CAPÍTULO 15

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CEREJA


— Estou tão feliz que você decidiu voltar.

Eu a examino mais uma vez e seguro o meu arrepio. Os sapatos que ela tem não combinam com o carmesim de sua saia.

Eu amo essa cor.

— Meus pais morreram. — Eu falo na sala e ela visivelmente se assusta. Eu conto os peixes enquanto eu faço o meu caminho até eles.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove.

— Pais. Ambos?

Eu estou falando outro idioma? Como é que esta mulher ainda se diz médica?

— Sim, ambos. — Eu estalo com impaciência no meu tom. — Eles foram assassinados.

— Oh — ela engasga — Eu sinto muito. Você quer se sentar?

Eu balanço minha cabeça negativamente e olho mais uma vez para seus peixes. Todos os nove. Esta será a última visita que faço aqui.

— Eles sabem quem os assassinou? — ela questiona, com choque ainda evidente em seu tom. Um tom mais superior e ofegante que o habitual.

— Eu acho que sim. Talvez. — Eu dou de ombros. Tocando o dedo sobre o aquário, eu olho por cima do ombro para ela. — Você sabia que os peixes comem um corpo humano? — pergunto, me voltando para as criaturas inúteis. Sinto ela se virar em seu assento, sem ter que olhar para ela. — Eles veem isso como qualquer outro alimento, tiram seus nutrientes, e depois vão cagar o que não interessar. — Eu rio sem humor.

— Isso é fora do assunto — diz ela com um suspiro cansado — Por que você não vem e se senta?

Eu olho para ela mais uma vez e ela está arranhando uma pequena cicatriz em sua mão.

— É uma coceira fantasma.

Sua testa se enruga, e sua cabeça se inclina como um cachorro, não compreendendo a minha falta de foco.

— As terminações nervosas estão mortas nas cicatrizes — digo a mulher estúpida — A necessidade de coçar é uma coceira fantasma.

— Oh. — Ela rapidamente cobre sua cicatriz e balança a cabeça.

— Eu não tenho certeza se isso é correto.

Marchando até onde ela está sentada, eu me inclino em sua direção, fazendo-a encostar, e aponto o dedo pra ela. — Olha, — eu respondo — eu sei sobre cicatrizes.

A cicatriz que Jooheon deixou em mim, às vezes coça, mas é na minha mente. Ele me diz isso.

O medo rodopia em seus olhos, mas ela me causa tédio.

Que triste vida ela leva aqui neste caixão aberto.

— Eu quero que você tenha algum conforto — digo a ela. É uma mentira. Eu só gosto de insultá-la. É a melhor parte.

— Eu não entendo. Jisoo, por favor, você pode se sentar? — Sua voz treme.

— Esse é o problema — eu fervo — Você realmente não entende, o que faz de você uma verdadeira médica de merda. Meu nome não é Jisoo. É bonequinha linda.

— Isso não é um nome. — Lágrimas ameaçam cair de seus olhos.

Como ela ousa dizer que o nome dado pelo meu mestre não é meu nome verdadeiro?

— Só sei... — Eu assobio quando eu puxo a lâmina do bolso do meu vestido bonito. — Que sua cabeça vai alimentar seus peixes por um tempo.

Seus olhos se arregalam e as minhas palavras fazem seu corpo começar a reagir, mas é muito lento. Minha lâmina vem através de sua garganta como uma colher quente através de sorvete. Eu mordo meu lábio e me inclino mais sobre ela, para que ela possa estar neste momento comigo. Eu observo confusão, medo, tristeza e, por último, um flash de aceitação em seus olhos.

Seu corpo se eleva e com suspiros ele cai contra o meu, e eu a abraço no momento em que seu corpo para apoiado em mim. A cabeça dela pende para trás, fazendo com que o jato do líquido vermelho bombeie mais rápido, me cobrindo com uma chuva de sangue dela.

Jooheon vai me punir por arruinar meu vestido.

O tempo passa rapidamente enquanto eu me ocupo com a minha tarefa.

Eventualmente, a porta se abre e se fecha atrás de mim com um clique. Foi mais de uma hora e ele prometeu que estaria de volta em uma. Eu me afasto dela para que eu possa vê-lo. O olhar dele desliza sobre a bagunça que eu fiz. Acabei de terminar de separar a cabeça da médica de seus ombros segurando sua cabeça pelos cabelos.

É muito difícil cortar osso. Felizmente, ela tem uma cozinha totalmente equipada com facas afiadas.

Com um sorriso, eu sei que ele vai gostar, eu me apoio no tanque e solto a cabeça. O fluxo carmesim pinta a água em segundos.

— Olhe para o seu estado. — O tom frio de Jooheon me encharca com vergonha.

— Sinto muito — murmuro, me curvando e passando meus dedos através do sangue. Com uma reação precipitada, eu passo no meu lábio inferior.

— Cereja, seu favorito — eu ofereço, desejando que ele venha a mim.

Ele não vem.

Ele nunca vem.

— Está na hora, bonequinha linda. — Ele me diz, a voz mais suave desta vez. — Vá se lavar.


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Uuuuiiii....

Surpresos?

Olá, meus bonequinhos!! 

Não vou me estender muito por aqui. Acho que já podem passar pro próximo e no final a gente conversa.

Bjin!

Marionetes | Taejin [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora