Tudo parecia um pouco estranho, desde que se pegara pensando em Lysandre, após tanto tempo. Ela se perguntava a todo momento, como as coisas teriam sido, caso nenhum dos dois tivesse partido. Ainda estariam juntos? Estariam com o futuro que haviam planejado?
Não eram raras as ocasiões, em que conversavam sobre uma vida a dois. Estavam sempre divagando, como seria quando se casassem. Pareciam tão convictos... Tão decididos. Tão obstinados a permanecerem juntos. Acreditavam piamente que este seria seu destino.
Naquela manhã, enquanto se banhava antes de ir ao trabalho, a mente de Annelise vagava por suas lembranças. Enquanto a água quente caía sobre seu corpo, encharcando aos cabelos alvos, ela fechou os olhos. Mergulhava embalada em suas memórias reprimidas, enquanto o som da água caindo sobre o piso, lhe fazia lembrar de um destes momentos eternizados.
"Annelise e Lysandre haviam saído para comemorar o dia dos namorados, no restaurante onde tiveram o primeiro encontro. O jantar fora perfeito! Lysandre reservara exatamente a mesma mesa, onde jantaram a primeira vez. Ele queria que tudo fosse impecável, para que a namorada ficasse feliz. Havia um violinista tocando músicas românticas, que a pedido de Lysandre, tocara a música do casal: Can't help falling love.
Annelise, é claro, estava radiante. Segurava a mão do namorado, afagando-a a todo momento. Queria demonstrar quão feliz era, por estar com ele. Demonstrava em ações, o quanto o amava. O quanto queria que ficassem juntos para sempre.
O rapaz parecia mais amável do que nunca, olhando-a apaixonadamente, a cada palavra proferida pela moça. Apesar de serem jovens, sentia que seu amor por ela não era passageiro. Ela era a coisa mais importante de sua vida. E ele, a razão da vida dela.
Aquela noite era muito significativa para o casal. Sobretudo, para Annelise, que sentia seu coração acelerar, cada vez que seus orbes azuis, pousavam sobre o sorriso de Lysandre. Se apaixonava por ele de novo, e de novo. Seu sentimento por ele se renovava, tornando-se mais forte a cada dia. A garota não tinha dúvidas de que o amava.
Ao terminarem o jantar, foram saindo do restaurante. Todavia, foram pegos de surpresa, por uma intempérie que havia chegado sem prévio aviso.
Caía uma chuva torrencial, naquela noite de primavera. As ruas estavam alagadas! Poças estavam espalhadas por todos os lados, de modo que era impossível andar pela calçada, sem que os pés afundassem na água lamacenta.
Acabaria ficando tarde para voltarem, caso esperassem a chuva passar. Também, seria impossível pedir um táxi, já que os poucos que circulavam, não estavam parando para ninguém.
Parada à porta do restaurante com o namorado, Annelise olhava desolada, a chuva intensa a cair.
— Parece que estamos ilhados. — A moça comentou, soltando um suspiro pesado.
— Acredito que sim. A chuva não dá sinais de que vá parar. — Lysandre respondeu, olhando para frente, vislumbrando a água que descia do céu nublado.
No entanto, ao olhar de canto para Annelise, não pôde conter um sorriso discreto, notando a feição entediada da garota, esperando que a chuva passasse. Não poderiam passar a noite toda ali. Era bem verdade que os pais da moça haviam viajado, e ela não teria hora para voltar. O problema, era que estava esfriando. Precisariam encontrar uma solução rápida.
Lysandre, estendeu a mão para fora do toldo que cobria suas cabeças, sentindo a água gelada batendo contra sua pele. Logo, recolheu a mão, tornando a olhar para Annelise.
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A roseira e os espinhos.
RomanceO que fazer quando nem mesmo os anos são capazes de apagar um grande amor? Como esquecer aquela que um dia foi a mulher de sua vida? Este é o dilema ao qual Lysandre tem enfrentado nos últimos anos. Mas, talvez ainda haja uma forma de recuperar a do...