4

861 94 1
                                    

- Me dê o seu celular. - Landon estica a mão esperando quando chegamos na porta do hotel. - Vou salvar meu número.
Era para ser só uma noite inesquecível e fim. Landon vai voltar para Chicago em breve, e eu estou saindo pela Ásia antes de estudar alguns anos em Oxford. Então casual é tudo que deveríamos ficar, mas não é o que está acontecendo.
Coloco meu celular sobre a mão dele e o deixo salvar seu contato e em seguida dar um toque em seu celular para salvar o meu.
- Não quer subir? - A pergunta sai dos meus lábios antes que eu perceba.
Eu não me lembro de ser tão segura alguma vez, ou talvez eu esteja só querendo extender o momento e esperar que ele tente algo a mais, o que ele não fez até agora. O fato dele ser educado deveria me deixar tranquila, mas eu nunca me senti tão frustrada por continuar virgem quanto agora.
- Preciso ir na mansão desmontar a mesa de equipamentos antes que alguém tente e estrague tudo. - Landon se justifica e me puxa mais perto pela cintura. - Até quando fica na cidade?
- Vamos sair na terça a noite.
Ele assente movendo o rosto e se inclina encostando em meu pescoço passando o nariz de leve por minha pele, o que me arrepia.
- Posso te ver de novo, certo? E ligar? Não quero me arrepender de não aceitar seu convite.
A voz dele sussurrada contra minha pele está causando reações ao meu quarto.
- Vamos marcar algo. Talvez um pouco sem frio dessa vez? - Eu brinco.
- Vou providenciar bastante calor. - Landon raspa o dente por meu pescoço e tenho certeza que perdi minha capacidade de ficar de pé sozinha. - Eu tenho que ir.
Ele afasta o rosto e uma de suas mãos ergue meu queixo e ele leva os lábios aos meus. Seguro na parte de trás do seu cabelo enquanto a boca dele, a língua dele, faz coisas incríveis por mim.
- A gente se fala. - Digo quando ele me solta tendo certeza que pareço tão atordoada quanto me sinto.
Demoro mais de uma hora entre tomar um banho e cair no sono. Eu acordo algumas horas mais tarde com o telefone do quarto tocando e quando atendo sonolenta sou informada que Willow está aqui.
- Você está viva! - Ela exclama assim que abro a porta do quarto.
- Fico feliz que se alegre com isso. - A deixo passar por mim entrando no quarto. - Eu te mandei mensagem de madrugada falando com quem estava, Landon passou até o endereço e os documentos dele.
- Sério Livvy? Ele podia ter passado os dados errados. - Willow se joga na cama. - Sei que você está querendo colocar em prática o projeto "Olivia Hill vivendo ao máximo", mas vamos começar aos poucos.
Sim. Esse era o plano, mas eu não contava que um cara bonito e legal cruzaria meu caminho e me fizesse querer ir com ele, tão fácil.
- Deu tudo certo. Ele me deixou aqui no hotel hoje mais cedo. - Conto a ela. - Sei que não foi muito sensato, mas você também se deixaria levar se visse o sorriso dele e depois o vendo ser tão legal a noite toda.
Me deito ao lado dela na cama e olho para o teto extremamente branco do quarto.
- Além do mais, senhorita Wilhelmina, nós duas nos conhecemos online e aqui estou eu morando em Londres e viajando pela Ásia com você e seus amigos. - Me lembro. - Existem pessoas boas que conhecemos inesperadamente.
- Esse argumento não está me convencendo.
Não espero que ela se convença, eu mesma ainda acho que foi um pouco irresponsável, mas por outro lado isso não me impede de querer falar com Landon de novo.
- Eu chorei vendo o sol nascer, eu tenho dezoito anos e nunca antes tinha visto esse momento. É mágico.
Willow ri.
- O sol é mágico ou o cara com quem viu ele? Sei lá, talvez você deixou ele fazer mágica em você.
Pego um dos travesseiros na cama e acerto contra o rosto dela.
- Não! Ele não tentou nada e eu fiquei aliviada por isso, parecia um pouco precipitado. - Explico a ela enquanto abraça o travesseiro. - Talvez possa nem acontecer, ele vai voltar para Chicago em duas ou três semanas e nós vamos viajar na terça. Acho que no fim isso foi só uma noite legal.
- Pelo menos terá sido legal. - Ela concorda e me atira o travesseiro ao se levantar. - Vá se trocar. Vou pagar o almoço.
Assinto ainda meio preguiçosa e me sento justo quando meu celular vibra debaixo das cobertas que eu puxo para tentar descobrir onde ele está. Pode ser Landon.
É ridículo eu achar que é ele, afinal poderia ser qualquer outra pessoa. E eu descubro que é mesmo outra pessoa, Sarah.
Ela está me perguntando o que tenho feito e se preciso de algo, respondo nada para as duas coisas. Se eu contar a ela sobre essa noite ela vai soltar para os meus pais e então eles vão pegar um avião e vir me dar um sermão sobre estar agindo de forma equivocada.
Duvido que Sarah não tenha aproveitado seus anos na faculdade longe de casa, agora é minha vez e não posso fazer isso com ela sendo tão protetora.
Com Willow é diferente, apesar de ter um pé atrás com Landon, ela passa o almoço me fazendo contar cada minuto desde que deixei o hotel até o momento que voltei para ele.
- Não acredito que ele se emocionou com O Diário de uma paixão, isso é muito fofo. Ele acaba de ganhar um ponto. - Ela comenta dando um gole no vinho. - Você está em Londres há uma semana e já está vivendo aventuras, eu estou vivendo isso errado há dezoito anos.
- Você não é a única, Wilhelmina. Eu tenho noventa e nove por cento de chances de começar a faculdade virgem.
- Tem certeza que seus pais não te fizeram usar cinto de castidade? Não consigo te imaginar tão comportada.
Mas eu sou, ou eu fui até uma semana atrás. As garotinhas honradas do papai, Sarah e eu.
Nós nunca ficávamos a sós com garotos, ou tinhamos autorização para viajar, ou para ir para festas tarde da noite, e ainda tínhamos uma lista de regras para seguir. Todo garoto que pensou em tentar algo comigo desistiu logo no início.
E está tudo bem com isso, não esperava que garotos da escola secundária fossem lutar tanto para ficar com alguém. Éramos jovens demais, ninguém quer viver algo complicado nessa fase da vida.
O celular vibra e acredito que é Sarah respondendo a mensagem de um pouco mais cedo. Por um instante penso em responder mais tarde, mas não consigo a ignorar sem me sentir culpada e então pego o celular.

