Ele quer falar com você - o policial que tinha se apresentado como Ryan estava sentado em uma cadeira atrás de uma mesa enquanto bebericava sua xícara de café me observando por cima da borda.
Mudei o peso da minha perna esquerda para a direita.
Sobre o que ele queria falar exatamente?
Não tínhamos nada para falar.
- Eu tenho a opção de não ir? - perguntei, eu estava completamente desconfortável com a ideia de ficar sozinha em uma sala com meu pai.
Se é que ele poderia mesmo ser rotulado com esse título. Eu não sabia exatamente qual era a função de um pai em uma família, eu tinha poucas recordações do meu e uma breve noção, mas acho que pais certamente não deveriam apontar uma arma para suas próprias filhas.
- Acho que não será bom, mas sim, você a tem - ele disse dando de ombros e outro policial cruzou a sala da delegacia.
- Então, você está pronta? - ele me perguntou, com cautela.
- Estou - respondi esperando que soasse firme.
Eu gostaria que o Noah estivesse aqui, mas infelizmente ele teve de ir a um jantar importante com sua mãe.
Mas eu tive que convencê-lo de que ficaria bem porque ele estava bem determinado a enfrentar isso comigo.
Depois de longos minutos, ele acabou cedendo e pediu para discar o seu número a qualquer momento e ele viria imediatamente ao meu chamado.
Foi muito doce.
- Ok. Vamos - ele disse me guiando até uma porta ao seu lado, um imenso painel de vidro cobria metade da parede. Meu coração bateu fortemente contra meu peito e eu engoli em seco.
O policial tocou levemente em meu braço.
- Querida, eu estou monitorando vocês através deste vidro. Nada de ruim acontecerá com você. - Suas palavras me tranquilizaram um pouco e eu assenti levemente.
Suspirei e girei a maçaneta.
Derek estava com a barba por fazer e vários cabelos brancos se misturavam com seu cabelo que um dia já foi castanho claro e belo, num intervalo de duas horas, ele havia envelhecido dez anos.
Ele estava sentado em uma cadeira atrás de uma mesa retangular.
- Gabrielly - meu nome escapou de seus lábios em forma de suspiro como se fosse alguma palavra sagrada e proibida assim que ele ergueu os olhos para meu rosto.
Franzi a testa, claramente incomodada.
- Any - corrigi tentando não soar rude. Eu não gostava de ser chamada por meu nome verdadeiro.
- Any... Sente-se, por favor - ele disse acenando levemente para a cadeira à sua frente.
Me sentei lentamente e encarei a pintura da parede desgastada num tom de branco.
- Eu sinto muito - sua voz era um sussurro baixo, quase inaudível.
Mudei meus olhos da parede para seu rosto e o encarei surpresa.
Eu realmente não esperava por essa.
Ele soltou um riso baixinho, provavelmente percebeu a confusão em meu rosto.- Sabe, eu nunca quis que nosso reencontro fosse assim. Você está tão diferente que foi difícil te reconhecer. Está muito mais bonita que a sua mãe, sempre foi.
Acenei lentamente com a cabeça sem saber as palavras certas para usar.
- Obrigada - murmurei.
- Como ela está? - ele perguntou com um certo brilho em seu olhar. Ele ainda pensava que Amanda era a mulher divertida e graciosa, que usava vestidos floridos e sorria abertamente.
- O que há de errado? - sua voz era preocupada percebendo minha expressão.
- Ela.. não é mais como antes. Ela mudou. - eu disse observando seu rosto. - Completamente. - Ele franziu a testa e fungou.
- Merda.. - ele murmurou com o maxilar tenso. - Você não merecia ter dois pais de merda. Você sempre foi uma criança doce e compreensiva, quando eu saí de sua vida, esperava ter a deixado com uma figura maternal, de amor. Alguém que realmente soubesse te dar tudo o que você merecia, Any. E acredite em mim, você merece ter a droga do mundo inteiro sob seus pés.
- Você não deveria ter ido embora - as palavras saíram antes que eu pudesse impedí-las e eu me repreendi mentalmente por isso.
- Eu sei... Droga, eu me arrependo de ter feito essa escolha todo maldito dia. Olha o que aconteceu comigo sem vocês.. Eu me perdi, Any. Eu me perdi - ele sussurrou a última parte.
Seus olhos estavam azuis brilhantes, com uma certa emoção neles. Senti meus olhos arderem e me levantei da cadeira.
- Eu preciso ir agora.
Pisquei algumas vezes para afastar as lágrimas.
Eu não poderia mais ficar aqui neste lugar.
- Tudo bem, eu não te culpo. Não mereço um prêmio de melhor pai do mundo, longe disso. - Ele sorriu torto mas seus olhos eram puro arrependimento.
Acenei brevemente com a cabeça e me virei indo em direção a porta. Quando coloquei minha mão em cima da maceta olhei por cima do meu ombro.
- Eu te perdoo. Já fiz isso há muito tempo.
E com essa última fala eu saí da sala, respirando fortemente e com o coração descontrolado.- Está tudo bem? - o policial me perguntou enquanto segurava um copo descartável com café.
- Sim. - Limpei rapidamente com a manga de meu suéter uma lágrima solitária que escorreu por a minha bochecha.
- Está bem... - ele murmurou e fez um sinal para que eu o seguisse novamente até a secretaria.
Peguei meu celular de meu bolso e pensei na única pessoa com quem eu gostaria de falar neste momento e apertei em discar.
Noah.
○○○○○○○○○○○○○Oiê, rebanho.
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Apenas mais uma {NOANY}
FanfictionNoah Urrea: Egoísta, frio e egocêntrico. Nunca teve relacionamentos sérios, todo o seu lance é casual. Todas são apenas mais uma para ele. Mas isso muda quando ele bate seus encantadores olhos verdes na garota da cafeteria e ele só consegue pensa...