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Any Gabrielly:

- Any. - Amanda praticamente deu um salto do sofá quando me avistou passando pela porta. Tirei o avental da lanchonete e o apoiei no braço. Franzi as sobrancelhas.

Ela parecia nervosa e ansiosa. Ela me observou por alguns segundos, olhando atentamente da cabeça aos pés.

Eu havia ficado mais confusa ainda.

- Você vai servir - ela disse simplesmente, puxando seu celular do bolso e discando algo, o apoiou contra a orelha e falou:

- A minha filha é bem bonita, vocês dão alguma roupa cara e de marca à ela e fará estrago neste evento. - Houve uma pausa.

- Eu tenho certeza do que eu digo. - Amanda disse me observando com uma expressão entediada. - Sim, você pode mandar alguém buscá-la em dez minutos. - Ela revirou os olhos e encerrou a chamada.

- Quem está vindo me buscar?

- Eu estava devendo uma ao Dwayne e ele precisa de uma jovem bonita para participar de um evento social. Parece que está faltando uma garota e você é estupidamente bonita, Any. - Ela se sentou novamente sobre o sofá.

Um evento social?

- Que tipo de evento? - perguntei, nervosa. Eu teria que estar em torno de pessoas que eu nunca havia visto em toda minha vida.

- É algo com encontros. Um desses caras ricos que cagam notas irão te levar para sair - ela disse retirando um cigarro de seu maço e o acendendo nos lábios.

Suspirei, aparentemente eu não tinha outra escolha.

- O que eu tenho que fazer?

- Absolutamente nada. Só seja você, os caras adoram esse seu ar doce e ingênuo. - Ela deu uma tragada, indiferente.

Já haviam se passado dois dias desde a festa. Eu evitava a entrada do campus. Sempre me esgueirava pelos fundos da faculdade, com muito cuidado para não me esbarrar com Noah em algum dos prédios do edifício ou nos corredores. Eu sentia a falta dele. Mas eu ainda estava me convencendo de que era a escolha certa, afinal, eu não poderia arriscar morar na rua e perder a faculdade. Isso me arruinaria completamente, o dinheiro da lanchonete não era o suficiente.

Nós éramos diferentes. Nunca daria certo.

Repeti para mim mesma a milésima vez no dia.

- Olha. - Amanda fez um movimento com a cabeça indicando a janela. - Acho que é a sua carona. - Ela me deu um sorriso torto e completamente amargurado. Observei entre as cortinas uma limusine preta enorme. Sacudi a cabeça.

- Eu não posso fazer isso - eu disse recuando dois passos para trás. - Eu não vou me encaixar lá.

Pânico dominou meu corpo.

- Vai ter que se encaixar, querida. Vai ou você está deixando esta casa para sempre. Agora mesmo.

Não fiquei surpresa com a ameaça repetida, eu já estava me acostumando. E então, eu definitivamente não tinha uma opção. Abri a porta e fui até o carro, um homem com roupas formais e óculos de sol briu a porta para mim e eu deslizei para dentro, murmurando um "obrigada".

Fiquei encolhida no banco de couro a viagem inteira, eu respirava levemente e meus movimentos eram todos calculados e mínimos, eu estava com medo de quebrar algo. O carro esbanjava luxo e tinha um mini bar no canto com diversas garrafas caras e taças de vidro.

Se eu estragasse algo por aqui, provavelmente teria que dar um rim para pagar por outro.

Quando paramos em frente a um edifício enorme, que por acaso, também era puro luxo eu não fiquei muito surpresa. O motorista abriu a porta para mim e eu murmurei mais um obrigada. Ele me conduziu para dentro do salão e me levou até uma sala que estava cheia de garotas, todas com vestidos incríveis e cabelos escovados, todas elas eram jovens como eu e muito belas.

