| Prólogo |

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Dias antes...

13 de agosto.

10h36

Mais uma vez no dia Rowgson suspirou. Mas não um suspiro de cansaço ou impaciência, mas um daqueles que damos quando sentimos saudades de um tempo, de algo, sobretudo de uma pessoa. Uma pessoa que foi apagada, intencionalmente, de sua vida por alguém que ela menos espera. Por isso essa angústia, essa agitação, esse anseio de querer saber quem é o dono desse livro exótico que, toda a vez que ele o abre para o ler, a faz ter essa nostalgia.

Quem é JK e por que ele lhe dá a sensação de que já se conheceram antes? Por que toda vez que o vê sente um aperto no peito e um turbilhão de pensamentos que lhe fazem agir com impulsividade e tratá-lo como culpado de tudo que vem acontecendo em sua vida?

Ignorando suas obrigações com a editora, era sobre isso que Rowgson estava tentando descobrir desde que ele pisou ali, por isso mente quando ele vem lhe "visitar" perguntando se ela já leu o seu livro e se vai ou não publicá-lo. O problema é que a prepotência em pessoa dificulta tudo. Nem mesmo Mike, seu amigo e colega de trabalho, conseguiu o que ela vem lhe pedindo há um bom tempo.

O que se sabe é que ele é sul-coreano e a odeia por motivos que nem ela própria consegue entender.

Mas o dito-cujo tinha talento. Durante todo o tempo em que Halley esteve ocupando seu lugar naquela sala, nunca ninguém foi capaz de prender sua atenção como aquele que vem lhe causando dor de cabeça.

Aquele livro é uma joia rara. A capa grossa adornada que lhe fazia lembrar dos livros fantasiosos de filmes que já assistiu; as páginas com pequenos detalhes e símbolos curiosos; a chave dourada que o destrancava, a história ali descrita de maneira arrebatadora. Agora que ela já o leu, entende o motivo de tanto exagero quanto à mantê-lo trancado para que ninguém o lesse. E com razão.

No dia em que JK lhe entregou aquela chave, sentiu um frio na barriga e os lábios ganharem vida própria para formarem um sorriso que ela não queria que ele visse. Mas assim como o sorriso surgiu — porque ela acreditou que a partir dali seus encontros seriam mais suportáveis — assim ele desapareceu quando aquelas palavras rudes foram proferidas pelos lábios que já passaram por sua mente proferindo palavras um pouco mais brandas.

JK definitivamente lhe odiava.

"Mas por quê?!", exclamou Rowgson inconformada, desencostando-se da cadeira para dar continuidade à leitura daquela história que lhe fazia esquecer de sua decepcionante realidade.

Antes disso, buscando por uma caneta em sua mesa, Rowgson passou para uma folha de papel um acontecimento na história que lhe chamou a atenção.
Não era a primeira vez que ela a lia, mas com atenção foi somente agora que ela reparou em algo: a história fictícia tinha alguns pontos que se assemelhavam com a sua vida. Na verdade, a história contada naquele livro era exatamente a história da sua vida real, mas ela se negava a acreditar nisso.

JK jamais escreveria sobre a vida dela, já que ele não suporta se quer olhar em seus olhos. Mas se fosse verdade, como ele saberia de tudo isso?

Diante de tantas questões, Rowgson bufou irritada e lançou aquela caneta em direção à porta como se ela fosse a culpada por todos os seus problemas. No mesmo momento, Jungkook surgiu por ali e pegou a caneta voadora com os próprios dedos antes mesmo que ela acertasse seu rosto. Felizmente, para ele, Rowgson não viu o que acabou de acontecer, pois esteve ocupada escondendo aquele livro e sua chave assim que ouviu a voz desesperada de sua secretária logo atrás do dono do mesmo.

BEWITCHED • JEON JUNGKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora