A família Brown retornou mais cedo de suas férias no campo, a senhorita Alice sofreu um acidente com um cavalo e está com uma perna quebrada. Uma fonte segura nos disse que ela está bem e não sofreu nada grave, mas o acidente foi o suficiente para trazer a família toda de volta para a cidade.
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
Alice Brown era uma garota sonhadora e feliz quando criança, seus dias se resumiam em bolo de melado e brincadeiras perigosas com seus irmãos. A sua amizade com Elizabeth Campbell, filha do duque de Gruffin, era algo que sua mãe via com profunda consideração, já planejando o casamento dela com um dos dois irmãos mais velhos de Beth. Alice sonhava acordada às vezes, imaginando-se tendo Anthony ou Joseph Campbell como esposo, não importava qual dos dois fosse. Em certa altura da sua vida, até se apaixonou pelo carismático e atencioso Joe, mas não passou disso, uma paixão boba, quando ela cresceu e ele foi para a universidade, Alice viu que aquilo nunca aconteceria.
Quando sua vida mudou, ela já não sonhava mais com Joseph Campbell há muito tempo. Alice tinha apenas dezenove anos, era uma tarde ensolarada e a família Brown estava toda na casa deles no interior, como faziam todos os meses. Bernardo e a esposa estavam sentados lado a lado em um banco sob uma árvore, conversando sobre algo banal, Alice e Annabel estavam cavalgando. A jovem Alice não imaginava que aquela seria a tarde em que perderia o seu maior sonho, algo lhe seria tirado e mudaria completamente a sua vida.
- Vamos apostar uma corrida! – Anna disse animada, parando o seu cavalo próximo da irmã. – Quem chegar primeiro em casa pode ficar com a cama maior.
- Deixe de ser boba, eu sou mais velha, a cama maior é minha. – Alice disse, descartando a sugestão da irmã com um gesto de mãos.
- Bem, então vamos ver. – A irmã cruzou os braços. – Tem medo de perder?
- Anna, correr a cavalo nestes vestidos é perigoso. Podemos nos machucar.
- É só dizer que não tem coragem...
- Tudo bem, então. Mas se algo te acontecer, a culpada não serei eu. – Alice disse em tom de aviso.
- Digo-te o mesmo! – Ela sorriu. – Um, dois, três... Já!
A menina enfiou as esporas no cavalo e saiu em disparada, Alice saiu logo atrás, mas, ao contrário da irmã, ela seguiu por dentro do pequeno bosque, seria mais rápido ir por ali.
O cavalo corria muito rápido e os olhos de Alice ardiam devido ao vento cortante, a adrenalina lhe tomando por completo, aquilo estava sendo muito bom e...
- Aaaaaah! – Gritou ela ao cair do animal, não viu o galho à sua frente, que bateu na sua barriga e a derrubou.
Primeiro sua visão se turvou em um claro, então a dor percorreu o corpo e a escuridão a envolveu
***
Quando Alice abriu os olhos, estava sendo levada para casa nos braços do irmão mais velho, seu corpo todo doía e seus olhos estavam molhados pelas lágrimas que lhe escorriam.
- Você está bem? – Bernardo perguntou, preocupado.
- Não sei... – Ela disse, confusa. – O que houve?
- Você caiu do cavalo. Está com a perna sangrando, mas já foram chamar o médico.
Ela foi colocada na cama, a mãe e o irmão lhe dando uma bronca sobre correr com o cavalo, a irmã mais nova chorando e se culpando por ter proposto aquilo. Até que o médico chegou e colocou todos para fora para que pudesse examiná-la. Alice estava com as pernas cheias de sangue, havia quebrado uma perna, tinha muita dor no corpo todo, mas o sangue que ensopava suas roupas íntimas não era da sua perna ferida, não tinha nenhum corte. O médico descobriu que todo aquele sangue era, na verdade, uma hemorragia uterina, ela sofrera um trauma devido ao choque entre o galho e a barriga e depois a queda. Levou mais de uma hora para que pudesse parar a hemorragia, ela perdeu muito sangue.
O médico olhava para ela com um olhar preocupado e com pena.
- Senhorita Brown, eu não sei como deixar isso mais fácil de se dizer... – Disse ele.
- Diga logo! – Pediu ela, enxugando uma lágrima. Podia ser tola, mas não a ponto de não saber o que significava todo aquele sangue saindo da sua intimidade.
- A senhorita terá muita dificuldade para conceber, se é que conseguirá conceber algum dia. – Disse ele, desviando o olhar. – Sinto muito.
Alice chorou por longos minutos e sentiu o coração se apertar como se ela fosse morrer.
- Por favor, não conte para a minha família. – Pediu ela, com lágrimas nos olhos.
A mãe nunca a achou boa o suficientemente para arrumar um marido, se descobrisse que a filha tinha ficado estéril por uma brincadeira irresponsável com a irmã mais nova, não a perdoaria.
- Sua mãe precisa saber, isso mudará sua escolha de um marido. Talvez seu irmão deva aumentar seu dote para compensar... – O médico disse sério.
- Eu contarei para eles, mas não hoje. Deixe que eu cuido disso. – Pediu ela novamente.
O velho doutor suspirou e balançou a cabeça, parecendo contrariado, mas disse:
- Tudo bem, você tem o direito de decidir qual o melhor momento. – Ele concordou.
O médico passou alguns remédios para ela tomar, a perna quebrada foi imobilizada e depois ele foi embora, disse para a família que ela ficaria bem, não havia sofrido nada grave. Mas ela sabia a verdade, sabia que nunca realizaria seu sonho de ser mãe.
Depois desse episódio, ela passou semanas na cama, a família pensou que era pela perna imobilizada, e não comeu quase nada, estava mergulhada em uma tristeza profunda. Foi nesse período que ela perdeu quase sete quilos, o que – como a mãe disse – a deixou mais atraente para arrumar um marido. Alice não contou para a família sobre o que o médico lhe disse e decidiu que, independentemente dos esforços da mãe, não se casaria com ninguém, nenhum homem merecia se casar com uma mulher que não pudesse lhe dar filhos. De qualquer forma, nenhum homem iria se casar com ela, mesmo que ela ainda fosse fértil. Alice nunca fora atraente como a irmã mais nova, nunca fora inteligente como o mais velho, ela sempre fora... Alice.
AVISO:
Resolvi adiantar a postagem do prólogo da história, espero que estejam ansiosos para mais essa aventura.
Devido ao início do ano e ao fato de que estou com a minha concentração total no Enem e nos vestibulares, as postagens de Um devasso incurável serão em três dias da semana agora no início, aos sábados, terças e quintas. Mais para a frente, depois que as coisas acalmarem, posso aumentar, como de costume. Em breve também postarei novas histórias, fiquem de olho...
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Um devasso incurável
Ficção HistóricaLivro 3 da série Família Campbell. Joseph Campbell, o belo segundo filho do duque e amado pelas mães casamenteiras de Gruffin, é o tipo de homem que não se importa com o dia de amanhã, vive para a sedução e o prazer carnal. Apesar de passar poucas n...