O DJ mais gato:
Então, o que fez depois de ver o pôr do sol?

Olho intrigada para a tela quando vejo o nome que ele salvou seu contato.
- É ele, não é? - Willow pergunta.
- É ele. - Confirmo enquanto meus dedos se movem sobre a tela digitando uma resposta.

Eu:
desculpe, quem é você mesmo? Não sei se me recordo de um DJ gato?

O DJ mais gato:
Ei baby, assim você vai ferir minha auto estima

Baby. Eu gostaria de ouvir ele dizendo essa palavra para mim.

Eu:
Coitadinho. Enfim, eu dormi por horas e agora estou almoçando com minha amiga

O DJ mais gato:
Se for Willow manda um Oi para ela e diga a ela que sou confiável

Dou um sorriso e olho para Willow que está prestando atenção em mim o tempo todo e mostro a mensagem. Ela sorri também.
- Ele ainda está em análise. - Ela diz.

Eu:
Ela ainda está decidindo se confia em você

O DJ mais gato:
Acho que precisa nos apresentar, o que acha de hoje a noite? Consegui mais uma noite como DJ, um cara não vai conseguir tocar em um casa noturna e me chamaram

Eu:
Vou perguntar a ela, mas quanto a mim, eu tenho uma condição para ir

O DJ mais gato:
Basta dizer

Eu:
Quero que toque uma música que foi inteiramente produzida por você

Sei que ele falou que precisa dar o que o público de cada noite quer, na velocidade que querem, mas eu talvez nunca mais vou ter a chance de o ouvir mixar depois de hoje, quero poder escutar o que Landon faz de verdade.

O DJ mais gato:
Vou fazer isso

O DJ mais gato:
Mais tarde te envio o local. A casa vai estar cheia, mas tenho como as colocar lá dentro. Diga pra ela chamar alguém

Eu:
Certo, vou esperar

Apago a tela do celular e Willow cerra um pouco o olhar para mim e então move a cabeça em negativa. Sei o que ela quer dizer antes mesmo que ela separe seus lábios e abra a boca.
- Não pode se empolgar demais com ele. Você vai começar a faculdade, ele terminou, e terão um oceano de distância. Não vai funcionar, você sabe, certo? - Ela fala com toda sua polidez de uma garota londrina, embora ela não seja tão polida se você começa a conhecê-la. - Me diga que é só diversão.
- É só diversão. - Garanto a ela sem nem vacilar. - Zero chances de algo acontecer, eu sei.
Ela assente e faz sinal para o garçom trazer a conta para nós.
- Por falar em diversão, Landon nos chamou para um clube essa noite. Quer ir? - Pergunto. - Pode levar alguém.
- Sim, com certeza sim. Será isso ou outro jantar de família e eu escolho a diversão.
Ela passa a mão por seu cabelo curtíssimo, ele a deixa tão elegante quanto descolada, que eu a invejo um pouco. Não acho que eu ficaria tão bem com esse corte e mesmo se ficasse eu não tenho a coragem necessária para cortar tanto meu cabelo. O que é uma pena.
- Sabe o que temos que fazer agora?
Assinto movendo a cabeça devagar.
- Compras. - Digo porque já descobri que Willow é viciada em compras.
- Compras. - Ela confirma. - Se vai se divertir precisa estar vestida a altura da diversão, se vai se divertir com um cara precisa estar a altura da sedução.
Não sei muito sobre isso, eu nunca seduzi ninguém. Eu tenho plena confiança que eu sou bonita, mas eu nunca tive a chance, e agora que tenho espero não vacilar com medo de fazer o que eu quero.
Willow paga o almoço e saímos para a tarde fresca de Londres.
- Você vai levar alguém?
- Óbvio que sim, eu não vou ser a vela de vocês.
Ela acende um cigarro e estica o outro braço o cruzando com o meu enquanto caminhamos para as compras.

Todas as batidas imperfeitasOnde histórias criam vida. Descubra agora