UM ROLO EM CUIABÁ

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Depois de dias intensos, me encosto na cama exausta, mas preciso arrumar forças para organizar minha mala. A Lúcia ficou extremamente grudada em mim essa semana, ao que atribuí ser devido a adaptação dessa nova rotina, pois ainda não consegui encontrar nenhuma babá que viaje conosco para os shows, então ela tem ficado com meus pais, a Beatriz ou com a Mel. Sinto uma pontada de tristeza cada vez que penso no quanto isso a está afetando e confesso que durante esses últimos dias, eu me culpei muito por não ser a mãe que ela merece, apesar de me esforçar ao máximo. Foram exatamente esses pensamentos que me impediram de viajar ontem, junto com a equipe, preferindo arcar com a passagem de avião, mas ganhando uma noite a mais junto com a minha pequena e optei também por trazer meus pais para casa, em vez de deixa-la com a Beatriz, que resolveu implicar ainda mais por eu ter que viajar tanto a trabalho.

O Henrique até queria deixar para ir hoje, junto comigo, mas para esse show fizeram uma campanha promocional e precisavam dele lá bem cedo, então ele viajou ontem a noite mesmo.

Depois de uma assistirmos juntas o Toy Story e ler duas histórias para ela, explico, pela milésima vez, o porque preciso viajar, mas prometo que na segunda ela poderá faltar a escola e passaremos o dia todo juntinhas, então ela se anima.

Pouso em Mato Grosso um pouco antes das dezenove horas e pego o primeiro taxi que avisto, torcendo para chegar a tempo na arena onde será o show.

Lílian 19:02
Amor, ja estou a caminho. Como estão as coisas por ai?

Enquanto ele não me responde, aproveito para ligar para minha mãe e conversar com a Lucia, mas pra minha decepção, ela está no banho. Então, apenas envio uma mensagem de audio e volto minha atenção para a estrada escura.

Henrique 19:07
Estamos nos preparando para a sessão de autógrafos, amor. Tem bastante gente aqui já, só falta você, linda.
Estou com saudades!

Lílian 19:10
O taxista disse que é perto, então jajá estarei ai, amor. Odeio chegar em cima da hora, me desculpe.
Também estou morrendo de saudades, lindo.

Henrique 19:11
Fica tranquila, amor. Ta um caos aqui ainda.
Vai ser difícil controlar a vontade de te beijar e hoje nem conseguiremos fugir para alguma salinha. Não vejo a hora de chegarmos no hotel.

O Táxi estaciona e depois de pagá-lo, saio correndo em direção a entrada, onde, por sorte, encontro o Bruno e consigo acessar o backstage mais rapidamente. Agradeço por já estar com a roupa que vou trabalhar e aproveito que o Bruno parou para conversar com uma moça, para avisar o Henrique que já cheguei.

Guardo o celular e me aproximo, distraída, da sala onde sei que ele estará para receber as fãs. Além da sessão de autógrafos aqui em Cuiabá, os fãs ganharão uma foto exclusiva e por isso eu sabia que estaria cheio, mas confesso que a quantidade de gente na sala me surpreende, está realmente abarrotada. As meninas que são as primeiras da fila, parecem impacientes e é palpável o alivio delas, quando a Adriana começa a liberá-las para se aproximarem do Pedro e do Henrique, que estão sentados em duas poltronas bem próximos a um fundo branco, com algumas marcas de patrocinadores e deles mesmos. Diferente da primeira vez em São Paulo, as fãs usam camisetas, faixas e algumas até bandanas com o nome deles e estão bem emocionadas por conhece-los tão de pertinho assim, então a todo instante soltam gritinhos de euforia.

Uma menina, que não me parece ter mais do que 15 anos, chora copiosamente quando se aproxima do Henrique. Seus olhos, já borrados de rímel, tornam a cena ainda mais emocionante, me deixando satisfeita com a foto que consigo deles se encarando, segundos antes dela abraça-lo. É notável que a emoção é mutua, pois sei que pra ele é muito importante ter esse reconhecimento e imagino que sentir esse amor assim, deve ser incrivelmente surreal.

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