ELE É SEU NAMORADO, MÃE?

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Quando ele estaciona na frente do meu condomínio, sinto a ansiedade e um pouco de medo no ar, exatamente o que senti ontem.

-Se você preferir, podemos marcar outro dia, meu lindo - acaricio levemente seu rosto, que parece bem tenso.

- Não, amor - sua voz transborda nervosismo, mas me encara determinado - quero conhece-los hoje mesmo.

-Eles vão gostar muito de você!

Dou vários beijos nele, na tentativa de acalma-lo e a mim também, antes de entrarmos no condomínio de mãos dadas, pois apesar de não demonstrar, também estou bem nervosa por apresenta-lo oficialmente.

Assim que paramos em frente à minha porta, sinto seus dedos espremerem os meus e tento tranquiliza-lo com um beijo. Respiro fundo e abro-a, me deparando com três pares de olhos, que nos encaram curiosos.

- Mamãe - Lucia corre e salta no meu colo, me abraçando forte - Quem é ele?

Todos nós rimos, logo que matou a saudade, ela resolveu que precisava matar a curiosidade também.

- Oi, sou o Henrique - ele estende a mão para cumprimenta-la e ela faz o mesmo.

- Me chamo Lucia - diz tímida- mas meus amigos e minha mamãe me chamam de Lulu.

- E eu posso chama-la de Lulu também? - ele se aproxima um pouco, fazendo-a agarrar ainda mais meu pescoço, demonstrando toda sua vergonha, enquanto balança a cabeça positivamente.

Entramos e depois de apresenta-lo aos meus pais, puxo assunto com a minha mãe, tentando quebrar o clima de nervosismo que parece sufocar o ambiente, perguntando como foi o final de semana com a Lúcia.

- Nos divertimos bastante, né Lulu? – ela fala animada – fomos ao parque e depois tomamos um sorvete grandão.

-Mamãe, ele era muito grande e com muito chocolate! – a Lúcia demonstra, exageradamente, com as mãos o tamanho do sorvete, nos fazendo rir.

- Você já está nessa carreira a muito tempo, Henrique? - meu pai pergunta, numa tentativa de quebrar o gelo.

E aparentemente dá certo, já que o Henrique conta, animadamente, sobre como foi seu começo na música, aos vinte e três anos e toda a jornada difícil antes do sucesso. Descubro, que apesar da família dele ser de classe média alta, ele e o Primo fizeram questão de trabalhar em outras atividades, em paralelo aos shows, para poderem sustentar o sonho e isso só faz minha admiração por ele aumentar.

- Você quer conhecer o meu quarto? – a Lúcia pergunta de supetão, quando ele faz uma pausa.

Sinto-o me encarar por alguns segundos, esperando minha aprovação e assim que sorrio ele sabe que pode ir. Então, os dois caminham juntos até o final do corredor, conversando sobre algo que já não consigo mais ouvir o que é.

- Filha, ele é um gatão - minha mãe diz levando a mão na boca, enquanto meu pai balança a cabeça rindo.

- Dona Claudia! - finjo a repreender séria, mas logo caio na gargalhada com ela.

Vamos para a cozinha, pegar as coisas para organizar a mesa do nosso café, junto com algumas guloseimas que eu trouxe. Assim que a finalizamos, vou silenciosamente até o quarto da Lulu e para minha surpresa, encontro os dois sentados no tapete, brincando com a casa da Polly dela. Como nenhum deles parece notar minha presença, aproveito para ficar observando a cena por mais alguns minutos.

- Mamãe - ela corre até mim assim que me vê - o Henrique é seu "namolado"?

Eu o encaro na hora, tentando entender de onde ela tirou isso, se comentou algo, mas ele logo levanta as mãos, indicando que não sabe de nada.

- De onde você tirou isso, Lucia? - pergunto ainda chocada pelo que ela disse.

- Ele é legal mamãe!

Nós dois rimos, parece que ele já conseguiu conquistar um espacinho no coração da minha pequena princesa sapeca. Chego bem pertinho do ouvido dela e falo, como se fosse um segredo:

- Ele é o namorado da mamãe sim!

Ela levanta os braços em comemoração e sai correndo para a sala, para contar a novidade aos avós em alto e bom som. Eu rio e volto minha atenção pra ele, tentando decifrar o que está achando desse mundo novo, que está querendo se enfiar.

- Tô apaixonado por ela - diz me abraçando e me beijando várias vezes - sua filha é incrível, como você!

Eu sorrio sem graça e o beijo apaixonadamente, mostrando o quanto eu gosto dele, ainda mais depois de vê-lo com a Lulu.

Nosso café da manhã dura bem mais do que esperávamos e como sempre, damos várias gargalhadas, graças à pequena Lucia e suas pérolas. E o Henrique, que iria ficar apenas para o café, acaba estendendo até o almoço.

Prazer em conhecê-lo senhor Roberto - o Henrique fala se despedindo, dando um aperto de mão e se vira para minha mãe - Dona Cláudia, estava muito delicioso, obrigado por tudo!

- Meu filho, pode me chamar de Claudia - ela sorri e o abraça - eu amei conhecer você.

O Henrique sorri e encara a Lulu, que está no meu colo e parece um pouquinho triste por ele ir embora.

Adorei conhecer você, Lulu - ele diz apertando a mão dela e dando um beijo no seu rosto, a fazendo sorrir.

Deixo-a com a minha mãe e o levo até a porta, mas ele para na soleira, me encara, apoiando as mãos nos batentes, se curva e encosta delicadamente os lábios no meu.

- Vou morrer de saudade – diz baixinho, com os lábios ainda tocando os meus.

Sinto algo espremer meu peito e sei exatamente o que ele quer dizer, pois depois de dias tão intensos juntinhos, é triste voltar apenas para o contato virtual.

Eu amo você – digo de supetão, surpreendendo-o e ele me dá um sorriso largo – também vou sentir saudades.

Te amo, tchau, amor – ele me abraça apertado e dá um último beijo antes de descer as escadas, encerrando nossa sequência de dias maravilhosos.

RECOMEÇAROnde histórias criam vida. Descubra agora