Capítulo 27 L7

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Quando Mencheres disse que o seu "pessoal" estava trabalhando nos HDs que trouxemos da base do Gold, eu presumi que ele estivesse se referindo a vampiros. Quando o seguimos para a sala que ele transformou em um paraíso para os amantes de tecnologia, entretanto, o garoto de cabelo preto sorrindo para o computador era humano. E ele parecia ter cerca de dezessete anos.

— Eu sou o máximo. - O adolescente disse, animado. Então ele se virou, sorrindo para o vampiro Egípcio de quase cinco mil anos de idade.

— Quem é o seu cara, M?

Longe de estar ofendido, Mencheres se aproximou e rapidamente executou um aperto de mão de rua, completo com estaladas de dedo, golpe de punhos e uma batida em cima e em baixo no final.

— Você é o cara. - Ele concordou solenemente.

Eu não pude mais ficar em silêncio.

— Você usou um adolescente para recuperar informações delicadas o suficiente para causar uma guerra mundial?

Mencheres me deu um olhar tolerante.

— A maioria dos vampiros é mais lenta para abraçar a tecnologia do que os cidadãos idosos normais. Tai é leal, e ele está escrevendo códigos desde antes de você aprender a mandar mensagens de texto.

O garoto sorriu para mim.

— Não se preocupe, docinho, eu sei ficar quieto. Além disso, M é um dos meus heróis.

Lauren ergueu uma sobrancelha com o comentário "docinho", mas eu ignorei.

— Ok, Tai, mostre-nos o que você tem. - Como se um interruptor tivesse sido apertado, o adolescente ficou todo negócios.

— Eu tive que remendar isso porque os HDs estavam tão queimados que os arquivos fragmentaram. Então eu filtrei entre o que M disse que você não precisava, como mapeamento de genomas e registros de experiências. Havia muito disso...

— Intactos? - Eu interrompi. Eles podem não nos ajudar a encontrar o financiador do Gold, mas podem ser úteis para compreender a Katie.

Ele riu.

— Agora estão. Enfim, vamos às coisas boas. Eles deviam ter câmeras por toda parte na sala em que ela lutava, porque esse arquivo — seus dedos voaram pelo teclado — tem as melhores imagens da sua pequena Godzilla em ação.

A tela do computador encheu com uma imagem distorcida, como se tivessem passado o vídeo em um picador de papel, e então juntado tudo novamente. Ainda assim, Katie era fácil de localizar. Ela era a criança com o cabelo castanho na altura dos ombros, enfrentando um homem adulto que apontava uma arma para ela.

—... ão... me ...aça... — veio através dos sons ininteligíveis.

— A qualidade do som está horrível, mas se você ler os lábios dele, ele está dizendo que não quer atirar nela. — Tai disse.

Mais sons estranhos vieram do vídeo, e então houve um borrão de ação. Se eu não fosse uma vampira, teria precisado de câmera lenta para ver Katie se arremessando para frente, desviando da bala que o homem disparou antes de chutar as pernas dele e bater o cotovelo em sua garganta.

— Essa é ela sendo orientada a neutralizá-lo. - Tai informou sombriamente.

Eu sabia que ela matou pessoas, mas saber e ver eram duas coisas diferentes. Ela não hesitou sequer por um segundo, e nada mudou nas expressões da garotinha quando ela se levantou e ficou em posição de sentido, indiferente ao corpo agonizando aos pés dela. Que uma criança possa mostrar tanta indiferença enquanto destrói uma vida me gelou até a alma. Ela parecia não ter ideia do que fez.

Night Huntress Vol #6Onde histórias criam vida. Descubra agora