Prologo

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Já peço desculpas por qualquer erro, não revisei!

Cemitério Lasting Peace

Garland, Texas

― Simon Phillip Cowell, traga seu traseiro de volta aqui agora!

Meu timbre de voz ainda ressoava no ar quando um movimento chamou minha atenção para a direita. Bem atrás de uma lápide no formato de um pequeno anjo chorando estava meu tio. Simon olhou para mim como se repuxasse a sobrancelha de uma forma que expressava seu desconforto de forma mais eloquente do que mil palavras. De terno e gravata, cabelo grisalho penteado para trás em seu estilo impecável como de costume, Simon pareceria um empresário comum de meia idade para qualquer um que o observasse, exceto por uma coisa. Você tinha que ser imortal ou psíquico para vê-lo.

Simon Cowell, ex chefe de um ramo secreto da Segurança Interna que protegia o público contra criaturas sobrenaturais perigosas, tinha morrido há dez dias. Porém lá estava ele. Um fantasma.

Chorei ao lado de sua cama quando aquele ataque cardíaco fatal o atingiu, vi sua cremação em seguida, estive como um zumbi em seu velório e até mesmo levei suas cinzas para minha casa para que eu pudesse mantê-lo perto de mim. Pouco eu sabia o quão perto Simon esteve realmente, considerando todas aquelas vezes em que pensei tê-lo visto de canto de olho. Considerei aqueles breves vislumbres do meu tio como nada mais do que miragens induzidas pela tristeza até cinco minutos atrás, quando percebi que minha mulher, Lauren, podia vê-lo também. Embora estivéssemos no meio de um cemitério que ainda tinha corpos espalhados de uma batalha recente e eu tinha balas de prata queimando dentro de mim como pequenas fogueiras agonizantes, tudo que eu podia focar era que Simon não queria que eu soubesse que ele ainda estava do lado de cima do túmulo.

Meu tio não parecia nada contente por eu ter descoberto seu segredo. Parte de mim queria jogar os braços ao redor dele enquanto outra parte queria chacoalha-lo até que seus dentes batessem. Ele devia ter me contado, não ficado à espreita de fundo fazendo uma versão fantasmagórica de esconde-esconde. Claro, apesar da minha dupla compulsão, eu não podia nem chacoalhar e nem abraçar Simon agora. Minhas mãos iriam passar direto através de sua mais nova forma diáfana, da mesma forma, meu tio não poderia tocar mais nada ou ninguém corpóreo. Então tudo que eu podia fazer era olhar para ele, com uma mistura de confusão, alegria e descrença combinadas com alguma irritação devido a sua decepção.

― Você não vai dizer nada? - Perguntei, finalmente.

Seus olhos se moveram para alguns metros além de mim. Eu não precisava me virar para saber que Lauren estava atrás. Desde que ela me transformou de uma mestiça para uma vampira completa, eu podia sentir Lauren como se nossas auras estivessem sobrenaturalmente entrelaçadas. O que estavam, eu suponho. Eu ainda não sabia tudo sobre o que criava a conexão entre vampiros e seus criadores. Tudo o que eu sabia era que ela existia, e era poderosa. A menos que Lauren se isolasse, eu podia sentir os sentimentos dela como se eles fossem um fluxo constante penetrando na minha psiquê.

É assim que eu soube que Lauren estava muito mais controlada do que eu. Seu choque inicial por descobrir que o Simon era um fantasma tinha dado lugar a uma contemplação cautelosa. Eu, por outro lado, continuava sentindo como se minhas emoções estivessem em um redemoinho. Lauren ficou do meu lado, seu olhar esverdeado no meu tio.

― Você vê que ela está segura. - Lauren afirmou, um sotaque inglês colorindo suas palavras. ― Nós detivemos Apollyon, então ghouls e vampiros estão em paz novamente. Você pode ir em paz. Tudo está bem.

Compreensão explodiu em um surto de partir o coração. Era por isso que meu tio não conseguia atravessar como ele devia? Provavelmente. Cowell é uma aberração controladora muito maior do que eu, e embora ele tenha rejeitado minhas repetidas ofertas de curar seu câncer ao transformá-lo em vampiro, talvez ele estivesse muito preocupado com a trama da hostilidade entre os mortos vivos para desistir totalmente quando morreu. Eu tinha visto pelo menos um fantasma ficar tempo suficiente para garantir a segurança de um ente querido. Ter certeza de que eu tinha sobrevivido a batalha e protegido a humanidade ao prevenir um confronto entre vampiros e ghouls foi sem dúvida a âncora que tinha segurado Simon aqui, mas agora, como Lauren disse, ele poderia ir.

Pisquei pela umidade repentina nos meus olhos.

― Ela está certa. - Eu disse, minha voz rouca. Eu sempre vou te amar sentir sua falta, mas você está... você tem outro lugar para estar agora, não tem?

Meu tio olho para nós duas, sua expressão sombria. Mesmo que ele não tenha mais pulmões atualmente, soou como se ele tivesse soltado uma lenta e aliviada respiração.

― Adeus, Camila. - As primeiras palavras que ele me disse desde o dia em que morreu. Então o ar ao redor dele ficou turvo, borrando suas feições e obscurecendo seu contorno. Estendi a mão para Lauren, sentindo seus dedos se curvando sobre os meus em um aperto reconfortante. Pelo menos Simon não estava com dor como da última vez que eu tive que dizer adeus a ele. Tentei sorrir quando a imagem do meu tio desapareceu totalmente, mas a tristeza me atingiu em uma nova onda. Sabendo que ele estava indo para onde ele pertencia não significa que a dor de o perder desapareceria.

Lauren esperou vários momentos após o desaparecimento do Simon antes de se virar para mim.

― Camz, eu sei que é um momento miserável, mas ainda temos coisas que precisamos fazer. Como tirar essas balas de você, remover os corpos...

― Oh merda. - Eu sussurrei.

Simon apareceu atrás da Lauren enquanto ela estava falando. Uma feroz carranca escureceu as feições do meu tio, e ele acenou com os braços em uma exibição nada característica de excesso de emoção.

― Alguém quer explicar porque diabos eu não consigo partir? 



Night Huntress Vol #6Onde histórias criam vida. Descubra agora