PRÓLOGO

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SEOKJIN

Dezoito anos de idade...


Appa e omma sempre nos disseram para ter cuidado. Para não falar com estranhos, não importa o quão amigável as pessoas pareçam. Para questionar todos. Com duas crianças ingênuas crescendo em um mundo perverso, eles queriam nos educar e explicar o mal que corria desenfreadamente nos canais de notícias. Eles nos obrigaram a assistir aos acontecimentos de um mundo longe, que parecia ser o nosso. Nos educou sobre os animais que andam na Terra com rostos como os nossos, como o dele - mesmo no meio da Coreia. Nós vivemos em uma rua tranquila, em um bairro tranquilo, em uma cidade tranquila; mas isso não significa que os monstros do mundo não estavam à espreita.

Eles estão em toda parte, segundo omma. Não apenas nas sombras.

Eles queriam que nós percebêssemos o mundo com os olhos apertados e os corações fechados.

E assim eu fiz. Eu sou completamente o menininho da mamãe - cético por natureza. Suspeito. Distante. Desconfiado. Eu atendi suas instruções ao pé da letra e mantive minha irmã e eu seguros.

Até que eu não consegui mais.

Até o dia que meu mundo girou, girou sobre seu eixo, e tudo foi roubado de nós.

Ou devo dizer, até que fomos roubados do mundo.

Quatro anos atrás, eu abaixei a guarda por causa de um homem. Eu permiti que o garoto curioso dentro de mim esquecesse a mensagem mais importante que a nossa omma nos ensinou: nem todos os monstros caçam no escuro. Baixei a guarda constante pela atenção dos olhos castanhos e dourados e um sorriso torto. As paredes que eu segurava firme se enfraqueceram, roubando meu equilíbrio e levando meus hormônios ao caos. Aos quatorze anos de idade, eu estava apaixonado por um homem muito mais velho do que eu.

Joonie.

Pelo menos esse é o nome que ele me disse. Ele mentiu sobre isso... Ele mentiu sobre tudo.

Pequenas lindas marionetes do Joonie.

Eu revivi aquele dia mais e mais, fantasiando um resultado diferente, mas eu sempre acabo aqui. Meu coração ainda fraqueja na memória da primeira vez que eu o vi. Eu nunca vou esquecer esse dia.


* * *


Meus pés estão doloridos. Eu devia ter usado meus outros chinelos como Jisoo fez. Ela pula através dos estreitos corredores lotados do mercado, parando para admirar qualquer coisa remotamente brilhante ao longo do caminho. Como ela pode estar tão enérgica com este calor? Me surpreende, mas essa é a nossa Jichu, cheia de vida e aberta para o mundo. O suor escorre pelo meu lábio e o sal agita sobre a minha língua, me lembrando da minha sede.

Minha camiseta adere à minha carne úmida como uma camada extra de pele. De algum modo está mais quente sob o abrigo das tendas do que sob o sol escaldante. Eu limpo o suor no meu lábio superior com a palma da minha mão e vejo um brilho desagradável no olhar de um dos homens com uma barriga saliente, sobre a minha irmã mais nova, enquanto lambe os lábios gordos e ajusta suas calças. Porco.

Precisamos ir.

Eu estou preocupado com o que appa me ensinou. Meu coração troveja em meu peito com a necessidade de arrastar a minha irmã de volta para casa, onde omma está nos esperando para jantar daqui meia hora.

Marionetes | Taejin [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora