CAPÍTULO 14

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BORDÔ


— Acorde. — O hálito quente de Taehyung faz cócegas em meu ouvido. — Eu tenho a sua roupa pronta.

Eu estou acordado há um tempo, mas não saí da cama. Taehyung me trouxe de volta aqui ontem à noite, e nós dois apenas nos abraçamos e fizemos companhia um para o outro com um abraço inquebrável.

Caindo na rotina, eu empurro os lençóis e faço o meu caminho até o chuveiro, ignorando o reflexo gritando para eu dormir mais.

A chuva de água quente pulveriza sobre mim, lavando o meu corpo e, em seguida, saio para pegar a toalha que Taehyung está segurando para mim. Ele dá um tapinha na minha pele enquanto me seco, e depois joga a toalha na cama. Do outro lado dela, eu vejo minha roupa social esticada e bem passada e começo a vesti-la.

Meus pais eram católicos, então não preciso passar pelos três dias de velório como é comum por aqui. Eu apenas irei enterrá-los no local que eles já tinham reservado há anos. Como sempre, eles pensaram em tudo. Porém, alguns conhecidos de meus pais e uns poucos familiares distantes irão comparecer para prestar condolências e, como é tradição, ofereceram quantias em dinheiro para ajudar com os custos. Isso eu não pude recusar, apesar de querer.

Eu quem deveria arcar com tudo.

— Você está pronto?

Eu concordo.

Mas eu nunca vou estar pronto para enterrar meus pais.

Eles morreram por minha causa.


* * *


Observando seus caixões sendo abaixados no chão, vendo as lápides que eles tinham escolhido para Jisoo e eu quando eles assumiram que estávamos mortos. Vendo eles serem colocados lá, parece um momento surreal.

Vou ter que enterrar Jisoo ao lado deles?

Não.

Reconhecia as pessoas que agora rodeavam seu jazigo, mas na verdade, eu não conhecia ninguém, só sentia uma dor profunda em meus ossos. Me recusei a ir ao velório na noite passada por causa dessas pessoas que agora estão me olhando fixamente, questionando, me acusando. Eu mal me aguentava perto deles.

— Você pode me levar para o bar para tomarmos alguma coisa antes de voltarmos para casa? — pergunto, me enrolando ao lado de Taehyung.

Seu braço me envolve apertado, me mantendo de pé.

— Você não quer ir na recepção, Jinnie?

— Não — balançando a cabeça, eu deixo o calor de sua segurança e me movo em direção ao seu carro.

Ele não fala nada durante o caminho até o bar, que fica perto da delegacia, e é um dos favoritos entre os meus colegas, mas sua mão segura a minha firmemente contra sua coxa. — Tem certeza que pode lidar com isso? — ele sorri, inclinando a cabeça na direção do bar um tanto movimentado, mesmo ainda sendo de dia.

— Sim, será uma boa distração.

As vozes aumentam e vibram das paredes conforme o jukebox solta um som calmante. O álcool e o cheiro de couro agride meus sentidos, e eu sorrio. Eu preciso disso.

— Whisky — eu peço, segurando meus dedos para cima para sinalizar que eu quero dois.

— Ei, Seokjin. Bom te ver. — Alguém me dá um tapinha nas costas, mas eu não vejo quem. E assim que o copo é colocado na minha frente, tomo o whisky e toco nele para uma recarga.

Marionetes | Taejin [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora