Sinto o sabor do café dominar minha boca, enquanto o líquido quente parece aquecer meu corpo de dentro pra fora. Por alguns segundos, tento apenas aproveitar a delícia de tomar a primeira caneca de café da manhã e concluo que, definitivamente, essa é a minha bebida favorita. Desanimada, encaro o lado de fora da janela da antiga casa dos Cooper. O jardim estava abandonado e cheio de erva daninha, e não tenho dúvidas de que isso irá me dar um certo trabalho, mas no momento, minha única preocupação é encontrar qualquer bendita tigela pelos armários empoeirados.
— Mamãe, nós vamos nos atrasar. — Cole manifesta, em mal humor.
— Não. Nós não vamos. — Respondo a ele, servindo o cereal em uma caneca grande e vendo seus olhos verdes rolarem em desgosto.
— Não gosto dessa casa. Ela não tem nem tigelas. Aposto que a nova escola vai ser muito chata.
— Querido, nós acabamos de chegar, seja paciente. Prometo que hoje vou começar a arrumar a casa e quando você voltar da escola, terá um quarto decente.
— Por que nós temos que morar aqui? Eu gostava de Chicago. Aqui eu não tenho amigos.
— Nós já conversamos sobre isso. Mamãe ficou sem emprego em Chicago e aqui temos a casa da vovó. E você sabe que irá fazer novos amigos, não sabe?
— Não, eu não sei. E aqui a senhora tem emprego, por acaso?
Tento não soltar um suspiro exasperado. Estava exausta, de pé depois de uma noite mal dormida, e agora tendo que lidar com os questionamentos de uma criança que é inteligente demais para sua idade.
— Não, eu ainda não tenho emprego, mas tenho planos. Vamos lá! Fique animado comigo!
Cole abre um sorriso forçado e enche a boca com uma colherada generosa de cereal. Aproveito a deixa para terminar de preparar o seu lanche e finalizar a lista de compras. De acordo com meus cálculos na noite passada, gastaria todas as minhas economias para reequipar a casa e reabrir o antigo jornal da minha família, mas se meus planos dessem certo, no final valeria a pena e eu conseguiria me estabilizar financeiramente de novo.
Quando Cole termina seu café da manhã, pego sua mochila e lhe entrego a merendeira. Sorrio ao vê-lo ajeitar o cabelo de frente ao espelho, alimentando sua própria pequena vaidade.
Nós saímos juntos em direção ao jardim e tento fazer Cole passar despercebido pela enorme teia de aranha bem em cima da porta. Ao descermos as escadas, observo um olhar curioso no outro lado da rua. Um homem mais velho, de semblante conhecido, nos encarava enquanto regava a grama do jardim.
— Betty? — a voz de Fred Andrews soa surpresa — Betty Cooper?
— Olá, Senhor Andrews. — O cumprimento de longe, torcendo para que esse momento não se estendesse numa longa conversa, caso contrário realmente iríamos nos atrasar para o primeiro dia de Cole na escola.
— Mas eu não posso acreditar — ele sorriu, largando a mangueira e atravessando a rua, esticando os braços para mim — Faz quanto tempo desde que nos vimos? Cinco anos?
— Sete anos e meio, quase oito. — respondo sinceramente, retribuindo seu abraço e vendo os olhos de Fred correr de mim para Cole.
— E quem é esse pequeno rapaz? — O olhar de Fred é analítico e curioso. Sei que ele está reconhecendo um certo parentesco e provavelmente fazendo cálculos em suas cabeça, e esse era o meu maior medo ao voltar para Riverdale. A semelhança de Cole com o pai biológico era gigantesca.
— Esse é meu filho. Cole, diga olá para o Senhor Andrews.
— Olá, Sr. Andrews. — Cole diz de maneira simpática, para então me encarar — Mamãe, podemos ir? Não quero me atrasar.

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Daddy's little love [Bughead]
FanficApós oito anos morando em Chicago, Betty se encontra sem saída e decide voltar para sua antiga cidade, Riverdale, disposta a reabrir o velho jornal da família e conseguir estabilidade para ela e para o pequeno e neurótico Cole, seu filho de seis ano...