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      O DJ é péssimo, e eu preferia estar tomando uma boa cerveja artesanal ao invés de champanhe.
      Já tocaram mais músicas da Taylor Swift do que posso contar, porque Sarah adora tudo que essa mulher grava. E eu não discordo que ela seja muito talentosa, mas eu gostaria de ouvir outras coisas também, e todos os convidados devem concordar comigo.
     Ao menos a parte mais chata do casamento já passou, a cerimônia longa e cansativa, portanto Landon e Sarah estão casados. Quanto a mim, eu só preciso ir até o microfone em alguns minutos e dizer coisas bonitas ou engraçadas, provavelmente a primeira porque sou péssima na segunda. Vou ter que improvisar na hora.
      — Aquele cara não para de te olhar. — Olho na direção que Willow discretamente mostra.
      É, tem um cara lá e ele está mesmo me olhando. Não faço ideia de quem seja, se é convidado do noivo ou da noiva. Sorrio para ele e então ele ergue a taça brindando comigo a distância e faço o mesmo.
      — Ele é bonito. — Digo para Willow. — Seria errado se eu sumisse do casamento por um tempo?
      Eu talvez seja pervertida demais. Há alguns meses sexo se tornou meu escape, junto com a mixagem. São as duas coisas que eu me deixo levar totalmente sem receios.
      — O discurso Olivia. — Willow me lembra.
     Por falar em discurso o pai de Landon termina o discurso que eu não ouvi sequer uma palavra e todos aplaudem. Faço o mesmo só seguindo o fluxo e então me levanto levando minha taça. É a minha vez.
      Ajeito o vestido e caminho para a frente da pista onde tem um microfone.
      — Acho que esperam que eu diga algumas palavras sobre os noivos. — Digo nervosa olhando para os recém-casados. — Eu devo dizer que mesmo que Sarah não fosse a irmã mais velha ela com certeza ainda seria a primeira a se casar. Não porque ela nasceu para ser esposa de alguém, mas porque essa seria mais uma dentre tantas coisas que ela é perfeita.
       A música muda para Wildest Dreams da Taylor Swift e eu fico um pouco tensa e olho para Landon.
       — Eu sempre soube que quando ela se apaixonasse seria para valer, seria o cara com quem se casaria. Ao contrário de mim Sarah não tinha uma paixão a cada mês ou tentava sair escondida para encontrar um garoto. Então, cunhado, você precisa saber que é mais do que o marido de Sarah, você é o escolhido, o único que realmente já importou.
       As pessoas estão concentradas esperando eu dizer mais, e eu estou olhando Sarah e Landon se encararem felizes. Isso me deixa um pouco distraída.
       — Uma vez eu li alguém dizendo que as vezes você encontra algo na vida que você sabe imediatamente que precisa e agarra pelo máximo de tempo que puder. — Me lembro da carta que Landon me deixou e respiro fundo. — Então você fica verdadeiramente empolgado e aliviado porque encontrou, e descobre um novo fôlego em sua vida. Sarah e Landon, talvez o último fôlego de liberdade como conheciam antes tenha ficado para trás.
        Não sei se Landon vai entender, mas segundo ele eu fui o último fôlego de liberdade dele. Ele entende, os olhos dele se abrem mais e ele move só um pouco o rosto em um gesto negativo como se eu não devesse dizer aquilo.
        — Mas  a notícia boa é que novas coisas vieram, amor, cumplicidade... eu desejo que o casamento de vocês seja um novo sopro e um novo fôlego de felicidade a cada novo dia. É isso que você merece irmã, e eu acredito que é o que você merece também, Landon. Felicidades aos noivos! — Ergo a minha taça e todos fazem o mesmo.
       Engulo em seco e sorrio quando Sarah me lança um beijo no ar e faço o mesmo de volta para ela. Não olho para Landon quando me afasto. Passo direto pela mesa onde estava antes e continuo andando, continuo até estar sozinha próximo a casa, longe do campo onde todos estão.
      — Belo discurso. — A voz vem detrás de mim.
      Me viro ao perceber que não estou sozinha. É o mesmo cara que estava me olhando antes na mesa.
      — Obrigada. — Penso em dar um gole no champanhe, mas vejo que acabou.
      Então vou até ele e pego a taça da mão dele e bebo até terminar, depois a entrego de volta.
      — Vai voltar para a recepção?
      Olho na direção da festa. Ainda são   uma e meia da tarde, a festa vai longe, e a noite vamos jantar juntos só as famílias antes que os casados saiam para a lua de mel. Acho que eu não tenho porque voltar para lá.
      — Tenho certeza que voltar não está nos meus planos, e no seu? — Seguro a gravata dele, seus olhos verdes encontram os meus. — Talvez relaxar a irmã da noiva?
      — Onde está o seu quarto? — Ganho outra pergunta de volta. — A propósito sou D...
      Eu o beijo o impedindo de falar, mas paro sorrindo. — Pode me dizer no quarto.
      Mal me lembro do caminho para o quarto já que ele foi totalmente de amassos contra as paredes do corredor e assim que entramos nossas roupas vão para o chão.
      — Você já devia ter ido embora. — O olho pelo espelho horas depois enquanto coloco meus brincos. — Quase todos os convidados já devem ter ido.
