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- Você parece triste. - Amanda disse assim que entrei em casa.

Tranquei a porta e a ignorei. Era culpa dela, tudo era culpa dela. É claro que eu tinha alguma culpa também mas eu não poderia me arriscar. Ela me chantageou e havia conseguido o que queria.

Deus, como eu a odiava.

- O quê? Não me diga que você dispensou o garoto privilegiado - seu tom de voz era comleto desdém enquanto sugava o cigarro preso entre seus dedos. Mordi minha bochecha para não a responder e encarei o carpete.

Ela deu risada.

- Você fez.

A encarei, seus olhos brilhavam com diversão e ela se levantou, seu cabelo estava num rabo de cavalo, ela usava uma camiseta de flanela e jeans surrados. Ela veio até mim e soprou a fumaça em meu rosto.

Abanei com a mão e dei um passo para trás. Nós eramos praticamente do mesmo tamanho, eu deveria ter uns cinco centímetros a mais que a mulher à minha frente.

Ela inclinou a cabeça para o lado e piscou inocentemente.

- Está bonita.

Eu ainda não havia tirado a roupa e nem a maquiagem que Hannah havia feito, depois de sair do banheiro da fraternidade eu consegui sair pelos fundos sem ser percebida. Eu esperava que minha mãe estivesse dormindo, se ela me visse assim eu saberia que ela torceria o nariz. Eu só estava esperando por este momento.

- E então o quê? Você se veste feito uma prostituta, joga esse glitter todo sobre o rosto para deixar o garoto? Esperava mais de você. Muito mais - ela proferiu as palavras e eu senti meu estômago se revirar.

Ela jogou seu cigarro no chão e pisou em cima, se virou e se sentou novamente na poltrona.

- Vá lavar o rosto e tirar esse pedaço pano que você insiste em chamar de roupa. Não gosto de você assim - falou indiferente, ligando a tevê. Passei por ela e fui até o banheiro.

Encarei meu rosto maquiado através do espelho.

Eu queria dar um soco nesta imagem, mas ao invés disso resolvi retirar a maquiagem e depois troquei o vestido por roupas confortáveis, o dobrei e deixei sobre minha cama, amanhã eu o lavaria e poderia devolver para Hannah.

Apaguei a luz e me deitei sobre a cama. Meu celular vibrou e eu o chequei.

Era uma mensagem de Hannah perguntando aonde eu estava.

Eu: Desculpe, amanhã devolvo seu vestido. Tive que vir pra casa.

A enviei e deixei o celular sobre meu estômago.

Seria realmente uma pena ter que me distanciar de Noah, ele me fazia sentir coisas que eu não era capaz de explicar, as famosas borboletas no estômago, a forma como minha pele queimava aonde ele tocava, era tudo extremamente novo para mim. E eu me divertia muito ao seu lado. Acho que esse era o problema para minha mãe, ele me fazia sorrir, e ela tinha a missão de me fazer infeliz, então não seria bom eu ter Noah ao meu lado.

Meu celular vibrou novamente.

Hannah: Ok. É uma pena, mas tenha uma boa noite.

Uma hora depois me revirando na cama, eu estava tentando dormir, esperei pelo sono mas ele nunca veio. Me sentei sobre a cama e passei as mãos por meus cabelos, em frustração. Eu estava me lembrando da expressão de Noah mais cedo. Ele merecia uma explicação, mais do que isso.

Me levantei da cama num salto e andei pelo quarto pequeno de um lado para o outro. Eu estava pensando em algum plano de fuga para ir até ele, mas Amanda sempre estava atenta a todos meus movimentos, o que era realmente uma droga. Talvez eu pudesse sair pela janela e...

Meus pensamentos foram interrompidos quando uma fresta de luz forte atrevessou a cortina da janela do meu quarto. A abri para ver o que estava acontecendo e o carro de Noah estava estacionando em frente à minha casa. Fiquei completamente congelada observando enquanto ele andava até a minha porta. Quando ele deu duas pancadas na mesma eu despertei.

Amanda iria abrir a porta.

Eu estava ferrada.

Corri até a sala e encontrei minha mãe em pé na porta apontando um dedo no rosto de Noah que a encarava com as sobrancelhas arqueadas.

- Eu só quero falar com a Any - ele disse irritado.

- E eu quero que você suma da minha porta antes que eu chame a polícia.

Noah ergueu seus olhos para mim, ele era no mínimo, vinte centímetros mais alto que minha mãe, ela se virou para mim com a cara fechada e apontou para o corredor.

- Volte para seu quarto - ela disse em tom baixo e ameaçador.

- Agora! - completou quando não fiz nenhuma menção de que iria me mover.

Balancei a cabeça.

- Não.

Ela arqueou as sobrancelhas, claramente me desafiando.

- Desculpe-me?

- Não - repeti dando um passo à frente. - Só me dê alguns minutos.

Então houve uma enorme pausa e ela assentiu lentamente.

- Cinco minutos - ela rosnou lançando um olhar mortal ao Noah.

- Tudo bem - murmurei passando pela porta, me posicionando no gramado. Encarei as pedrinhas que estavam no meio do quintal.

- O que foi aquilo? - ele me perguntou, eu sabia que não estava se referindo à minha mãe.

- Me desculpa, mas a gente... - Engoli em seco. - Nós não podemos mais nos ver.

- O caralho que não, por que isso? - ele perguntou com o maxilar travado.

- Porque nós somos totalmente diferentes - disparei em sua direção. Eu não sabia o que dizer então simplesmente comecei a balbuciar qualquer coisa. - Você não parece o tipo de cara que quer um relacionamento.

E ele realmente não parecia, isso soava melhor do que a minha atitude covarde na festa. Qualquer coisa era melhor que me afastar com um beijo em outro cara.

Ele se calou e pensou por alguns momentos.

- A gente não precisa fazer isso, amor. Estamos só nos divertindo, e porra, eu nunca achei que eu diria isso à uma garota, mas eu gosto de ter um tempo ao seu lado, você me faz sentir todas aquelas merdas de gente apaixonada, o que me assusta como o inferno mas eu não quero perder isso.

A sinceridade em sua voz era completamente notável. Meu coração perdeu algumas batidas naquele momento.

- Você não pode estar apaixonado por mim, você é o Noah, você não tem relacionamentos, você tem todas as garotas ao seu redor com um estalar de dedos. Você tem sua cama lotada todos os dias. - Ele franziu a testa e balançou a cabeça.

- Você está dizendo que eu não posso manter a porra do meu pau dentro de minhas calças?

- Bem, interprete da forma que você quiser - respondi tentando soar firme e indiferente. Eu estava dando um fim na nossa relação que nem tinha começado.

- Foda, você é inacreditável - e com essas últimas palavras, ele me lançou um olhar raivoso e chateado ao mesmo tempo e entrou em seu carro, batendo a porta com muita força.

Me encolhi com o som estrondoso.
Observei enquanto ele arrancava com o carro sobre o meio fio, sumindo totalmente do campo da minha visão.
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Último de hoje!

Chorei.

Apenas mais uma {NOANY}Onde histórias criam vida. Descubra agora