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Any Gabrielly:
7//10
—☆—

- Eu acho que estamos sendo seguidos- eu disse observando o carro preto estacionar do outro lado da rua enquanto entrávamos com o carro de Noah na garagem.

- O quê? - ele perguntou franzindo as sobrancelhas e ainda olhando para o painel.

Dei de ombros.

- Deve ser só coincidência - murmurei me sentindo estúpida por ter tido esta ideia.

Nós descemos do carro e levamos as sacolas em diversas viagens para dentro do apartamento. Após terminarmos, Noah guardou as coisas nos armários e na geladeira.

- Eu tenho que estar em meu trabalho em trinta minutos - comentei enquanto observava ele abrir uma lata de refrigerante.

- Precisa de uma carona? - ele perguntou levando o refrigerante até sua boca.

- Sim, seria bom.

Ele terminou a latinha em dois segundos e eu fui até o quarto para me arrumar. Tirei a calça jeans e puxei a camiseta para cima quando a porta foi aberta.

- Olha, eu comprei esses iorgutes que as garotas costumam tomar, está bom para você? - Noah me perguntou distraidamente enquanto encarava a embalagem na suas mãos.

Tentei me cobrir com as mãos mas ele já tinha erguido seus olhos para mim. O iorgute caiu diretamente no chão.

- Puta que pariu - ele disse mais para mim do que para a enorme mancha rosa sobre o carpete.

Senti minhas bochechas queimarem.

Eu estava com minhas roupas íntimas, mas ele já havia me visto nua, de qualquer forma. Mesmo assim eu me sentia envergonhada diante de seu olhar.

- Eu devia ter batido antes - ele comentou, recuando dois passos para trás. - Eu vou limpar isso - completou saindo pela porta.

- Foda. Agora eu estou duro. - sua voz soou no corredor e eu achei graça.

Coloquei as roupas do uniforme rapidamente enquanto ele pegava os produtos para limpeza.

Um momento depois ele estava em pé na porta segurando um pano úmido. Ele limpou o carpete.

- Vamos, eu vou te levar - ele disse se levandando e tateando os bolsos à procura de suas chaves.

- Tudo bem.

O segui para fora do apartamento.

Ele estacionou o carro em frente a lanchonete, desta vez eu não prestei atenção se o carro estava atrás de nós ou não, quando saímos ele já não estava mais estacionado em frente ao prédio.

Dei um rápido beijo em Noah e saí do carro acenando para ele. Fui em direção à porta branca e a empurrei. O sino soou e Hannah se debruçou sobre o balcão e me deu um enorme sorriso.

A lanchonete estava vazia, exceto por um casal que comia panquecas enquanto conversava entre si.

Retribui um sorriso à ela.

- Oi, desculpa ter chegado atrasada hoje. Tive que ficar mais um período na faculdade, obrigada por cobrir uma parte do meu turno.

Ela abanou com a mão no ar.

- Está tudo bem, nós fazemos isso todo maldito dia, exceto os finais de semana. A lanchonete não está tão movimentada hoje - ela disse girando seu dedo indicador ao redor.

Eu percebi isso.

Alguns minutos depois a mulher loira do mercado cruzou a porta fazendo o sino soar.

Olhei para Hannah que retirava uma mesa. Eu teria que atendê-la.

Seus olhos observaram o ambiente até pousarem sobre mim. Ela parecia surpresa por alguns momentos e logo depois sua expressão se relaxou.

Ela sentou em uma das cabines e acenou para mim.

Fui até sua mesa.

- Ah, você trabalha aqui - ela afirmou com um pequeno sorriso no rosto, não parecendo muito surpresa.

Ela não parecia o tipo de pessoa que frequentava lanchonetes, mas sim os melhores restaurantes da cidade. Pude afirmar por sua bolsa Louis Vuitton que estava em cima da mesa.

Ela claramente não se encaixava com o resto do ambiente.

Assenti e bati a caneta em cima do bloco.

- Eu quero um chá - ela disse e eu anotei. Quando estava me virando para entregar seu pedido ela voltou a falar.

- Espere! Eu nunca soube seu nome...

- Any - respondi, levemente confusa.

Ela assentiu e seus olhos brilharam por um momento.

- Me chamo Elizabeth.

Desta vez, eu assenti.

Ela estava agindo estranho, talvez estivesse nervosa em torno deste lugar.

Coloquei seu pedido sobre o balcão e observei dois adolescentes que passavam pela porta.

Hannah se apressou em atendê-los, antes que eu pudesse dar mais uma olhada ao redor, o chá já estava pronto.

Apoiei a bandeja na mão direita e me curvei levemente ao colocá-la em cima da mesa e pôr a xícara em frente à Elizabeth.

Ela observou o líquido por alguns segundos e depois ergueu os olhos para mim.

- Você se importaria em se sentar comigo?

A encarei surpresa.

- Desculpe, mas estou em horário de serviço.

Eu não entendi por que ela queria minha companhia. Não nos conhecíamos.

- Claro. Mas são só por cinco minutos e nada mais. - Seus grandes olhos azuis me encaravam com expectativa.

Suspirei e me sentei em sua frente. Se eles precisassem de mim, eu estaria me levantando e indo até lá.

- Então.. Você faz faculdade? - ela perguntou levando a xícara até a boca e dando dois goles.

- Sim, estou no meu primeiro ano - eu disse mexendo em alguns guardanapos na mesa.

- Você paga suas próprias despesas?

Me remexi desconfortável com sua pergunta. Eu tentava evitar o máximo pensar neste assunto.

- Bem.. sim. Mas preciso arranjar outro emprego para ajudar na mensalidade. - Ergui meus olhos para seu rosto, ela assentia lentamente.

Seus rosto era tão estranho e familiar ao mesmo tempo.

Eu não sabia exatamente.

- Eu estou organizando um evento beneficente este final de semana - ela comentou distraidamente enquanto ajeitava seus fios loiros.

- Eu quero que você vá e leve seu namorado - ela me convidou como se nos conhecêssemos há anos. Ela pigarreou. - Desculpe se parece muito invasivo, ou estranho. Mas você me parece ser uma boa garota, e eu sempre quis ter uma filha. - Ela me deu um sorriso triste.
Agora eu a entendia. Ela queria ter alguém.

- Tudo bem - eu respondi incapaz de negar seu pedido.

Ela sorriu e me entregou um cartão com o contato de uma marca de celulares e eletrônicos famosa dizendo para entrar em contato, então ela se levantou e se despediu.

- Desculpe-me - falei divertida, observando que ela havia me dado o cartão errado.

- Sim? - Ela me encarou surpresa.

- É só que... você me deu um cartão de uma empresa.

Ela sorriu.

- Sim. É a minha empresa. Entre em contato no máximo um dia antes do evento. - Então ela se virou e saiu pela porta fazendo o sino soar.

Encarei o cartão e ergui as sobrancelhas. Hannah se debruçou sobre a mesa e fitou o cartão entre meus dedos.

- Maçãs, hein? - ela comentou assobiando.
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Apenas mais uma {NOANY}Onde histórias criam vida. Descubra agora