Se possível eu havia ficado ainda mais desconfortável com toda a situação, as garotas me lançaram olhares de desprezo e pena enquanto eu passava por elas.
Uma morena alta veio em minha direção e me empurrou em direção à uma cabine.
- Está atrasada, querida. Vista o vestido. Estou esperando aqui fora.

Peguei o vestido branco e delicado que estava pedurado na parede, em um cabide. Ele era lindo e eu estava com medo de que ele fosse rasgar ou manchar, só pelo tipo de tecido, eu sabia que ele deveria ter custado uma fortuna.

O vesti e observei no espelho à minha frente a forma como ele se moldava perfeitamente em meu corpo. Empurrei a cortina vermelha da cabine com timidez e a moça que me esperava do lado de fora me deu um pequeno sorriso mas mesmo assim, ele parecia ser verdadeiro.

- Coube perfeitamente. Está lindo em você. - Ela puxou minha mão até outra sala onde ela me deu uma sandália sem saltos e penteou meus cabelos, colocando uma coroa de flores no topo de minha cabeça.

- Doce. Para não perder o ar angelical que você transmite. - Vi minhas bochechas corarem no através do espelho à minha frente e ela soltou uma risadinha. Havia um crachá em sua camiseta preta escrito Violet em letras cursivas.

Ela retirou seu rádio da cintura e o levou até sua boca:

- Todas prontas, comecem a abertura.

Engoli em seco e ela me guiou novamente até a sala cheia de garotas. Estavam todas em uma fila indiana com números grudados em seus vestidos. Violet colou o meu em um dos meus ombros nús.

- Você é o número dezenove. É a ultima. - Ela me deu um sorriso e um encolher de ombros, sem graça. Então se virou e saiu da sala, me deixando em pânico. As garotas conversavam animadamente entre si e pareciam confortáveis. Por um momento eu as invejei. Fiquei encostada contra a parede, eu era a última da fila também.

- Você sabe quem vai estar aqui no evento? - uma loira à minha frente perguntava para uma ruiva. Ela negou.

- A Sra. Urrea. Mamãe me disse que ela estaria trazendo o seu filho - ela parecia pensativa.

- Não me lembro de seu nome... Doah? Nyah? Goah? - ela gesticulava com as mãos e eu paralizei.

- Noah - a ruiva exclamou e elas soltaram gritinhos em concordância e excitação.
Uma loira que usava um vestido verde virou a cabeça para trás ao ouvir o nome que foi mencionado. Ela avaliou as garotas que estavam na minha frente e torceu o nariz, parecia enjoada.

- Será uma pena que vocês fiquem para trás, meninas. Noah Urrea não gosta de morenas, nem de ruivas. Fiquei sabendo que loiras são seu forte. - Ela jogou os cabelos claros e espessos por cima de seu ombro e ganhou a atenção de todas presente na sala.

Por um momento, eu quis rir.

- Você está apenas balbuciando, meu bem - a ruiva se pronunciou. - Noah Urrea não nega um rabo de saia.

A sala explodiu em risadinhas. Eu me remexi desconfortável pelo assunto. Os olhos azuis da loira varreram a sala como duas lanças afiadas até que eles pararam sobre mim. Ela me encarou com pena, como se eu fosse um coelhinho inofensivo e assustado.

- Quem é você? - Ela me lançou um olhar completamente desprezível.

Todas cabeças se viraram na minha direção. Eu podia sentir meu rosto queimando.

Todo mundo ficou em silêncio, esperando por minha resposta, algumas garotas começaram a murmurar entre sí e eu sabia que elas estavam falando sobre mim. Eu queria morrer pelo constrangimento.

- Vamos meninas! - Violet gritou da porta fazendo que as garotas se voltassem à ela. Suspirei aliviada.

A fila começou a andar e eu a acompanhei sem saber exatamente como funcionava essa coisa, mas no momento eu tinha outra preocupação em mente.

Passar despercebida pelo Noah.
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Apenas mais uma {NOANY}Onde histórias criam vida. Descubra agora