      Entre bebidas, sexo, mais bebidas, mais sexo, e conversa fiada, já são quase sete da noite e tenho que descer  para o jantar. Mas Dan ainda não saiu.
      Descobri seu nome e que ele era um dos melhores amigos de Sarah na faculdade. Pelo menos não é um ex dela ou um irmão de Landon que eu não conheço.
     — Qual é? Não quer mesmo que eu vá. Eu te relaxei a tarde toda. — Ele fala com seu corpo embaixo do lençol enquanto fuma um dos meus cigarros. — Aliás, sua bunda está incrível nesse vestido.
      Olho para trás por cima do ombro só para confirmar.
     — Vá, se levante. Eu tenho compromisso e não quero você aqui quando voltar. — Eu falo ainda me maquiando.
     — A gatinha é desapegada. — Dan ironiza.
     Me viro e caminho até a cama puxando o lençol e o jogo jo chão.
     — Fora, antes que minha mãe apareça aqui e me faça um discurso  sobre decência. — Sou firme. — Você tem dois minutos.
     Ele se veste em dois minutos, mas obviamente não está tão arrumado quanto quando entramos no quarto. Dá para ver na cara dele que ele acaba de se vestir após o sexo.
     Ainda está um pouco cedo para o jantar, mas pretendo encontrar Henrich e Willow, conversar um pouco. Ser um pouco eu mesma antes de ser a irmã da noiva de novo.
     — Não posso pegar seu número? — Dan está parado com a mão no batente, me impedindo de sair e também não saindo logo.
      — Não. — Eu sou breve.
      — Por que não?
      Ergo minha mão passando pelos fios bagunçados do cabelo dele. — Porque isso foi só casual, nada de contato.
      Sabe eu aprendi algumas coisas no último ano, as duas importantes são que não vou me apaixonar toda vez que transar e não vou manter contato com alguém que mora longe.
      — Bem...
     Sou puxada para o seu beijo e ele me encosta na porta enquanto seus lábios me devoram e eu penso seriamente em voltar para a cama.
      — Hm...
      Empurro Dan imediatamente após reconhecer minha mãe pelo simples resmungo vindo do corredor. Sarah e Landon estão logo atrás dela.
      Constrangedor.
      Sarah é a única rindo baixo. Os outros dois estão sérios.
      — Ei! — Eu contenho minha vergonha e finjo que nada aconteceu.— Bom, Dan estava de saída.
      Minha mãe endireita sua postura ficando muito rígida quando me olha de cima a baixo.
       — Então pode se juntar a mim para ver os últimos detalhes do jantar enquanto sua irmã e seu cunhado terminam de se organizar para a viagem? — Ela pergunta.
      — Claro, te encontro lá embaixo em cinco minutos.
      Nada de encontrar Willow então. Sem mais uma palavra minha mãe continua seu caminho pelo corredor.
      — Minha irmã. Sério, Dan? — Sarah pergunta quando estamos só os quatro. — Não sei porque sou sua amiga.
      — Porque eu sou um idiota inteligente. — Dan ri. — Está na minha hora. Aliás, parabéns pelo casamento. E Olivia, tem certeza que não quer me dar seu número?
      Ergo uma mão dando tchau para ele. — Adeus, Dan.
       Assim que ele vai Sarah me olha com aquela cara de "oh meu Deus, me conte tudo".
      — Não se atreva a dar meu número para ele! — Eu exclamo já imaginando ela fazendo isso. — Foi só sexo.
      — Sexo bom?
      Deus, eu não acredito que ela me perguntou mesmo isso, e na frente do marido dela. Eu quero correr. Por falar em Landon eu olho para ele e parece que ele quer sumir dali também.
       — Vocês não vão ficar com vergonha né? Agora somos todos irmãos. — Sarah diz.
       Por favor, alguem abra um buraco para mim. Eu vou vomitar só de pensar em ser considerada irmã de alguém com quem já tive algo.
       — Ok, pare de constranger sua irmã. — Landon a abraça de lado. — Se ela diz que foi só sexo então ela não precisa falar mais disso.
       — Obrigado. Você deve me entender, não é? As vezes a gente só vive uma aventura e depois deixa para trás. — Eu provoco. — Se eu tiver sorte no futuro encontro a pessoa certa como vocês.
       Sarah olha para o marido com um sorriso bobo.
      — No momento certo você vai ter o que nós temos.
      Assinto, mesmo que ela não esteja me olhando e então puxo a porta do quarto a fechando.
      — É melhor eu ir ajudar a mamãe. Vejo vocês no jantar.
      Assim que chego ao jardim fico aliviada por Henrich e Willow estarem por lá. Me sento entre os dois antes de começar meu trabalho de organizadora de jantar.
       — Onde você esteve? — Willow me pergunta.
       — Por aí. — Eu dou um leve dar de ombros e sorrio. — Sarah acabou de falar que Landon e eu somos irmãos agora.
      Henrich ri ao meu lado. O educado e contido Henrich está rindo da minha situação.
      — Juro que se existir uma vida depois dessa eu vou me vingar de Landon nela. — Eu bufo. — Só não farei isso nessa porque não posso deixar minha irmã viúva.
     
    
    

Todas as batidas imperfeitasOnde histórias criam vida. Descubra agora