AMOR

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Sinto uma luz intensa invadir meus olhos e depois de algum esforço para abri-los, descubro que me esqueci de fechar a cortina e o sol entra sem pudor pela janela. Tento me levantar para fecha-la, mas paro assim que sinto o braço do Henrique me envolver.

-Onde você pensa que vai - escuto sua voz sonolenta e não consigo evitar sorrir.

- Só ia fechar a cortina - ele me abraça ainda mais apertado, afundando o nariz nos meus cabelos e acabando com qualquer coragem que eu tinha de levantar.

Seus lábios traçam uma trilha de beijos pelo meu pescoço e meu corpo inteiro parece ansiar pelo que está prestes a acontecer, mas o celular dele começa a apitar repetidas vezes e muito a contra gosto, se levanta para ver quem é.

Enquanto responde às mensagem eu aproveito para analisá-lo, pairando meu olhar em cada pedacinho do seu corpo, que continua sem roupa nenhuma. Confesso que não me imaginava mais acordando assim com alguém, claro que sabia que iriam vir outros depois do João, não tinha nenhuma intenção de virar celibatária, e vieram, mas era diferente, não tinha esse carinho todo. Ele me tira dos meus devaneios, me dando um beijo demorado na testa e explica, rapidamente, que precisa resolver um problema com o show de hoje a noite, então começa a procurar suas roupas pelo quarto. Assim que termina de se vestir, se debruça na cama para me dar um último beijo e confesso que preciso reprimir o desejo insano que tenho de puxa-lo novamente.

Observo a porta se fechar nas suas costas e decido ligar pra minha mãe, pois na correria de ontem, mal conseguimos nos falar direito e já estou com saudade da voz da minha pequena princesa. Conversamos por quase uma hora e ela me conta sobre o passeio que fará com os avós para tomarem sorvete. Depois que desliga, finalmente tomo coragem para sair dessa cama tão aconchegante e entrar no banho, onde relaxo totalmente, esquecendo de tudo.

Um pouco mais de uma hora depois, ainda enrolada na toalha, começo a saga de procurar uma roupa e apesar de tecnicamente estar a trabalho, o calor está intenso, então quero alguma coisa confortável. Opto por uma bermuda jeans e uma camiseta do Los Hermanos, que tem escrito "Até quem me vê, lendo Jornal, na fila do pão, sabe que eu te encontrei", letra da música que amo de paixão e que define demais esse momento. Enquanto seco grosseiramente meus cabelos, escuto o celular sinalizar mensagem, então atiro a toalha longe e me deito na cama, de bruços, para ler.

Henrique - 10:23
Bom dia, minha ruiva linda.
Não vai descer para tomar café? A equipe toda está aqui, só falta você.
PS: que nooooite

Me levanto ainda sorrindo, pelo carinho na mensagem, mas principalmente pela última linha. Me apresso e pego meus óculos escuros, coloco o celular no bolso da bermuda e desço. Já no elevador, lembro que nem respondi a mensagem dele, então aproveito que estou sozinha e digito rapidamente.

Lílian - 10:28
Estava no banho, amor!
Realmente a noite foi incrível!
Já estou chegando.

Envio e guardo o celular, no exato momento que as portas do elevador se abrem e me deparo com várias mesas dispostas em um grande salão, com uma vista deslumbrante para a piscina, onde me demoro um pouco mais, observando a beleza desse lugar. Bem no fundo avisto a equipe, que parece ter agrupado as mesas e fazem o desjejum juntos. Me aproximo devagar, procurando pelo Henrique, e o encontro na extremidade da mesa, super despojado, com uma bermuda jeans, camiseta branca e chinelo. Ao lado dele tem uma cadeira, a única vazia na mesa, por isso caminho em direção a ela, mas assim que nota minha presença o Pedro se levanta, atraindo toda atenção pra mim.

- Olha quem finalmente apareceu! Venha se sentar comigo - ele me puxa e arruma uma cadeira do seu lado.

Ainda sem jeito, cumprimento todos e me sento, olhando de relance para o Henrique, que parece tão frustrado quanto eu, mas assim que nossos olhares se encontram, ele sorri, segundos antes de levar o copo de suco à boca para disfarçar.

RECOMEÇAROnde histórias criam vida. Descubra agora