Notícia animadora.

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            Castiel estava deitado no sofá, olhando para o teto. Ainda não conseguia engolir a besteira que fizera. Buscava uma forma de se desculpar Com Annelise e trazê-la de volta. Mas, em sua mente, só conseguia surgir a imagem raivosa da garota, fazendo as malas e partindo.

Se negava a aceitar que fizera uma burrada tão grande, ao ponto de perdê-la. Continuava tentando descobrir uma forma de recuperá-la, de modo que sequer cochilou à noite toda. De fato, não conseguira pregar os olhos, só se dando conta de que o dia havia nascido, quando o celular vibrou em seu bolso.

Desbloqueou a tela, sendo incomodado pela claridade. Após alguns segundos, conseguiu se acostumar com a luz que vinha da tela do aparelho, identificando o nome de Hyun, no contato.

Agora, começava a ler a curta mensagem que dizia:

"Castiel! Você por acaso já viu essa foto? Acabaram de postar no Instagram e todo mundo está comentando. Já foi compartilhada em outros lugares, inclusive no facebook. Cara, isso vai trazer uma publicidade muito negativa para a banda! Como você teve um descuido desses?!"

Abaixo da mensagem, havia um link, no qual Castiel clicou imediatamente. Ele não estava entendendo nada! Qual seria o motivo da preocupação de Hyun?

A imagem demorava para carregar, deixando-o ainda mais apreensivo. Não imaginava o que poderia ser tão grave, ao ponto de Hyun dizer que isso mancharia a imagem do Crowstorm.

Porém, assim que a imagem finalmente carregou, Castiel ficou pálido como um cadáver. O espanto tomou conta dos olhos cinzentos, que se arregalaram desmesuradamente. A mão foi levada à testa, afastando dali os cabelos vermelhos. Estava desesperado! Totalmente aflito, olhando a imagem que revelava sua infidelidade. Aquele maldito beijo, que jamais deveria ter acontecido, fora flagrado por alguém que não esperou nada para postar nas redes sociais.

Abaixo, ele pôde ler a legenda que tornava a situação ainda pior: "Vocalista da banda Crowstorm, é flagrado traindo a namorada com ex-vocalista da banda Stars from Nightmare."

Aquela maldita notícia tendenciosa poderia piorar muito, a situação que já era terrível. Precisava falar com Annelise, antes que ela visse aquela foto! Caso contrário, teria certeza absoluta de que ela jamais o perdoaria.

Rapidamente, redigiu uma mensagem a Hyun, para ver o que era possível ser feito. Tinha de haver um jeito de tirarem aquela foto de circulação! Annelise não poderia vê-la de jeito nenhum!

Logo, a resposta de Hyun veio, o deixando ainda mais desesperado.

"Ela já está na web há quase 24h. É impossível encontrar sua origem! Além do mais, já teve milhares de compartilhamentos. Não há o que fazer, Castiel. Você errou feio!"

A resposta de Hyun só aumentou sua aflição. A única coisa que poderia fazer, era procurar Annelise e tentar conversar com ela para resolver aquela catástrofe.

Levantou correndo daquele sofá, para se trocar rapidamente, já que estava apenas com o pijama. Precisava ir rápido ao café, já que era o único lugar onde teria certeza absoluta de encontrar Annelise. Precisava desfazer a burrada que fizera. Ainda acreditava que havia uma forma de recuperar a namorada, mesmo que não soubesse como. Mas, precisaria agir rápido, antes que ela acabasse vendo sua foto com Debrah. Afinal, aquilo poderia deixá-la ainda mais furiosa, acabando com toda e qualquer chance de uma reconciliação entre eles.

Lysandre e Annelise haviam chegado bem mais cedo, ao café. De fato, decidiram o abrir antes de hora, dada a empolgação que os invadia. O rapaz estava bem otimista quanto as ideias que tinha para ajudar no crescimento do estabelecimento.

Eles queriam deixar tudo muito bem organizado, para o que dia fosse o mais produtivo possível. Lysandre, estava cheio de ideias, que desejava pôr em prática. E, Annelise, estava animada como jamais esteve nas últimas semanas.

Já haviam deixado as mesas organizadas, os cardápios arrumados e a torta de nozes com creme de avelã, anunciada em um quadro negro ao lado de fora. Presumiam que assim pudessem ao menos começar a chamar novos clientes, enquanto não falavam com Hyun.

Então, tão logo Lysandre terminou de ajudar Annelise no salão, apressou-se em ir para a cozinha, preparar a torta. Algo, que não demoraria muito, já que trouxera algumas coisas pré-prontas, para facilitar o trabalho.

Nina chegou na hora em que sempre chegava, já vendo o café aberto. Estranhou, é claro, mas logo se lembrou de que Annelise e Lysandre haviam sugerido aumentar o horário de funcionamento.

A garota entrou no café, já vendo Annelise atrás do balcão, aguardando a chegada dos clientes. Não poderia negar: o casal estava mesmo disposto a lidar com as dívidas do café. Isso era um grande alívio, já que contava com aquele emprego.

— Bom dia, Annelise! — Nina disse, ao entrar no café, retirando ao casaco jeans que usava, onde havia um broche de coelho, preso.

— Bom dia, Nina! Dormiu bem? — Annelise perguntou.

— Como um bebê! — Nina respondeu, indo até atrás do balcão e pegando seu avental. — Depois que vocês dois me disseram que estão dispostos a salvar o café, eu pude dormir em paz. — A garota comentou, amarrando o avental em sua cintura.

— Sim! Nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. — Annelise afirmou, um tanto empolgada. Não podia negar que aquela pequena fagulha de esperança que Lysandre trouxe, a incendiava. Mesmo que não desse certo, estaria feliz ao ver que ao menos houve quem acreditasse em seu sonho.

