Capítulo 14. Tirar doce de criança

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Não existe nada mais encantador nessa vida do que uma dama que conhece seus atributos, não é mesmo? 

Bem, cavalheiros honrados também são encantadores, mas uma dama que conhece a si mesma... ah, isso é encantador.

TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.

Joe estava ansioso conforme saía de casa naquela tarde de segunda-feira, tinha passado da hora do almoço e ainda estava longe da hora do chá, o que seria perfeito para o que faria. A reunião das Senhoras Nobres de Gruffin, também conhecido como Clube das Mães Fofoqueiras e Casamenteiras, acontecia sempre nas tardes de segunda-feira, logo após o almoço, e durava até as dezesseis, no mínimo. Ele tinha três horas e meia para colocar seu plano em prática, se chegasse em dez minutos no seu local de ação. Para Joe, aquilo seria como tirar doce de criança.

***

Alice estava na sala de visitas, seu bordado estava nas suas mãos, as palavras da mãe sobre a sua falta de encantos martelavam a sua mente e faziam com que ela espetasse o dedo com a agulha. As flores estavam vermelhas, mas era do sangue dela e não pela cor da linha.

- Patética. Você é simplesmente patética, Alice. – Exclamou ela para si mesma. A mãe a menosprezava tanto que ela mesma estava começando a fazê-lo também.

Para o seu alivio, a mãe tinha ido para a reunião das Senhoras Nobres de Gruffin, para aproveitar que ainda podia se exibir e dizer que o irmão do duque estava cortejando a sua filha. Marie acreditava, assim com outras senhoras nobres, que o duque logo daria um título de visconde ou conde para o irmão mais novo. E se isso acontecesse, a filha dela poderia se tornar uma viscondessa ou uma condessa, bastava apenas conseguir se casar com o cavalheiro primeiro.

- Senhorita, o Sr. Campbell está aqui para vê-la. – O mordomo anunciou. Ela nem mesmo tinha notado que alguém havia batido à porta ou o mordomo se aproximando.

- Então traga-o até aqui. – Ela disse de forma objetiva, jogando seu bordado para o lado. – Sabe que do vestíbulo é possível ouvir tudo que se diz nesta sala, não é Francis?

- É claro, senhorita. – Ele disse com um leve curvar de lábios e se foi.

Ela observou quando Joe entrou na sala e se aproximou dela, cumprimentando-a com um beijo nas costas da mão, seu perfume tomando conta dos sentidos dela.

- Sua mãe não está? – ele perguntou, sentando-se ao lado dela, mas a uma distância respeitável.

- Não, ela foi para um encontro com as outras velhas nobres. – Alice disse dando de ombros e Joe sorriu.

- É uma pena. – Ele disse, parecendo realmente decepcionado. – É sempre um prazer vê-la.

- Pode levá-la para a sua casa, se quiser. – Ela desviou o olhar dele para a criada servindo uma bandeja de chá.

- O que estava fazendo? – ele perguntou curioso, tentando espiar o bordado dela.

- Ah, nada. Só estava bordando. – Ela deu de ombros.

- Posso ver?

Alice congelou por um instante, seus bordados eram horríveis, Anna sempre bordou melhor que ela.

- Pode. – respondeu por fim, pegando o seu bordado para mostrar a ele. – Mas está feio, faz tempos que não pego uma agulha.

Ele observou com atenção.

- Me parece muito bom.

Ela revirou os olhos.

- É claro, o senhor nunca bordou na vida. – disse com um sorriso e se virou para colocar o bordado de volta no lugar. – O que o...

Um devasso incurávelOnde histórias criam vida. Descubra agora