FLORIANÓPOLIS

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Durante toda a noite, o Henrique se debate bastante e fala coisas ininteligíveis, mas pelo tom e o suor que transpira da sua testa, sei que é algo que o deixa muito nervoso e tento acordá-lo. Minha tentativa é em vão, ele parece mesmo entranhado nesse pesadelo, resolvo então acariciar seu rosto e dizer o quanto o amo bem baixinho, perto do seu ouvido e para minha alegria, ele vai suavizando aos poucos e cai em um sono profundo, mas dessa vez, tranquilo.

Escuto meu celular tocar "sweet child of mine" sem parar e me odeio por não ter deixado em modo silencioso; antes de atender, dou uma rápida olhada no despertador e vejo que já são oito e meia da manhã.

-Alô – minha voz sai fraca e pigarreio na tentativa de umedecer a garganta.

- Gatinha? – A Melissa parece extremamente animada a essa hora – você está em casa? Estou passando por perto e queria te dar um beijinho.

Levo alguns segundos para racionalizar o que ela disse, o sono parece não querer sair de mim.

-Claro, Mel, Vou adorar – digo em meio a um bocejo – Pode vir.

Assim que ela desliga, me espreguiço e volto pro quarto, para trocar de roupa, mas enquanto estou me despindo sinto o braço do Henrique me envolver e pelo seu toque, sei que está cheio das más intenções, então me apresso em dissuadi-lo.

- Amor, a Mel tá chegando, ela vem tomar café conosco.

Tento me desvencilhar, mas ele me segura ainda mais forte e começa beijar meu pescoço, me fazendo perder o controle.

- Você teve um pesadelo estranho a noite, me acordou com seus resmungos, parecia bem angustiado – mudo de assunto e o sinto paralisar, mas com o braço ainda em volta da minha cintura – não deu pra entender nada do que você disse, mas você também suava muito. Tá tudo bem?

Ele se senta na cama, percebo que ainda está só de cueca box branca, e me puxa para sentar no seu colo, envolvendo seus braços ao meu redor novamente.

- Está sim, amor – eu semicerro os olhos e ele me dá um beijinho suave – nem lembro o que era.

O interfone toca, fazendo a nossa conversa ficar para depois, dou um beijo carinhoso nele e corro pra atender antes que acorde a Lulu. Assim que libero a entrada dela, volto pro quarto e para minha tristeza, o Henrique já está de bermuda jeans e uma camiseta branca. Ainda decepcionada por não ter mais a visão dele seminu, visto um vestido de flores rosas e enquanto me olho no espelho, para prender meu cabelo em um rabo de cavalo, escuto a campainha tocar e logo em seguida ele receber a Mel.

Oii – digo e ela sorri, assim que me vê entrar na sala – que barrigona hein?

Me aproximo e depois de dar um beijinho nela, volto minha atenção toda para o baby surpresa, que chuta assim que encosto a mão.

- Estou parecendo uma bola – ela esfrega a mão na barriga – tá cada dia mais pesada.

Olha – estendo minha mão, mostrando minha aliança e ela solta um gritinho em comemoração e rimos juntas.

Percebo pelo canto do olho o Henrique nos observando, mas não parece prestar muita atenção na gente e confesso que isso me entristece um pouco, mas afasto esse pensamento assim que escuto um barulho vindo do quarto da Lucia. Antes mesmo que eu possa me mexer para ir acudi-la, ele vai correndo ver o que aconteceu, enquanto a Mel e eu vamos pra cozinha preparar o café.

- Amiga – olho no corredor e assim que confirmo que eles ainda estão no quarto, sussurro – o Henrique está muito estranho. Na viagem estava tudo bem, mas desde ontem ele está distraído, parece que está com a "cabeça nas nuvens".

RECOMEÇAROnde histórias criam vida. Descubra agora