Na próxima semana, o príncipe herdeiro irá visitar a nossa ilha para uma reunião com o duque e os dois marqueses de Gruffin, os boatos dizem que ele irá passar um tempo aqui e participar dos eventos da nossa temporada social.
Essa é a chance de nossas belas damas tentarem fisgar o príncipe.
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Joe bateu a porta da frente da sua casa e saiu para a rua, estavam de volta à capital há dois dias, e se dirigiu para a rua principal do bairro. Como todas as terças, ele estava indo para o chá da tarde na casa da mãe, essa fora uma das condições de Kate para concordar com a mudança do filho para uma residência de solteiro em um bairro inferior ao de nascimento dele, ela achava que o filho nunca mais a visitaria se não morasse com ela e o fez jurar que a visitaria ao menos às terças, para o chá.
Enquanto caminhava, - mãos nos bolsos do paletó e o rosto voltado para cima, observando o céu e as árvores da primavera - ele pensava nas palavras que Anthony lhe disse no escritório do rancho, sobre seduzir Alice para que ela se casasse com ele. Uma coisa era usar seu charme para conseguir uma noite com uma dama viúva ou menos abastada da sociedade, outra coisa totalmente diferente era ter uma noite com uma virgem da alta sociedade para forçá-la a se casar com você. E ele nem sabia se queria mesmo se casar com Alice, talvez fosse apenas coisa de momento. Joe se sentia atraído pelo desafio de fazê-la se apaixonar, entre todas as damas que ele já lançara seus poderes de sedução, Alice foi a única que não cedeu, isso tornava tudo ainda mais excitante para ele.
O mordomo da mãe atendeu na segunda batida à porta e o conduziu para a sala de visitas da nova casa da mãe e dos irmãos mais novos. A casa nova de Kate era mais modesta que a mansão em que morava, mas ainda era muito grandiosa e muito bem decorada. Ele parou na porta da sala de visitas, olhando para as damas no ambiente e concentrou sua total atenção em uma delas; Alice estava sentada ao lado de Emma em um dos sofás, usando um vestido vermelho com um decote que valorizava seus seios fartos e os cabelos presos em um coque trançado, um sorriso enorme no rosto.
- Ah, Joseph! - Kate exclamou animada, atraindo a atenção do filho. - Venha, sente-se aqui ao meu lado.
Ele abriu um pequeno sorriso e caminhou em silêncio até a sua mãe, sentando-se ao seu lado no sofá. Emma voltou a tagarelar, ignorando a chegada do irmão, ele agradeceu a Deus por isso, não sabia o que falar, perdeu a compostura ao ver Alice ali. Kate serviu uma xícara de chá para Joe e ele roubou um dos biscoitos na bandeja sobre a mesa de centro, mantendo-se ocupado para não precisar falar nada.
- Comprei isso especialmente para você. – Kate lhe estendeu uma caixa de metal que estava escondida debaixo de uma almofada, ela já o esperava.
Todos na sala observaram Joe pegar a caixa e avaliá-la com uma expressão curiosa.
- Chocolates? – indagou ele, arqueando uma sobrancelha.
- Chocolates importados. Daqueles que você ama. – Kate sorriu de forma amável.
Beth sorriu do seu lugar ao lado de Alice no sofá.
- Mamãe, isso não vai funcionar. – Alegou a irmã.
- Ah, parem de ser chatos, só estou presenteando o meu filho com os chocolates que ele ama. Que mal há nisso?
Aqueles eram os chocolates que Joe sempre gostou, seus preferidos. A avó dele, Bethany Woods, que o apresentou os doces, ele os roubava escondido das gavetas dela quando era criança.
- Claro, e agora eu suponho que a senhora irá abordar algum assunto indelicado que eu provavelmente não vá gostar. Estou certo? – ele concentrou sua atenção na matriarca.
- Bem, eu iria esperar você comer alguns biscoitos, tomar o chá e experimentar o chocolate, mas posso falar já. – Ela encolheu um pouco os ombros.
- Acredito que seja melhor dizer de uma vez. – Ele praticamente implorou.
Sobre o que Kate iria falar para precisar suborna-lo com chocolates caríssimos e importados?
- Lowe virá para a cidade na próxima semana como representante do rei e seu irmão se recusa a recebê-lo na Casa Campbell. – Declarou Kate. – Pensei em pedir que hospedasse a ele e um acompanhante na sua casa. Será apenas por duas semanas.
Lowe Campbell, o primo de Joe e filho do rei, herdeiro do trono de Fernsby e o maior boboca que já pisou nas terras do reino.
- Nem por um navio todo de chocolates! – Joe exclamou e olhou para Beth, que ria. Ela provavelmente também se recusou a receber o almofadinha.
- Ah, ele é uma pessoa agradável. Não seja tão ruim com ele, Joe. – Cat entrou na conversa, roubando outro biscoito.
- Tão agradável quanto ter um prego fincado na testa. – Rebateu ele.
Emma riu e Alice a acompanhou, fazendo o peito de Joe apertar ao vê-la rir, ele se parabenizou, mesmo não tendo sua intenção fazê-la rir.
- Você tem duas suítes de hospedes na sua casa. – Argumentou Kate. – Não custa nada ajudar.
- Sim, mas não tenho criados suficientes para lidar com o príncipe herdeiro. Nem paciência. – Joe disse depois de morder seu biscoito. – É por esse motivo que Anthony emitiu um humpf de irritação quando eu disse que viria para cá?
- Mamãe tentou convencê-lo a receber o nosso primo, mas ele se recusou e os dois tiveram uma discussão. – Emma, como a fofoqueira que é, contou.
- Bem, talvez a senhora devesse pedir a ajuda de Sophie, ela é a única que pode exercer influência sobre Anthony. – Joe deu de ombros.
- Está dizendo que eu não influencio meu próprio filho? – Kate fitou o filho com um pouco de raiva e desconfiança.
- Mamãe, a senhora, exatamente por ser mãe dele, não pode negar a ele o que Sophie pode para influencia-lo.
- O que quer dizer?
Joe abriu um sorriso de lado para a mãe e deu uma olhada nas mulheres na sala, Alice e as irmãs, com exceção de Beth, pareciam confusas. Beth estava corada, tinha entendido o que ele queria dizer e tentava disfarçar bebericando seu chá. Provavelmente a irmã usava esse tipo de influência sobre o cunhado... pobre Peter.
- A senhora foi casada por mais de duas décadas e possui seis filhos, mamãe, sabe muito bem do que estou falando. – Joe disse e bebericou seu chá, contendo um sorriso.
Kate engasgou com o chá e corou.
- Você acha que Sophie faria isso? – pediu ela. – Não seria muito justo com Anthony.
- Ah, mamãe, não é tão ruim assim. – Beth disse com um sorriso.
É, Joe tinha razão, ela usava isso contra o marido. Mais uma vez, pobre Peter.
- Bem, não custa tentar. - Ele dá de ombros. - Ou o príncipe pode dar com a cara na porta e ir procurar uma hospedagem.
- Mas como vou pedir isso para minha nora?
- A senhora sempre dá um jeito.
- De que é que estão falando? – Cat exigiu saber.
- Saberá quando for casada. – Beth disse com um sorriso.
- Pobre Peter. – Agora Joe disse em um sussurro, a irmã lhe lançou um olhar travesso.
- Acreditem, sempre funciona. Sophie com certeza sabe fazer isso e vai lhe ajudar. – Beth disse para a mãe.
- Vocês, damas, são seres extremamente cruéis. – Joe declarou, se levantando. – Agora, se me dão licença, tenho uma reunião com o duque, que, por acaso, é o meu irmão mais chato e que odeia atrasos. Ainda devo lembra-las que ele está terrivelmente irritado hoje por conta de uma conversa com a mamãe e a visita futura do boboca herdeiro.
Ele deu uma última olhada na sala, a confusão parecia não estar mais no rosto de Emma e Alice, a única que ainda estava confusa com o assunto era Catarina.
- E vou levar isso. – Ele olhou feio para a mãe e pegou os chocolates antes de sair da sala.
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Um devasso incurável
Historische RomaneLivro 3 da série Família Campbell. Joseph Campbell, o belo segundo filho do duque e amado pelas mães casamenteiras de Gruffin, é o tipo de homem que não se importa com o dia de amanhã, vive para a sedução e o prazer carnal. Apesar de passar poucas n...