Capítulo 4 L7

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As luzes de Nova Orleans brilhavam como cristais contra as águas

escuras ao redor da longa ponte que nos deixou entrar na cidade. Finalmente, nós estávamos aqui. Foi mais de um dia dirigindo, considerando que nós tivemos que passar por nossa casa em Blue Ridge para pegar meu gato. Nós não podíamos voar para Nova Orleans por causa das bolsas de alho e maconha que nós trouxemos para o caso de Marie enviar seus espiões espectrais para nós. Quanto a alugar um trailer ao invés de pegar nosso carro, bem, essa não era a primeira vez que eu viajava com Dexter. Os gases do cachorro podiam ser considerados armas químicas, e o espaço extra me dava algum lugar para fugir.

Nós tínhamos acabado de virar no French Quarter quando Tyler soltou um suspiro maravilhado.

— Lá estão eles.

Olhei para fora da janela. Fantasmas cobriam o French Quarter mais que colares de plástico durante o Mardi Gras. Eles flutuavam através de multidões de turistas, ficavam sobre telhados, bares e, é claro, passeando pelos famosos cemitérios da cidade. A coisa mais impressionante sobre eles é o quanto deles estavam conscientes. A maioria dos fantasmas costuma ser repetições de um momento no tempo. Incapazes de pensar, apenas infinitamente representando o mesmo incidente. Não surpreendentemente, muitos daqueles incidentes contavam as suas mortes. A morte é um evento importantíssimo para qualquer um.

Mas os residentes etéreos da Cidade Crescente eram diferentes. A maioria deles era tão cheia de vida quanto as pessoas ignorantes sobre a presença deles. Alguns eram travessos. O jovem que tropeçou e caiu de cara no decote de uma menina bonita não tinha ideia de que tinha sido empurrado por um fantasma que gargalhou com o tapa que o garoto humilhado recebeu. Mais distante na calçada, uma dupla de fantasmas se divertia inclinando para cima os copos dos festeiros, assim, o esperado gole se transformava em um banho no rosto.

Tyler riu quando viu isso.

— Eu espero não voltar depois de morrer, mas se eu voltar, vou me mudar para cá, onde a festa nunca termina.

Lauren lançou um olhar para ele antes de voltar sua atenção para as ruas estreitas.

— Não recomendaria isso, companheiro. Nova Orleans não é a cidade mais assombrada do mundo por acaso.

Tyler deu de ombro.

— Então, um monte de pessoas são assassinadas aqui. Eu vou evitar os fantasmas mal-humorados.

— Não é isso o que ela quis dizer.

Eu sussurrei as palavras. Nós estávamos agora profundamente no território de Marie, e a rainha de Nova Orleans tinha espiões em todos os lugares.

— O poder de Marie atraí fantasmas para ele, e uma vez que eles estão presos nisso, como insetos em uma teia de aranha, a maioria deles não é forte o suficiente para partir.

Ao invés de aceitar aquilo como o aviso que eu pretendia, Tyler sorriu.

— Você tem que me apresentar a ela. Isso vai fazer valer minha vida.

Ou sua morte, eu pensei cinicamente, mas mantive aquilo para mim. Maria era seletiva sobre a quem ela concedia uma audiência. Ela poderia até mesmo não concordar em contar comigo e com Lauren, então eu duvido de que ela vá arranjar um horário em sua agenda para bater papo com um fã desconhecido.

— Inferno sangrento.

As palavras rosnadas afastaram minha atenção de Tyler. Nós estávamos quase na casa geminada de Lauren, apesar disso, ela estava encarando mais abaixo na rua com uma expressão resignada no rosto. Ela estava percebendo só agora que o trailer nunca caberia no espaço que levava até a garagem?

Night Huntress Vol #6Onde histórias criam vida. Descubra agora