Capítulo 5. LOUCO!

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Enquanto muitas famílias do interior vêm passar a temporada na capital, para tentar fisgar um marido ou esposa para os filhos, as famílias da capital tiram férias no interior para relaxar...

Hoje a cidade se despede da família Campbell, que passará uma semana no campo, como todos os anos, e no fim de semana, a nova duquesa dará seu primeiro jantar no rancho da família, mantendo a tradição. Esta autora se compromete a narrar cada detalhe para todas as leitoras.

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

Joe não aprovava muito a ideia de ter Alice com eles durante as férias, tinha certeza absoluta que Anthony estava por trás disso também, sabia que ele estava tentando fazer com que ele e Alice se aproximassem e até que ele cometesse algum deslize que o comprometesse. Foi isso que aconteceu com Beth e Peter quando estavam juntos no rancho, e agora os dois estavam casados e com três filhas.

- Você não me parece muito feliz hoje. - Emma comentou, olhando seriamente para o irmão.

- Humpf. - Grunhiu ele revirando os olhos e olhando pela janela da carruagem, já estavam chegando.

- Sou uma boa ouvinte. - Ela voltou a falar.

Por Deus, por que ela tinha que ser tão insistente e chata?

- Ele está assim por causa da Srta. Brown, não queria tê-la conosco na viagem. - Cat comentou e ele lhe olhou com o ódio visível nos olhos.

- Pensei que gostasse dela. - Emma pareceu refletir. - Pensei até que se casariam.

- Joe vai se casar? - Caleb, que sempre fora o irmão mais tímido e quieto, entrou no assunto, olhando surpreso para os três irmãos na carruagem.

- Vai. - Emma disse, muito feliz. - Eles não teriam filhos lindos? Três meninos e cinco meninas, a menina mais velha se chamaria Emma, em homenagem a mim, já que sou a irmã favorita.

- Gisele Robinson ficará profundamente triste com a notícia.

- O que? - Joe e Emma exclamaram em uníssono e encararam Caleb, que sorriu inocentemente.

- Ah, todos viram como ela lhe olhou no recital. - O ruivo voltou a falar. - Não foi um olhar apenas de admiração, mas sim de... deixe para lá. - Ele descartou o pensamento, olhando para as irmãs na carruagem, depois voltou a fitar Joe. - Quantas vezes?

Emma olhava de um para o outro de maneira confusa, isso alegrou Joe, amava ver a irmã sem saber o que dizer ou fazer, ela odiava ficar por fora dos assuntos.

- Você é meu irmão mais novo. - Ele disse, revirando os olhos, indicando que não falaria sobre isso com o rapaz, que apenas continuou fitando-o e exibindo um sorriso travesso, o mesmo que Joe dominava e usava com frequência. - Muitas! - Admitiu por fim e Caleb sorriu enquanto balançava a cabeça.

Como ele calculara, a carruagem parou, estavam em Gwendolin. Ele desceu da carruagem primeiro e esperou o irmão descer, depois ele auxiliou as irmãs a saltarem e pararam próximos da carruagem. A mãe já estava juntando os filhos com o mesmo método de sempre, mas agora incluindo os agregados.

- Anthony e Sophie, Joe e Alice, - Ela contou-os como um casal mesmo? Isso confundiu Joe por um momento. - Beth e Peter, Emma, Caleb... Caleb... - Kate olhou confusa para os lados, procurando entre as amas dos netos e os irmãos mais novos de Sophie. - Onde está a Catarina? Por que ela sempre some?

Kate estava prestes a começar a surtar quando a menina apareceu, toda feliz com um cãozinho no colo, ela sempre amara os cães do rancho.

- Escapamos por pouco de sermos colocados em escadinha. - Joe comentou e Peter sorriu ao lado dele.

- Eu sempre quis ver isso. - comentou o cunhado.

- Você ainda vai ser o motivo da minha morte. - Kate disse para a filha caçula, que a encarou com seriedade.

- Tem outros cinco filhos, perder-me por alguns minutos não fará muita diferença. - Disse a menina, antes de voltar a encarar o animalzinho no colo. - Podemos entrar? Estou com fome.

