RECOMEÇAR

EPÍLOGO - FLORIANÓPOLIS - POR HENRIQUE

Observo o amor da minha vida dormir preguiçosamente e sorrio agradecido, por tê-la comigo. Estar com a Lilian me faz me sentir muito bem e fazê-la feliz se tornou a prioridade da minha vida. Ela sempre diz que eu a faço imensamente feliz e que sou, junto com a Lulu, o motivo da sua vida ganhar cor, mas ela parece não fazer ideia do quanto ela que é o sol na minha. Lembro dos meus dias antes dos meus olhos encontrarem com o dela há seis meses naquele show e tudo que vejo é um cara completamente perdido e sentido, que tentava insistentemente saciar o corpo, mas por dentro se sentia vazio.

Escuto meu celular tocar e como não quero acordá-la ainda, o pego e vou para a sala atender, apesar de achar super estranho ser uma ligação de um número privado.

- Henrique? - me assusto e apesar de não reconhecer a voz de imediato, sei que já ouvi em algum lugar.

- Quem é? - indago, enquanto dou uma espiadinha no quarto e a Lily ainda continua adormecida.

-Aqui é a Beatriz, mãe do marido da Lílian!

Preciso me esforçar ao máximo, para não corrigi-la, mas suspiro alto, tentando tirar de mim o desconforto que falar com essa senhora me desperta. Ela nunca aprovou o meu relacionamento com a Lily, apesar de não precisarmos disso, tê-la provocando, mandando indiretas ou tentando jogar a Lulu contra mim, me fez odiá-la logo de primeira. Claro que a Lily, como é uma pessoa muito melhor que eu, procura sempre justificar as atitudes dela, atribuindo a perda precoce do filho, mas lá no fundo, eu sei que ela é ruim mesmo.

-Eu tenho um assunto muito sério e do seu interesse para tratar. Te espero no restaurante Piazia as 11:30. E não conte nada a Lilian.

Antes que eu possa questionar qualquer coisa, ela desliga na minha cara, aumentando drasticamente a raiva que já sinto. O que ela pode querer comigo e ainda por cima, sem que a Lily saiba?

-Amor? - escuto a voz dela me chamando e tento disfarçar o mau estar que sinto.

Entro no quarto e a vejo com um sorriso lindo e tenho que me conter para não partir pra cima dela e beijar cada pedacinho do seu corpo, que está coberto apenas por um micro pijama de oncinha.

- Bom dia, minha linda - beijo sua boca, mais intensamente do que planejei e ela, para minha tortura, retribui da mesma forma - não faz isso, que eu não vou aguentar.

A filha da mãe me puxa ainda mais pra perto e beija meu pescoço, me fazendo perder totalmente o controle e quando percebo, já estou completamente louco de prazer, sentindo seus cabelos ruivos se espalharem sobre mim, enquanto eu preencho-a totalmente, bem devagar.

- Escutei você falar com alguém ,está tudo bem, amor? - seus olhinhos curiosos me encaram, enquanto ela se apoia no meu peito, depois de fazermos amor e eu fico na dúvida sobre contar ou não sobre a ligação.

-Ta sim, linda - mexo na aliança de noivado e decido que até descobrir o que a Beatriz quer, não tem porque preocupar a Lily assim - era uma ligação de trabalho. Marcaram uma reunião pra daqui a pouco.

-Ah não acredito - ela fala triste - achei que iriamos curtir nosso ultimo dia de folga inteiro nessa cama.

-É coisa rápida, amor, volto pra gente almoçar junto!

Juro que preciso reprimir todos os instintos do meu corpo que imploram pra ficar com ela aqui na cama e recomeçar o amor delicioso que a gente faz, mas muito a contra gosto, me troco e saio para encontrar a tal Beatriz, ainda sem entender muito bem o que ela pode querer comigo. Quando chego no restaurante, que por sinal a Lily e a Lucia adoram, ela já está sentada numa mesa mais isolada e encara uma pasta preta.

-Oi, dona Beatriz - estendo minha mão, mas ela apenas a olha por alguns segundos, antes de voltar a sua atenção para a mesa.

-Vou ser bem direta - ela finalmente me encara e o ódio dela é quase palpável, então já imagino que não vai ser uma coisa muito boa - eu quero você fora da vida da minha neta. Ela tem pai. Um homem maravilhoso, integro e que, confesso, não sei o que viu na Lilian, mas eles tiveram a melhor coisa que tenho na vida e não vou ver você roubar esse papel dele.