Capítulo 17. De forma alguma!

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No baile da última noite, o Sr. Campbell, Joseph, o queridinho das mamães e desejado pelas filhas, não foi visto. Curiosamente, a Srta. Alice Brown também não estava presente.

Os boatos dizem que talvez o casal tenha passado a noite juntos enquanto suas famílias estavam no baile.

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

A parte mais difícil de tudo foi conseguir inventar uma desculpa para a mãe, Joe passou todo o chá da tarde na casa da mãe lhe dizendo que não podia acompanha-la ao baile pois... pois... não conseguia pensar em nada que não fosse a verdade. Então ele disse a primeira coisa que veio a sua mente: teria um encontro com um amigo da universidade no clube, um amigo muito próximo e que estava passando pela ilha a negócios. Kate desconfiou e disse que o filho iria atrás de alguma amante, então ele inventou toda uma história para seu amigo de universidade. Michael havia estudado com ele e os dois dividiram alojamento por dois anos e blábláblá. Ela finalmente acreditou e dispensou o filho de acompanhá-la ao baile.

A noite estava fria quando ele saiu de casa, caminhando com cuidado pelas sombras, não podia se atrasar, Alice mandou que ele chegasse pontualmente e ele obedeceria à risca. As ruas estavam vazias, mas ele cruzou a calçada da casa onde o baile da noite acontecia, muitas carruagens estavam ali e alguns cocheiros o viram passar, mas ninguém se importava com cocheiros.

***

Alice estava ansiosa, fitando o relógio na cozinha da casa, estava de olho na porta dos criados também. Joe deveria chegar em breve.

Ela não sabia o que falaria a ele, não sabia porque o tinha chamado ali, mas ela não parara de pensar na tarde de segunda-feira, precisava saber o que estava acontecendo entre os dois, precisava de mais daquilo. Talvez ela estivesse apaixonada por Joe Campbell, um devasso, e estava cansada de tentar agradar todo mundo ao seu redor. Se Deus lhe tirou o seu maior sonho, que era ser mãe, porque ela se importaria com um pecado aqui e outro ali?

***

Uma batida de leve na porta, depois mais duas seguidas. Ele esperou cerca de um minuto e a porta se abriu. Alice estava com roupas de dormir, o tecido fino do seu vestido branco não tinha um corte tão requintado, mas tinha um caimento perfeito no corpo dela. Seus cabelos estavam presos em um coque simples e os olhos brilhavam com a pouca iluminação, apenas uma vela nas mãos.

- Suba em silêncio. – Ela disse, sem nem o cumprimentar. – Vamos para o meu quarto.

- O seu quarto? – ele perguntou, arqueando uma sobrancelha, confuso.

- Sim, vá logo.

Joe subiu pela escada dos criados e ela subiu logo atrás. No corredor do andar de cima, ele deixou que ela fosse na frente e lhe mostrasse o caminho, então entrou no quarto dela, onde algumas velas estavam acesas, não eram muitas para chamar a atenção de quem estivesse do lado de fora, mas iluminava o ambiente. Todo aquele segredo e perigo estava sendo bem excitante e ele precisou se controlar para não a agarrar com aquele vestido fino.

Ele se sentou na cama de Alice e observou ela colocar a vela na escrivaninha do quarto, encaixada perfeitamente no recuo da janela. Depois ela caminhou até ele e se sentou à sua frente na cama, olhando fixamente nos olhos dele.

- Sobre o que quer conversar? – ele perguntou em voz baixa.

- Por que fez aquilo na sala de visitas? – a voz dela também não passava de um sussurro. Mesmo que a mãe não estivesse em casa, eles ainda tinham criados que podiam ouvi-los.

Joe pensou por um momento. Ir direto ao ponto ou se fazer de dissimulado?

- Eu não sei. – Ele negou com a cabeça. – Eu... não sei. Me desculpe, aquilo não estava no acordo e...

Um devasso incurávelOnde histórias criam vida. Descubra agora