A família, que crescera consideravelmente nos últimos anos com a chegada de Sophie e os irmãos mais novos e as filhas de Beth e Peter, foi toda para a mesa da grande sala de jantar da casa, onde o mordomo já os esperava com o almoço todo servido, mantendo a tradição de preparar todos os pratos preferidos de cada um. Joe observou por um instante enquanto a mãe colocava um pedaço de pato assado com ervas finas e vinho no próprio prato, era o prato preferido do pai, e ela sempre ficava triste em momentos como esse, quando todos estavam felizes sem ele. Mas a verdade era que todos sentiam falta do pai, cada um do seu modo, mas sentiam.

Ele se lembrava perfeitamente do dia em que o pai o ensinara a andar a cavalo, ali no rancho mesmo, ele tinha apenas quatro anos. O pai colocou Anthony sobre um cavalo e depois disse que naquele dia Joe não iria andar no cavalo com o pai, ele ficou super feliz em ter o próprio cavalo e podia lembrar-se como se fosse ontem da frase que a mãe gritou:

- Se eles se machucarem, quebro a sua perna! Está me escutando, Liam Campbell?

E o pai sorriu para ela e respondeu:

- Seja mais otimista, meu amor!

Mas, no fim do dia, o pai realmente apanhara de Kate. O cavalo havia se assustado com algo e Joe não sabia como controlá-lo, acabou caindo no chão. Para a sorte dele, no dia seguinte, Liam tinha tantos roxos pelo corpo quanto ele.

Ele sorriu com a lembrança e voltou a olhar para a família toda ao redor da mesa, podiam não ser perfeitos, mas seriam capazes de dar a vida um pelo outro. Se odiavam em alguns momentos, como quando Anthony o forçava a se casar ou dizia para ser menos devasso, ou quando Emma se intrometia em sua vida, o que acontecia com mais rigor do que ingestão de remédio controlado - três vezes ao dia, sem falta - mas eles se amavam.

E, no meio de tudo isso, lá estava ela, Alice Brown, acomodada entre a família dele, em uma farsa que ele a enfiou quase que contra a vontade dela. Joe olhou para ela por um instante, como ela se adaptava bem à família, como parecia fazer parte da família dele. Alice estivera ali todos aqueles anos, perfeitamente acomodada entre a família dele, sempre por perto, sempre no seu coração, mas ele nunca tinha se importado em notar isso. Ele a amava. Talvez não fosse tão ruim se casar com ela. Talvez pudesse ser bom. Ela sempre estivera ali, mas ele nunca realmente a notou, eram amigos e ele a tinha em alta conta, talvez Anthony pudesse ter razão, qual o sentido de procurar por mulheres diferentes a cada noite se você pode ter uma a sua espera em casa, disposta a te dar amor e atenção sempre? Seria bom ter alguém sempre ao seu lado, para cuidar, proteger e amar mutuamente. E por que não ela? Talvez Alice fosse o seu destino desde o início, sempre por perto para que ele a encontrasse. Ela era atraente, não tinha uma beleza cegante como a das amantes que ele cultivara nos últimos anos, mas era, sim, bela. A forma como sorria e pequenas covinhas surgiam em seu rosto, as parcas sardas logo abaixo dos olhos dela, os olhos cor de chocolate que continham uma inteligência não compreendida por muitos, os lábios cheios e rosados... Não!

Ele não podia se permitir pensar nisso, ela não o amava e não sonhava em se casar, seja com ele ou com qualquer outro, e ele tampouco queria se prender a uma mulher.

Anthony e sua filosofia casamenteira estavam entrando em sua mente e fazendo-o mudar de ideia sobre o matrimônio, mas ele não podia permitir isso. Ainda tinha vinte e três anos, podia curtir mais sete anos de devassidão para depois, e só depois, pensar em se casar. Deveria estar ficando louco em considerar tal hipótese. LOUCO!

Um devasso incurávelOnde histórias criam vida. Descubra agora