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Observei meu reflexo no espelho.

Por um momento eu quase não me reconheci.

A garota que me encarava de volta era bonita, incrivelmente alta e parecia ser confiante.

Ela não era eu.

Não realmente.

Hannah havia me emprestado um vestido vermelho justo e fez algo esfumado com preto e dourado em minhas pálpebras. Meus pés estavam envolvidos em saltos altos prateados.

- Uau... Eu acho que fiz um ótimo trabalho. - Hannah disse sorrindo enquanto me obervava encostada casualmente contra a porta do banheiro. Ela estava muito bonita, usava um vestido azul royal e seu cabelo estava preso no topo de sua cabeça em um coque elegante.

Dei um sorriso fechado sem saber exatamente o que dizer, eu não estava confortável vestida dessa maneira e muito menos com os saltos que ela havia me emprestado, mas eu não poderia falar isso, ela estava tão feliz e empolgada.

- Eu gostei - menti e seu sorriso cresceu.

IXI

- Ok, agora vamos lá, você vai ter todos os olhares sobre você... Ah, quase me esqueci, eu vou me encontrar com aquele loiro, Josh, não? - ela perguntou distraidamente enquanto caminhávamos.

Meus pés pararam de funcionar abruptamente com a notícia repentina. Senti meu estômago se revirar. Hannah parou de andar e se virou para me encarar. Se Josh estava indo, quer dizer que Noah também estava?

- Hum, você está bem? - seu tom de voz era calmo e cauteloso.

Balancei a cabeça.

- Não é nada. Eu só estava pensando sobre algo.

Ela acenou lentamente com a cabeça e franziu as sobrancelhas. Ela abriu a boca para dizer algo mas a fechou rapidamente e então suspirou, um leve sorriso se esticou em seus lábios.

- Tudo bem, podemos ir. - Ela acenou em direção à saída e nós começamos a caminhar até o estacionamento, onde um carro prata velho e bem gasto estava estacionado. Era o carro de Hannah. Não era lá essas coisas, mas eu não me importava muito com bens materiais.

Meia hora depois estávamos em frente à fraternidade, a música estava muito alta e dava para ser ouvida do lado de fora, Hannah desceu indo até o gramado e eu fiz o mesmo.

- Ok, não aceite bebidas de estranhos, nunca se sabe se algo está misturado com o líquido. Geralmente os universitários costumam usar muitas drogas nestas festas. Não quero que você se torne uma vítima. - Assenti sabendo que toda essa informação era desnecessária, eu já sabia que não deveria aceitar bebidas assim.

- Ok, vamos nessa! - Ela sorriu e segurou no meu braço, ela estava praticamente me arrastando até a porta de entrada já que eu havia ficado imóvel quando avistei a quantidade de pessoas ali dentro. Engoli em seco quando passamos pela entrada, a maioria das pessoas tinham um copo descartável de bebida na mão e dançavam.

- Você quer beber algo? - Hannah gritou por cima de todo o barulho.

- Obrigada, mas eu estou bem.

Dei uma longa olhada no local, era uma casa grande. Os móveis haviam sido afastados, formando uma pista improvisada onde as garotas se movimentavam de forma nada sutil.

Quando me virei para Hannah novamente ela já não estava mais sozinha, ao seu lado, o loiro falava algo que eu não conseguia entender por conta do som e da pequena distância entre nós. Arregalei os olhos e no mesmo momento, ele me encarou. Ele parecia surpreso, e completamente incrédulo, sua boca se abriu e fechou diversas vezes até que ele conseguiu formular uma frase.

- Caramba, Any. Você tá muito gata - ele disse me avaliando dos pés à cabeça. Me remexi desconfortável. Hannah deu uma risadinha e olhou por cima do meu ombro com curiosidade.

- Nossa... - alguém sussurrou perto do meu ouvido, me virei rapidamente dando de cara com o garoto da lanchonete, eu nunca soube seu nome.

E eu não sabia se eu queria saber.

- E então você veio - ele afirmou com os olhos brilhando e Hannah deu um sorriso em aprovação. Josh observava tudo atentamente e logo após puxou o celular, deslizou os dedos com agilidade sobre o mesmo, o enfiou no bolso um segundo depois e saiu guiando a Hannah até a pista de dança.

Suspirei.

- É, parece que sim.

- Desculpe, nós nunca nos apresentamos. Eu me chamo Mason.

- Any - respondi fitando a porta. Eu sabia que ele passaria por ela a qualquer momento.

- Um belo nome, vamos dançar? - E antes que eu pudesse negar ele me arrastou até a pista improvisada. Minhas orelhas queimaram e eu disse a ele que não sabia dançar. As garotas ao meu redor se movimentavam como se dependessem disso para respirar. Eu sabia que não poderia fazer passos iguais a esse. Na verdade, acho que eu não poderia fazer nenhum.

- Eu te guio - ele disse colocando as mãos em minha cintura. Sem saber o que fazer segurei em seus ombros, a música que começou a tocar era lenta e íntima, talvez até romântica demais.

Quando a música acabou Mason se afastou um pouco para olhar em meus olhos, então eles cairam para meus lábios. Seu peito subia e descia lentamente. Eu queria correr dali mas então Noah atravessou a porta, levou cerca de três segundos para ele me encontrar. Seu olhar era surpreso com um misto de adoração, mas então ele desviou os olhos para a nuca de Mason e sua expressão ficou fria.

Eu iria me arrepender tanto disso, eu sabia.

Mas eu precisava.

Suspirei fundo e tomei coragem, Noah já estava andando em nossa direção quando eu selei minha boca contra a do loiro que estava em minha frente. Me afastei logo após percebendo que ele estava imóvel há poucos metros de distância, ele me encarava com a testa franzida e eu me senti péssima por isso. Era necessário.

- Jesus. - Mason murmurou e com a ponta dos dedos, tirou a mecha que caía em meus olhos e a colocou atrás de minha orelha.

Noah se virou e foi embora.

Observei seus passos largos e seus ombros largos se afastarem.

- Desculpe, eu preciso usar o banheiro. - Me afastei imediatamente, esbarrando por alguns universitários enquanto fazia meu caminho até as escadas. Recebi diversos olhares furiosos durante todo o trajeto mas não me importei.

Nada me importava neste momento.
Eu havia o magoado. Eu havia o ferido. Eu havia acabado com a química que existia entre nós.

Tranquei a porta do banheiro e me encostei contra ela, deslizando até o chão frio. E então a primeira lágrima escorreu seguida por mais outras.

No final das contas, Amanda sempre tinha tudo o que queria.
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LOUCURA LOUCURA

Apenas mais uma {NOANY}Onde histórias criam vida. Descubra agora