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Any Gabrielly:
9//10
—☆—

- Oi. - Mason disse encostado casualmente contra a porta da minha primeira aula da faculdade.

Ontem eu havia passado a noite no dormitório de Hannah, sua colega de quarto estava fora e isso me deixou com um lugar para ficar, mas hoje eu realmente não fazia a mínima idéia de para onde iria, todas opções pareciam assustadoras e ruins demais.

- Oi - respondi, surpresa. Eu não o via há muito tempo, supreendentemente ele havia resolvido aparecer quando as coisas entre mim e o Noah haviam se complicado.

- Você está livre esta noite?

Balancei a cabeça negativamente.

- Sinto muito. Estou ocupada mais tarde.
Eu iria trabalhar e logo após ir buscar minhas coisas no Noah.

A idéia de passar a noite na rua fez um calafrio subir por minha espinha.

Eu estava aterrorizada.

- E amanhã?

Sua insistência estava me deixando exausta.

- Provavelmente também estarei ocupada.

Ele suspirou, derrotado.

- Tudo bem. Se você não quer sair comigo, é só dizer não. - Ele me lançou um pequeno sorriso triste e foi embora.

Eu estava me sentindo mal por ele, mas não estava aberta a novos relacionamentos.

IXI

Eu estava distraída na lanchonete.

- Desculpe, você pode repetir? - perguntei envergonhada à uma garota loira havia acabado de fazer seu pedido.

Ela ergueu uma das sobrancelhas.

- Esta lanchonete não tem funcionários prestativos. Eu quero um chá gelado. Se você quiser, eu posso soletrar.

A morena ao seu lado soltou uma risadinha em deboche.

- Acho que ela não sabe ler. - Elas trocaram olhares em aprovação por seu pequeno "espetáculo" e deram risada.

Suspirei.

- Você quer algo? - perguntei à morena, ignorando seus comentários.

- Sim, que você saía e traga o pedido da minha amiga.

Uma mão pousou sobre meu ombro e eu virei a cabeça levemente para esquerda. Era Hannah. Ela estava parada ao meu lado com um olhar sério.

- Se vocês não estão contentes com nosso serviço, peço que se retirem. Nós não somos obrigadas a atender pessoas ignorantes e extremamente insuportáveis.

A loira revirou os olhos.

- Nós estamos pagando o salário de vocês.

Hannah pegou o bloco de anotações de minhas mãos.

- Um chá gelado? - ela debochou remexendo em seu bolso e retirando uma nota de cinco dólares.

- Vamos dizer que esse seu chá gelado realmente pague o salário de um funcionário. Agora vamos dividir ele na quantidade de funcionários que temos. O chá gelado é cinco dólares, somos seis aqui. Cinco dividido por seis dá mais ou menos oitenta centavos para cada um de nós - ela disse erguendo as sobrancelhas desafiadoramente. - Se você acha que isso me faz alguma diferença... - Hannah tateou seus bolsos e jogou algumas moedas bruscamente sobre a mesa. - Aí está seu dinheiro, meu suposto salário. Agora se manda.

As garotas se calaram por alguns instantes.

- Vamos. Tem outra lanchonete por aqui. - A loira se levantou, seguida por sua amiga.
Minhas bochechas arderam pelo constrangimento.

- Me desculpa, Hannah. Eu não queria fazer você passar por isso.

Ela sorriu.

- Está tudo bem. Eu estava a ponto de chutar elas para fora.

Sorri em sua direção e nós voltamos ao trabalho.

Algumas horas depois, eu estava esperando um pedido ficar pronto apoiada no balcão que mal percebi quando o sino soou. Hannah me cutucou.

- É seu.

Saí do meu pequeno transe e olhei ao redor.

Meu coração se acelerou quando avistei Noah sentado em uma das cabines.

Ele parecia relaxado e encarava um ponto fixo.

Fui em sua direção e esperei. Ele levantou seus olhos para mim. Sua expressão era completamente fria, talvez até mesmo com raivosa.

- O que você está fazendo aqui?

Ele me deu um sorriso torto.

- Eu vim comer.

Assenti.

- O que você quer?

Ele suspirou.

- Eu quero que você volte.

Meu coração deu um pulo.

Não respondi, apenas fiquei encarando fixamente seus olhos. A raiva em seu rosto havia se derretido e agora ele me olhava com... ternura e amor.

Balancei a cabeça negativamente.

- Não. E não me olha assim.

- Assim como? - ele perguntou se levantando e me puxando pelo braço.

Engoli em seco quando vi que estávamos indo em direção ao banheiro. As últimas lembraças daqui não eram tão apropriadas.

Ele fechou a porta.

- Por que você está fazendo isso? - perguntei confusa.

Ele me encarou por alguns segundos até finalmente dizer:

- Porque eu te amo, porra. Simplesmente porque eu te amo.

O encarei em choque. Meu coração havia se acelerado e minhas pernas haviam ficado moles diante dessa declaração.

- Você não pode. Você não pode me amar - eu disse indo em direção à porta, numa tentativa falha de a abrir, seu corpo cobriu toda a extensão da mesma.

- Me deixa sair - minha voz saiu como um sussurro. Eu estava envergonhada e encarava os azulejos do banheiro.

Eu nunca havia sido amada por alguém, talvez algum dia por meus pais. Mas não por garotos. Eu não sabia o que fazer, eu nunca passei por isso. Ele iria me quebrar e eu iria acabar o cansando.

- Eu acabo de dizer que eu te amo e essa é sua reação? - sua voz estava carregada de ódio.

- Sabe quantas vezes eu falei isso pra alguma garota? Nenhuma vez. Somente agora e ela está se fodendo para o que eu sinto.

Meus olhos arderam.

- Me desculpa, Noah. Eu não queria..

Ele me interrompeu:

- Você não queria o quê? Ser amada? É a primeira vez que eu me abro pra uma garota, Any. Isso não é justo. Eu deixei você entrar, eu deixei você chegar até meu coração, e agora que você está dentro, você pode destruí-lo, se quiser. Ele é completamente seu e eu não me importo.

Uma lágrima deslizou por minha bochecha.

- Eu não posso. Me deixa ir embora.

Ele socou a porta, me fazendo dar um salto.

- Está bem - ele disse finalmente saindo de meu caminho.

Encarei a porta livre por alguns minutos.

Ele vai te quebrar.

Minha mente piscava em alerta.

Então eu tomei a minha decisão.
***

Apenas mais uma {NOANY}Onde histórias criam vida. Descubra agora