Assim que desembarcamos em Goiás, precisamos aguardar alguns minutos, ainda no aeroporto, pelos carros e um ônibus, que nos levarão até Goiânia. Como ainda não sei aonde irei, encosto em uma pilastra e aproveito para responder uma mensagem da minha mãe.
Mamis - 18:02
Estamos com saudades. A Lucia está bem, mas perguntou bastante por você hoje. Disse a ela que você voltaria para casa amanhã, mas ela parece estar sentindo bastante sua falta.
Beijos, amamos você.Meu coração se aperta ao ler essas palavras, pois pra mim também está sendo bem difícil ficar longe dela assim, por tanto tempo.
Lílian - 18:58
Diga a ela que também estou com saudades, cedinho estarei aí para tomarmos café juntas e aproveitar o dia todo com ela.
Obrigada por tudo mãe. Te amo.O Henrique se aproxima devagar e eu tento disfarçar minha tristeza, mas ele é bem observador e parece captar que há algo de errado.
- Tudo bem, amor? – olho instintivamente em volta, me assegurando que ninguém tenha escutado.
- Sim, amor, só saudades da minha pequena – respiro fundo, mas uma lágrima escapa e escorre pelo meu rosto.
Ele se aproxima para me abraçar, mas parece se lembrar que estamos perto do pessoal, então desiste e apenas seca a lágrima enquanto acaricia meu rosto.
- Você conseguiu falar com ela? Não gosto de te ver assim, minha linda.
Respiro fundo novamente, tentando controlar a cachoeira de lágrimas que entraram na fila para cair, assim que a primeira conseguiu fugir. Por um milagre consigo me recompor e forço um sorriso.
- Liguei antes do voo, mas ela estava dormindo e agora o celular da minha mãe só chama, então enviei uma mensagem – digo mais pra me convencer, do que pra ele – mais tarde vou tentar novamente.
Levanto meu rosto para encara-lo e vejo que ele está tão ou mais frustrado que eu.
- Eu queria te abraçar agora, meu amor, te consolar – ele dá um leve soco na pilastra, demonstrando sua raiva.
- Fica calmo, lindo – acaricio devagar a mão dele – só de estar perto de você, já me sinto bem melhor.
Ele me encara por alguns minutos, ainda triste, mas percebo que teve uma ideia, só pela sua expressão que muda rapidamente e antes que eu possa questionar qualquer coisa, ele me pede para esperar um pouco e sai em direção da Adriana. Algum tempo depois ela se aproxima, perguntando se estou melhor do estomago e diz que já que estou mal, vou no carro com eles, em vez de ir no ônibus com o restante da equipe. Demoro um pouco para entender a artimanha do Henrique e juro que tenho que me esforçar muito para não correr até ele e abraça-lo por tudo isso.
Lílian - 19:16
Você é doidinho, mas um doidinho que eu gosto tanto!Envio a mensagem e antes mesmo que possa guardar o celular no bolso ele apita.
Henrique - 19:16
Gosta quanto?Queria responder que estou começando a achar que gosto tanto que o amo, mas acho que nossa relação ainda não está preparada pra isso, na verdade nem eu estou preparada para assumir abertamente que amo alguém novamente. Então apenas digo que gosto muito, exagerando na quantidade de "u" na mensagem e logo que envio o procuro em meio à multidão, para ver qual será sua expressão, mas ele parece ter desaparecido.
Assim que coloco meu celular no bolo, sinto ele apitar de novo e pego empolgada, esperando encontrar outra declaração, mas meus olhos encaram uma mensagem de um desconhecido:
Desconhecido - 19:19
Oi, Lily
Ainda está em Manaus? Queria te ver...Mesmo sem identificação, eu sei que a mensagem é do Matheus e decido apenas ignorá-la, pois a última coisa que preciso agora é esse cara no meu pé. Guardo o celular assim que me aproximo da Range Roover preta estacionada e encaro o Henrique com a maior descrição que consigo.
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RECOMEÇAR
RomanceLilian, ou Lily, como os amigos a chamam é uma fotógrafa, que está chegando aos trinta anos; mãe de uma menina linda, tão ruiva quanto ela, que é o único motivo que a faz não desistir, já que a repentina morte do seu marido a deixou destruída e joga...