu nome é Zhou Tzuyu - Os olhos de NaYeon se arregalaram.

— Puta merda. Que nome.

— Sem brincadeira. E ela é... honestamente? A mulher mais insanamente linda que já vi na minha vida. Quer dizer, nem mesmo Penélope Cruz pode superá-la. E ela meio que se parece com o nossa garota Penny. - Eu tive que piscar de volta a emoção. — Um metro e oitenta e três, bem construída, como uma deusa, cabelos e olhos castanhos. Nossa, seus olhos. Ela tem esse jeito de... olhar para você. E sua voz... NaYeon, você não precisa nem entender. Eu estava com os olhos vendados nos três primeiros dias, então cada vez que estava ao seu redor, tudo o que tinha era o som de sua voz. Tipo, ela pode seduzi-la apenas com isso. Suas palavras. Foda-me, NaYeon. As coisas que ela disse para mim...

Taken- Satzu versionOnde histórias criam vida. Descubra agora