AMARANTO
A volta para minha casa foi em silêncio. Desde que chegamos, ele me despiu, tentando lavar os horrores do dia do meu corpo no chuveiro e, finalmente, me ajudou a subir na cama. Nem uma lágrima tinha caído, não, eu acho que já chorei todas elas. A picada das gotas salgadas ainda são proeminentes no meu rosto, meus olhos estão vermelhos, caídos e inchados de tristeza. A única coisa que eu posso sentir agora é raiva.
Quente e ofuscante.
E ela está aumentando.
À cada respiração irregular, eu fico mais exausto, e uma fúria cresce mais forte dentro de mim.
Taehyung deve ser capaz de sentir o calor. Seus dedos vibram sobre a minha pele quente e nua como se ele estivesse tentando acalmar a guerra travada dentro de mim. Fico imaginando meus pais deitados em macas de metal frio, sendo cortados pelo legista. Minha mente é invadida pela imagem e os pensamentos que devem ter passado através de suas cabeças quando Joonie chegou até eles... Por minha causa.
Bonequinho sujo.
Por que eu fugi? Se eu tivesse ficado lá, Jae estaria vivendo sua vida feliz com alguém que poderia dar a ele mais do que eu jamais poderia. Meus pais não saberiam o que aconteceu com Jisoo e eu, mas eles ainda estariam vivos. Eles não teriam que morrer sabendo que tipo de monstro possuiu seu filho.
— Não. — Taehyung sussura sobre mim. — Não se culpe por nada disso.
Ele me beija nos lábios, no meu rosto, minha clavícula, e abafa o arrependimento. Seu toque só acrescenta fogo nas chamas já queimando dentro de mim. Eu quero vingança. Quero Jisoo de volta. O desejo ardente de foder a dor se torna tão intenso, que eu sinto como se eu pudesse entrar em combustão.
— Hyung... — Ele murmura, sua boca se conectando com a minha. — Me escute. — Ele está praticamente deitado em cima de mim, me esmagando com seu peso.
Eu quero que ele me quebre em pedacinhos, me entorpeça, roube essa energia explosiva crescendo dentro de mim. Eu estou prestes a me autodestruir se ele não se apegar a mim e me aterrar a ele. Talvez se ele me reduzir a pó e consumir as cinzas...
Talvez então eu não sinta doer tanto por dentro.
Talvez, então, eu me sinta vazio.
Sua testa pressiona contra a minha e seus olhos parecem como se eles fossem chocolate derretidos com o sol da tarde entrando pela janela. — Hyung... — diz ele novamente.
Ele provavelmente quer me assegurar que tudo vai ficar bem. Nada vai ficar bem. Ele provavelmente quer me dizer para dormir para que eu possa aliviar a dor. A dor será sempre uma lembrança nítida do monstro na minha vida. Ele provavelmente vai me pedir para procurar aconselhamento para encontrar uma maneira de lidar com o que Joonie tem feito comigo. Eu nunca vou encontrar uma maneira de lidar, até que ele tenha sumido para sempre.
— Jinnie. — Ele diz, sua voz baixa — Vamos encontrá-lo e vamos matar ele, droga. Você e eu, hyung. Ele não vai conseguir sair dessa. Eu estarei com você a cada passo do caminho e vamos acabar com ele. Não o colocaremos na cadeia. Ele não vai sair dessa vivo.
É preciso um momento para processar suas palavras. Claro, Taehyung diria o que eu esperava. Ele é Kim Taehyung. Policial petulante com um passado triste. Um cartão de boas vindas para a minha vida louca. Meu amante insaciável com uma paixão por vingança. Eu deveria saber.
— Obrigado. — Meu coração começa a pulsar de volta à vida. Taehyung me faz ter sentimentos, apesar do meu desejo de nunca sentir nada novamente.
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Marionetes | Taejin [EM REVISÃO]
Fanfiction"Você já teve que tomar uma decisão que o assombra todos os dias pelo resto de sua vida - a vida que você roubou de volta? Eu sim." Quando Seokjin e sua irmãzinha Jisoo encontram um fabricante de bonecas chamado Joonie em uma feira local, eles não t...