ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟛𝟝

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Any Gabrielly

Talvez eu tenha sido um pouco imprudente em sair de casa sozinha durante a noite? Talvez. Mas eu não sou obrigada a ficar ouvindo grosserias, principalmente vindas de um homem.

A bipolaridade dele é o que mais me deixa irritada. Uma hora está todo carinhoso, compartilhando suas histórias comigo, e na outra ele fica completamente grosseiro e ríspido quando eu pergunto sobre a mulher que me ofendeu.

Aproveitei que ele subiu para o quarto, peguei meu celular e as chaves da minha "antiga" casa, e decidi dar uma volta para espairecer. A brisa fresca da noite me ajudava a relaxar e deixar de lado minha evidente irritação. Eu não deveria ficar tão irritada por ele me esconder coisas, já que tudo o que ele sabe sobre mim é baseado em uma mentira.

Todos os dias, sem exceção, eu me pego perguntando se vale a pena sustentar essa mentira. Minha vontade era ter contado a minha história a ele no mesmo dia que ele contou a dele, entretanto o medo de que ele possa fazer algum mal para Sabina e para Joalin, faz com que eu mantenha a mentira. Eu não suportaria vê-las sofrendo por minha causa.

Passo em frente a uma lanchonete que não estava muito cheia e avisto Pedro sentado em uma das mesas enquanto lia um livro. Imediatamente me lembro das mensagens dele que acabei esquecendo de responder e decido conversar com ele.

Entro no estabelecimento e meus pés me guiam até a mesa em que ele está sentando. Pigarreio na tentativa de chamar sua atenção e ele, imediatamente, desloca seu olhar até meu rosto.

- Any! – ele diz, sorrindo.

- Pedro! – o cumprimento – Como você tá? Eu acabei esquecendo de responder suas mensagens, desculpa.

- Tudo bem, fica tranquila. Não era nada importante. – ele diz e fecha o livro que estava lendo – Respondendo sua pergunta, eu estou bem sim. E você? Faz tempo que não nos falamos.

- Eu estou bem também. E me desculpa por não ter te ligado ou não ter te mandado nenhum "estou viva!" – indiquei aspas com as mãos – Mas é porque esses dias foram uma verdadeira confusão.

- Quer dividir? Sou todo a ouvidos. – falou compreensivo.

- A história é longa. – afirmo.

- Acho que tenho tempo. – disse olhando em seu relógio inexistente em seu pulso – Mas antes, porque não pedimos alguma coisa para comermos?

- Eu adoraria. – confesso – Mas saí de casa com pressa e nem peguei dinheiro. – expliquei.

- Não tem problema, Any. – ele diz – Eu pago.

- Você não se importa?

- Claro que não. Eu estou te convidando. Eu pago. – insistiu.

- Já que está insistindo. – dei ombros – Quem sou eu para negar comida.

Ele ergueu o braço, chamando um adolescente que estava ajudando a atender as mesas. Escolhemos o que iríamos comer e beber, o garoto anotou e depois levou o pedido para a cozinha. Pedro me olha, como se indicasse para que eu começasse.

- Não sei por onde começar. – assumo.

- Por que não pelo começo? – pergunta, com um sorriso brincalhão no rosto e eu rio.

- O problema é que eu não sei onde começa.

- Bom... porque você não explica o porquê está chateada?

- Eu tive uma briga com meu namorado. – explico e solto um suspiro.

- Namorado? – ele indaga curioso – Achei que você era solteira.

𝔸𝕕𝕠𝕣𝕒𝕧𝕖𝕝 𝕖 𝔸𝕞𝕒𝕣𝕘𝕒 𝕍𝕚𝕟𝕘𝕒𝕟𝕔𝕒 - 𝔹𝕖𝕒𝕦𝕒𝕟𝕪 [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora