O amor é algo que pode ser sentido e compreendido de formas diferentes para algumas pessoas.
Às vezes, algo que a gente começou de maneira totalmente despretensiosa, se torna algo que não podemos mais viver sem.
Ninguém acorda em um dia e decide que irá se apaixonar.
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Bernardo insistiu o caminho todo para que Alice contasse o que estava acontecendo, ela se negou e ficou completamente em silêncio, até que chegou ao seu limite de paciência e disse que ele estava sendo chato e controlador como a mãe, então os dois começaram a discutir e ela pensou que seria expulsa da casa do irmão também.
- Eu odeio você! – ela sibilou ao passar por Joe quando desceu da carruagem, ignorando a mão que ele estendeu para lhe ajudar.
A única resposta dele foi um sorriso de lado. Ele parecia completamente calmo e relaxado, o que só fazia Alice ter ainda mais raiva.
Bernardo permaneceu em silêncio durante todo o caminho até o escritório dele, seu olhar estava direcionado à frente, ele não se importou em olhar para a irmã ou para Joe.
***
- Vocês têm meia hora para se resolverem e me explicar essa situação. – Foi tudo que o irmão de Alice disse antes de fechar a porta do escritório e deixar os dois sozinhos ali.
Joe podia ver a raiva nos olhos de Alice, e ela ficava ainda mais bonita daquele jeito. Ela se sentou em uma das cadeiras de frente para a mesa do irmão, os braços cruzados contra o peito, e Joe caminhou até a outra e se sentou.
- Alice? – ele chamou em voz baixa, o olhar dela não se desviou do ponto em que ela fitava. – Por favor, você pode olhar para mim?
- Você não tinha o direito. – Ela disse, sem olhar para ele.
- Era a única forma, você não me deixou outra escolha. – Ela ainda não o olhava, então Joe escolheu dizer o que ela queria ouvir. – Me perdoe. Eu não deveria ter ameaçado contar para o seu irmão, me perdoe.
Ela olhou para ele, os olhos já estavam mais suavizados, e ele teve que se segurar para não sorrir.
- Eu amo você, por favor, entenda isso. – Ele disse, se inclinando para a frente, na direção dela. – Não posso simplesmente deixar você ir embora, eu quero me casar com você.
- Mas eu não quero me casar com você.
O coração dele se apertou ao ouvir isso, mesmo Joe já sabendo que seria difícil convencê-la.
- Por que você se proíbe tanto de ser feliz? – as palavras saíram da boca dele antes mesmo que Joe pudesse segurar, então ele ganhou a atenção dela. – Por que você escolhe continuar sofrendo se pode ser feliz? Eu posso fazer você feliz.
- Mas eu não posso te fazer feliz. – A voz dela saiu baixa. Joe só queria abraçá-la e garantir que estava tudo bem. – Eu nunca poderia dar filhos a você, e isso me deixaria triste.
- Eu não quero que você me dê filhos, só quero você. – Ele se aproximou mais dela.
Uma lágrima escorreu pela bochecha dela e, antes que Joe pudesse pensar, já estava enxugando-a com o polegar.
- Eu não posso viver sabendo que tirei de você essa oportunidade, assim como um dia isso foi tirado de mim. Não posso viver sabendo que você sofre por não ter filhos e a culpa ser minha.
A única coisa que Joe perguntou foi:
- Alice, você me ama?
Os olhos dela brilharam, ela parecia muito frágil e triste, e apenas assentiu com a cabeça.
- Eu amei você desde quando éramos crianças, mas nós crescemos, você foi para a universidade e nós nos afastamos. Eu sofri o meu acidente e descobri que não poderia mais ser mãe, então me obriguei a parar de ter esperanças, seja com você ou com qualquer outro homem. – Ela confessou em voz baixa e viu os cantos dos lábios dele se repuxarem para cima.
- Então você mentiu para mim. – Ele disse, sorrindo. Ao ver a incompreensão no rosto dela, ele esclareceu. - Quando fizemos o acordo, eu perguntei se você me amava ou já tinha me amado, você disse que não.
Alice sorriu um pouco também. Aquela foi uma mentira inconsciente, ela mal se lembrava de que um dia já tinha amado Joe, estava mais ocupada com as formas de evitar que a mãe a vendesse para algum velho babão à procura de uma esposa.
- O importante é que nos amamos agora. – Joe disse.
- Joe...
- Por favor. – Ele pediu, apertando as mãos dela. – Esses dias que eu passei em Clark me fizeram pensar muito em tudo isso, eu amo você e quero estar com você, Alice. Não me importo com a sua infertilidade, eu amo você do jeito que você é. Eu estava em um orfanato cheio de crianças sem pais, isso me fez ver que, assim como existem muitas crianças sem pais, existem muitos pais sem filhos também. Se nós não pudermos ter filhos, nós vamos adotar. Vamos adotar umas dez crianças, comprar uma casa enorme e seremos muito felizes.
- A sociedade não vê a adoção com bons olhos, todos vão olhar para você como o homem que a esposa não pode engravidar e que adotou os filhos dos outros. – Alice diz, com mais lágrimas escorrendo. – Eu já pensei sobre tudo isso, há anos que eu carrego isso dentro de mim, não há nada que você possa dizer que eu não tenha pensado antes.
- A sociedade não vê muitas coisas com bons olhos. – Joe dá de ombros. – E eu não me importo com a sociedade. Por favor, me deixe ser feliz ao seu lado.
- Eu não posso. – Ela repetiu. – E, mesmo que eu pudesse, você ainda é um devasso, não posso acreditar que alguém como você pode amar alguém como eu.
Joe suspirou. Tudo sempre acabava voltando para isso. Por que um devasso não podia perceber que simplesmente não queria mais ser um devasso? Devassos não podem se apaixonar e querer passar a vida toda com uma mulher só?
- Alice, me desculpe, - Joe pede, sua voz séria. – Mas a sua mãe é uma verdadeira vaca. Você cresceu com ela te menosprezando e você passou a aceitar isso e tomar as palavras dela como verdade, mas me deixe dizer uma coisa: você não é como a sua mãe diz. Você, Alice, é uma mulher de muitos encantos, extremamente atraente e bonita. Você tem uma personalidade incrível, um sorriso lindo e uma forma amigável de falar com as pessoas que conquista qualquer um.
Ela sorriu de maneira amarga.
- Pena que apenas você veja isso tudo em mim. – Ela encolheu os ombros. Joe apertou suas mãos, fazendo-a olhar nos olhos azuis dele.
- Então os outros são muito idiotas de não verem isso tudo, e é melhor para mim que os outros não vejam, assim eu posso ter você apenas para mim. – Ele abre um sorriso de lado. – Seria muito mais difícil de conquistar você se tivesse uma fila de outros homens na sua porta.
Ela não pôde evitar de sorrir, era por esse motivo que não queria vê-lo, ele sempre era muito gentil com ela e fazia ela ver o lado bom das coisas. Joe se ajoelhou na frente dela e segurou seu rosto nas mãos.
- Case-se comigo, porque, se você não fizer isso, eu serei eternamente triste, e a culpa será sua. Case-se comigo e prove para a sua mãe que ela estava errada sobre tudo que já disse sobre você. Case-se comigo e deixe que eu a faça feliz também, eu lhe darei o mundo se me pedir. – Joe colocou a sua testa contra a dela, olhando no fundo dos olhos dela. – Apenas case-se comigo, depois nós vemos o que faremos. Nós somos jovens e não precisamos ter pressa para nada além ir ao altar, porque já cometemos alguns deslizes que requerem que façamos isso.
A dúvida brilhava nos olhos dela. Alice permaneceu em silêncio, engolindo em seco enquanto olhava no azul dos olhos dele.
- Por favor, case-se comigo. – Joe pediu.
- Eu odeio você por ser tão convincente quando quer. - ela sorriu, ainda olhando para ele. - Sim, eu caso!
Ele tomou-a nos braços e a abraçou, queria beijar seus lábios, mas primeiro precisava sentir o corpo dela junto ao seu de novo. E então, depois, ele a beijou.
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Um devasso incurável
Ficción históricaLivro 3 da série Família Campbell. Joseph Campbell, o belo segundo filho do duque e amado pelas mães casamenteiras de Gruffin, é o tipo de homem que não se importa com o dia de amanhã, vive para a sedução e o prazer carnal. Apesar de passar poucas n...