TRABALHO NOVO

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A semana passa vagarosamente e isso me deixa ainda mais agitada. Sorte que meus pais chegaram na terça feira e além de me ajudarem com a Lulu, ainda tenho outros adultos na casa para poder conversar e me distrair. Falo com o Henrique diariamente e quando estou em casa tento ser o mais discreta possível, mas minha mãe parece já ter percebido que há algo de diferente no ar. Em vários momentos, ela comentou que estou com uma expressão mais feliz e eu sempre mudo de assunto, mas sei que não vou poder esconder dela por muito tempo.

Se pudéssemos, tanto eu, quanto o Henrique, já teríamos viajado para nos encontrar, mas o movimento do estúdio está bem intenso essa semana e ele também tem os ensaios e as aulas de inglês, então nos contentamos com uma chamada de vídeo, todas as noites, depois que todos aqui em casa já estão dormindo.

Assim que abro os olhos, não consigo evitar o sorriso, finalmente a tão esperada quinta chegou, então me levanto animada e já posso escutar as vozes dos meus pais e da Lulu, que vem da sala. Eles sempre acordaram cedo, a vida toda e mesmo agora sem precisar ainda mantêm esse habito. Pego meu celular e vejo que o Henrique já acordou também.

Henrique - 9:22

- Bom dia, minha linda!

Eu suspiro de alegria, como é bom ter alguém novamente.

Lílian - 9:38

- Bom dia, gatinho. Como estão as coisas por aí?

O cheiro do café fresquinho da minha mãe invade o quarto e me sinto feliz de tê-la aqui comigo, apesar de ter uma cafeteira, ela trouxe seu coador de pano e bule, e faz questão de ir pra cozinha prepará-lo todos os dias.

Deixo o celular na cama e vou para sala ainda de pijama, cumprimento os dois e dou um beijinho carinhoso no cabelo da Lucia, que brinca com seus blocos de montar no tapete da sala. Quando olho para nossa mesa, vejo que hoje, além de preparar o café, ela parece ter saído para comprar pão fresquinho e ricota, então o sorriso brota fácil no meu rosto.

- Queria que seu dia já começasse especial, para que tudo saia bem nessa sua reunião de hoje – ela diz assim que nota minha surpresa com a mesa.

- Você não existe, sabia? – Corro até ela e a abraço com carinho.

Ela se senta comigo a mesa, para me fazer companhia e enquanto tomo meu café sinto que me encara e já sei que ela está querendo perguntar algo. Desde pequena, sempre que tinha algum assunto comigo, ela abordava na mesa do café da manhã, então levanto o rosto devagar, tentando conter o riso.

- Como ele se chama? – ela pergunta de supetão, com um sorriso doce nos lábios.

Quase engasgo com meu café e sei que não terei mais como esconder, penso em mil e uma formas de contar, então falo sem enrolar muito:

- Henrique – abaixo a cabeça, como uma criança que confessa uma traquinagem.

Ela ri baixinho e me encara, esperando mais detalhes.

- Ele é musico, é um pouco mais velho do que eu, mora no Rio Grande do Sul e é lindo! – É tudo que consigo dizer, e mesmo assim o faço olhando para a xícara a minha frente, pois sei que estou corada.

Espero ela dizer algo, mas como continua em silencio, eu levanto o olhar e vejo- a me encarar com ar de surpresa.

- Eu já gosto dele, só por te deixar feliz assim – Ela dá dois tapinhas na minha mão, se levanta e volta a fazer companhia pro meu pai no sofá.

A Admiro alguns segundos, ainda sem ação, assimilando como essa mulher é espetacular. Termino meu café, retiro a mesa e enquanto guardo as coisas na geladeira, fico pensando com qual roupa vou ao almoço com o Joaquim.

RECOMEÇAROnde histórias criam vida. Descubra agora