— Você não imagina o quanto isso me deixa aliviada! Estava com medo de perder o emprego. Mas, agora consigo ficar um pouco mais tranquila. — Nina comentou. — Aliás, vi o quadro lá fora! Espero que a torta atraia mais clientes. Vocês trouxeram uma pronta de casa? — Nina indagou.

— Não, o Lysandre está na cozinha preparando uma, além de uma fornada de biscoitos. Mas, de casa nós trouxemos um Cheescake. O Lys só pediu para colocar na geladeira por mais alguns minutos, antes de trazer para a vitrine. Ele está bem confiante e isso é ótimo! Me sinto bem melhor em saber que não estamos mais sozinhas nessa. — Annelise, de fato, parecia revigorada. Já não tinha mais o mesmo olhar desanimado, que Nina vislumbrara nas últimas semanas. Ao contrário! Parecia mais cheia de vida! Pronta para agir e recuperar seu negócio.

— Estou sentindo daqui o cheirinho dos biscoitos! Tenho certeza de que isso irá ajudar a atrair clientes. Doces caseiros são bem mais atrativos, do que as coisas industrializadas que nós vendíamos. — Nina comentou. Annelise não pôde deixar de concordar. De fato, ela também preferia receitas caseiras. Imaginava que aquilo seria um diferencial, já que as lanchonetes dos arredores, sempre vendiam produtos comprados em outras lojas.

Enquanto elas conversaram, Annelise viu a porta do café sendo aberta. Um homem baixinho e rotundo como um leitão, entrava já procurando uma mesa para se sentar. Isso fez Annelise sorrir! Estava mesmo animada com a chegada do primeiro cliente do dia.

— Você tem razão, Nina. Parece que já temos um cliente esperando. Vá atendê-lo. — Ela disse, enquanto sua garçonete se afastava, retirando um bloco de notas do bolso de seu avental, com uma caneta presa ao topo.

Nina se apressou em chegar à mesa, onde o cliente esperava para ser atendido. Ele perguntou à garota se a torta que estava sendo anunciada no quadro negro, era mesmo boa. E, claro, a mocinha confirmou que era. Então, logo ele disse o que desejaria, naquela manhã.

Ela anotou o pedido, que era sobre um cappuccino com chantilly e uma fatia da torta de nozes com creme de avelã. Logo, a mocinha se afastou da mesa, levando a comanda até Annelise. A dona do café, entrou na cozinha para ver se a torta já estava pronta.

Encontrou Lysandre na cozinha, retirando do forno, os biscoitos que já estavam assados: uma fornada de biscoitos com gotas de chocolate, e outra de aveia e mel. Queria variar nas opções, para agradar diferentes clientes.

— Lys, tem um cliente querendo provar a torta! — Annelise disse, em tom animado.

—Sério? — O rapaz perguntou, esboçando um sorriso largo, em meio a expressão surpresa.

— Sim! Ele acabou de fazer o pedido. Ela já está pronta? — Annelise indagou.

Lysandre se apressou em abrir a geladeira, para verificar se o creme de avelã pegara consistência. Então sorriu satisfeito ao ver que sim, já estava pronta. Logo, cortou uma fatia da torta, colocando-a no prato, com uma bola de sorvete de creme. Queria causar boa impressão. Então, entregou o prato à Annelise, parecendo extremamente ansioso.

— Espero que ele goste. É o nosso teste de aprovação. — Lysandre afirmou.

— Eu também espero. Sinto que vai dar tudo certo! — Annelise respondeu, beijando a bochecha dele. Logo, saiu dali, carregando uma bandeja com um prato contendo a torta em cima e a xícara contendo o cappuccino com uma grande quantidade de chantilly, salpicado com raspas de chocolate.

Nina pegou a bandeja no balcão, indo servir o cliente. Deixou a bandeja em cima da mesa, perguntando se ele gostaria de algo mais. E, tão logo ele negou e agradeceu, Nina se afastou da mesa. A verdade, era que a garota estava tão ansiosa quanto Annelise, que do balcão olhava apreensiva para o cliente, que levava uma garfada de torta à boca.

Primeiro, vislumbrou um ar surpreso enquanto ele mastigava. Depois, um sorriso. Em seguida, levou mais uma garfada à boca, mas acompanhada de um pouco do sorvete. A combinação pareceu deixá-lo ainda mais satisfeito! Ele chamou Nina, que veio o mais rápido que pôde, até a mesa.

— Senhorita, isso está incrível! Por favor, dê meus cumprimentos ao confeiteiro. Eu gostaria de pedir mais uma fatia para viagem. Aliás, vocês aceitam encomendas? Darei um jantar amanhã e acredito que esta torta seja a sobremesa perfeita. Se possível, eu poderia falar com o confeiteiro para acertar os detalhes? — O senhor disse, voltando a comer a torta.

— Eu vou falar com a minha chefe. Só um minuto. — Nina respondeu, saindo quase correndo para falar com Annelise.

Annelise, atrás do balcão, via Nina vindo apressada em sua direção. Aquilo a deixou ainda mais ansiosa do que antes. Afinal, não fazia a menor ideia do que aquele homem tinha dito a sua garçonete.

— O que ele disse?! — Annelise indagou, tão logo Nina estava à sua frente.

— Ele adorou! Pediu uma fatia para viagem e perguntou se o Lysandre consegue fazer uma torta para ele. Disse que precisa para um jantar, amanhã! Ele quer falar com o Lysandre, Annelise. O que eu faço? — Nina quase não respirava para falar.

— Você está brincando! — Annelise disse, totalmente pasma. — Uma encomenda? É sério?! — Annelise perguntou e Nina assentiu com a cabeça. — Eu vou chamar o Lysandre! