UM LUGAR MUITO FRIO

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Decidimos ir direto ao Rio Grande do Sul, para aproveitar o máximo do domingo com pais do Henrique, então só conseguimos descansar durante o voo mesmo. Me aconchego no seu colo e sinto suas mãos acariciarem meus cabelos, fazendo um cafuné tão gostoso, que relaxo instantaneamente e caio em sono profundo.

-Acorda, minha linda - escuto a voz do Henrique bem distante, mas conforme vou recobrando os sentidos, ela parece se aproximar.

Abro meus olhos e a aeronave está toda iluminada, bem diferente da escuridão que eu me lembrava, antes de dormir no seu colo. Ele me encara bem de pertinho, já com um sorriso nos lábios e me avisa que acabamos de pousar.

- Bom dia!

Me espreguiço, fazendo a manta que me cobria cair e meus braços se arrepiam, no mesmo instante que sinto o ar congelar meus pulmões. Os dois me encaram com um sorriso divertido nos lábios, enquanto coloco duas blusas e ainda continuo tremendo de frio.

-Com o tempo você acostuma com a temperatura baixa, Lily - o Pedro fala tentando me animar, enquanto me abraça e me da um beijo na bochecha.

- Assim espero, porque agora parece que vou congelar - digo ainda tremendo e os dois riem.

Encaro o Henrique e percebo que ele ainda ter um lampejo de receio no olhar, mas isso parece sumir quando sorrio e caminho na sua direção, me encaixando no seu abraço.

- Será que eles vão gostar de mim? - Pergunto sinceramente e o Henrique me encara incrédulo.

- Como não gostar de você, amor? Impossível! - sinto seus lábios gelados encostarem nos meus e relaxo um pouco.

Nos aproximamos de uma Range Rover Preta, que parece ser o único estilo de carro que eles tem ou alugam em qualquer lugar que vão e nos acomodamos no banco traseiro, enquanto o Pedro vai na frente com Carlos, um homem loiro, alto e muito musculoso, que parece mais um guarda costa. Ele é o motorista da família e me cumprimenta com um aceno educado, assim que o Henrique me apresenta como sua namorada, fazendo meu coração disparar mais uma vez, com a nova nomenclatura.

Rodamos alguns quilômetros e meus olhos analisam todas as direções, querendo observar cada pedacinho dessa cidade tão linda, que me encanta logo de cara. Nossa primeira parada é em frente a um condomínio de casas luxuoso, no estilo americano, onde o Pedro desce.

- Bem-vinda a família, priminha – ele enfia o rosto no carro e me dá um beijo na bochecha, um aperto de mão no Henrique e segue em direção a portaria.

O carro recomeça a andar e sinto meu corpo todo tremer, não sei se de frio ou nervoso, pois fico imaginando como serão os pais dele e como irão reagir a novidade. Diferente do ambiente próximo à casa do Pedro, durante o percurso a paisagem vai se tornando cada vez mais cheia de arvores e depois de quase meia hora, quando vejo no fim da estrada de terra um casarão imponente, instalado na metade de uma colina, já imagino que seja a casa do Henrique.

- Você sempre morou aqui? - Pergunto indicando a casa com a cabeça.

- Sim, essa fazenda era do meu avô.

Minha mente viaja e já imagino uma versão minúscula do Henrique se divertindo nesse lugar incrível e isso me faz sorrir.

- O que você tá pensando, amor? – ele me pergunta intrigado.

- Estava imaginando sua infância aqui – sinto-o me apertar no abraço – acho que a Lucia também iria adorar.

- Me diverti demais, essa liberdade é algo que me encanta e infelizmente na cidade grande não podemos ser tão livres assim, né? – ele fala afastando uma mexa do meu cabelo – quero muito trazê-la aqui, vou ensiná-la a pescar, andar de cavalo e tirar leite de vaca.

RECOMEÇAROnde histórias criam vida. Descubra agora