Capítulo 02

208 34 15
                                    

Rowgson — como das outras vezes em que acordou — se beslicou, só para ter certeza de que não estava sonhando. Na quinta tentativa, um pouco mais forte, ela faltou gritar de dor, mas também de alegria. Seria mesmo decepcionante se tudo não fosse real, por um razão em específico:

Ela queria vê-lo de novo.

Prendendo os cabelos, mas em seguida desistindo, Rowgson foi em busca de óculos escuros para que ninguém lhe olhasse como se tivesse um terceiro olho na cara.

Arrancou a etiqueta ainda presa no sobretudo cor de chocolate que escolheu, dando um ajeitada nele já em seu corpo, e verificou se também não tinha na calça nova em que escolheu, que por pouco não a trocou devido à ausência de bolsos. Embora tivesse maquiagem e uma coleção impressionante de batons, Rowgson preferiu sair de cara lavada, também nem quis mexer em seus sapatos.

A verdade era que ela não queria pôr os pés fora do prédio, pois o sujeito nem lhe explicou direito o que tinha que fazer.

- Então por que vai, uh? - ela se indagou, rindo em seguida. - Não seja boba, mulher...

Porque ainda existe a possibilidade de ser um sonho, afinal, ele sumiu sem explicações bem diante de seus olhos, com a porta trancada.

Pensando nele, se era um fantasma, um alma perdida, ela resolveu ignorar e focar no que realmente importa no momento, mesmo que quase não tenha conseguido dormir com medo de que ele puxasse seu pé para fora da cama.
[...]

Halley evitou olhar diretamente nos olhos das pessoas, mas sentia que estava sendo observada. Andava pela calçada, passando os olhos curiosos pelas vitrines das lojas, fingindo não perceber a atenção que recebia.

Algumas pessoas iam passando, encarando-a sem nem piscar e, ainda, olhando para trás, para que pudessem observá-la melhor.

Halley chegou a se encolher, como se sentisse frio. O que diabos estava acontecendo?!

—  Droga... — resmungou apressando os passos, passando por uma banca de jornais com algumas pessoas em volta que — irritantemente — também a olhavam por cima de seus ombros.

Por um momento, teve a sensação de ter ouvido seu nome no alarido enlouquecedor da cidade, mas ignorou.
Mas à frente, uma embalagem vazia de Cookies entrou em seu caminho ao ser empurrada pelo vento, porém, ela não viu.

Estava pensando nos porquês em relação ao rapaz que esteve em seu apartamento quando, de repente, travou ao sentir seu antebraço ser agarrado por uma mão grande e confortavelmente quente.

— Cuidado. — o desconhecido disse em suas costas, mas foi como tivesse soprado em sua orelha.

Foi só então que Rowgson viu a embalagem e se deu conta de que poderia ter tropeçado caso o desconhecido não tivesse a parado naquele momento. Cookies, ela conseguiu ler na embalagem, antes de vê-la sendo arrastada, aos trôpegos, pelo vento.

Viu e ouviu alguns flashes de câmeras em sua volta e voltou a si, puxando o braço e olhando só por um momento para trás para ver quem era. Se sentiu ainda mais desconfortável.

— Oi — ele sorriu fraquinho, tímido, com um olhar triste e arrependido que só a fez acelelerar os passos. — Halley!

Por não se lembrar dele, ela o ignora. Sentiu um frio na barriga. De medo. Sua imaginação estava a arruinando.

— Por favor — ele tentou de novo, pegando em seu pulso outra vez. Rowgson fechou os olhos por um momento, antes de se virar para encará-lo. Seu olhar, a forma como a olhava, era um tanto desconfortável. Como alguém implorando por perdão. Mas por que ele estaria arrependido?

BEWITCHED • JEON JUNGKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora