Tudo de que precisamos na nossa vida de vez em quando, é um pouco de coragem e ousadia para mudar. Respirar novos ares pode fazer bem para nós e nos ajudar a colocar os pensamentos em ordem.
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Na manhã de quarta-feira, Alice estava sentada na sala de visitas da casa do irmão, esperando enquanto o mordomo fora anunciar a sua chegada. Seu plano estava todo elaborado, ela sabia exatamente o que falar e fazer, passara toda a noite pensando sobre isso e as possíveis variantes para o seu plano, ela precisava que tudo saísse da forma como ela planejara. Para começar, ela precisava falar com Bernardo, e precisava que não fosse na casa da mãe.
Ela observou atentamente enquanto o irmão caminhava até o sofá à sua frente, ela abriu um sorriso amigável para ele, tentando conquistar a empatia dele, em primeiro lugar.
- Lice, o que faz aqui? – ele perguntou, sentando-se. – Algum problema?
Ela já ia dizer que não, mas pensou melhor.
- Na verdade, sim. – Ela disse, fazendo uma expressão de tristeza, tinha ensaiado aquilo a noite toda. – Eu vou fazer vinte e três anos, Bê.
- E isso é um problema? – o irmão parecia realmente confuso.
- Eu sou uma Brown e vou fazer vinte e três anos estando solteira. – Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Aquilo realmente estava sendo muito fácil, a cara de pena de Bernardo estava fazendo-a querer rir.
- A mamãe continua te importunando? – ele se levantou e sentou ao lado dela, abraçando seus ombros. – Ser solteira aos vinte e três não é vergonha, Lice, você só deve se casar se estiver apaixonada, não porque acha que está ficando velha. Vou falar com a mamãe sobre isso, pode deixar.
- Não. Por favor, não. – Ela disse, olhando nos olhos castanhos idênticos aos seus. – Eu queria pedir algo a você.
- Qualquer coisa. – Ele prometeu, puxando-a contra o peito.
Ótimo, tudo indo bem!
- Todos os cavalheiros da ilha já me conhecem, Bê, ninguém quer se casar comigo aqui. – Ela fingiu soluçar e limpou suas lágrimas falsas. – Quero pedir a você se eu posso ir ao continente, passar alguns meses com a tia Prudence, eu poderia arranjar um marido no continente.
- A tia Prudence? Pensei que não gostasse dela. – Bernardo franziu a testa.
- Eu não gosto dela, ela é exatamente como a mamãe, mas eu preciso fazer alguma coisa para conseguir um marido. Talvez se eu for para algum lugar novo, onde não me conheçam ainda, eu consiga encontrar alguém.
- Tem certeza que quer isso? Você não precisa fazer isso, Lice.
- É a melhor escolha.
Ela enxugou as lágrimas que escorriam, depois fitou as mãos no colo. Tudo correndo conforme os planos dela.
- Mas, e o Sr. Campbell? Ele não estava cortejando você? Pensei que gostasse dele e que ele fosse te pedir em casamento.
Ela havia previsto isso em uma das suas dez linhas de seguimento para seu plano, então ela balançou a cabeça melancolicamente e disse:
- Ele não vai me pedir em casamento. Não sei o que houve, mas ele não me quer. – Ela soluçou.
- Como pode saber disso?
- Ele mesmo disse. Da última vez que nos vimos, ele disse que não queria se casar comigo.
- Ah, pobrezinha. – Ele abraçou a irmã com força e ela sorriu contra o peito dele. – Sinto muito, Lice.
- Por favor, Bê, me deixe ir para o continente. É minha última esperança. – Implorou ela, voltando a olhar nos olhos do irmão. – Por favor...
Ele concordou com a cabeça.
- Vou escrever hoje mesmo para a tia Prudence e avisar que você partirá na semana que vem.
- Não. – Ela disse rapidamente. – Essa semana, por favor.
Ele franziu a testa com a insistência dela.
- Quero ir antes de fazer aniversário, por favor...
Ela forçou mais lágrimas a rolarem e enfiou o rosto no peito molhado do irmão, que a abraçou de novo.
- Por favor, Bê, se você se importa comigo, faça isso por mim.
- Tudo bem, vou providenciar para que você embarque ainda essa semana.
Ela sorriu, não pôde evitar.
- A mamãe...
- Eu falo com ela. – O irmão garantiu. – E vou separar algum dinheiro para você também, não se pode viajar sem uma boa quantia hoje em dia.
- Você é o melhor irmão do mundo, Bê! – Alice o abraçou de novo.
Aquilo foi muito fácil.
- Mas você tem que me prometer que não vai se cobrar muito, faça essa viagem como algo para relaxar, sem se preocupar com casamento. Vá conhecer a capital e ver como o mundo é bonito, se você encontrar alguém, se case, se não, volte para casa e eu vou estar aqui para te ajudar. Não dê ouvidos para as ideias da mamãe.
Ela se obrigou a sorrir e continuar sua farsa. Se sentia mal por mentir para o irmão, mas não aguentava mais ser o desgosto da família, já devia ter feito isso muito tempo antes.
- Vou voltar para casa com um homem bom para pedir a minha mão, prometo! – ela disse com um sorriso.
- Lice...
Ela revirou os olhos.
- Tudo bem, eu vou aproveitar a viagem e não vou me preocupar com isso.
- Agora está melhor. – O irmão sorriu também. – Eu só quero vê-la feliz.
- Obrigada. Eu amo você!
Ela o abraçou de novo, mas ele a afastou e segurou o rosto dela nas mãos.
- A tia Prudence vai providenciar uma dama de companhia e cuidar de você, mas quero que me prometa que não vai deixar ninguém se aproveitar de você até estar sob o cuidado dela. Eu não sei o que faria se alguém desonrasse você...
Alice corou com essas palavras. Ela já tinha sido desonrada.
- Bernardo! – disse em tom de advertência.
- Quero que me prometa.
- Tudo bem, eu prometo. – Ela disse, desviando o olhar, sentia-se totalmente corada.
Alice abraçou o irmão de novo, querendo gravar como era estar abraçada a ele. Até o fim da semana ela teria ido embora, e não voltaria, por mais falta que pudesse sentir dos irmãos. Da mãe ela não achava que sentiria falta, mas dos irmãos, sim, ela sentiria muita falta. Eles sempre foram muito unidos, os três contra o mundo e contra Marie Brown. Desde que o pai morrera, quando Alice tinha sete anos, Bernardo era praticamente seu pai, e uma mola que absorvia os impactos entre ela e a mãe. Seria muito difícil ir embora e deixar os irmãos para trás, mas ela precisava de um lugar onde ser ela mesma, onde pudesse ser feliz e não ter ninguém que a julgasse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um devasso incurável
Fiksi SejarahLivro 3 da série Família Campbell. Joseph Campbell, o belo segundo filho do duque e amado pelas mães casamenteiras de Gruffin, é o tipo de homem que não se importa com o dia de amanhã, vive para a sedução e o prazer carnal. Apesar de passar poucas n...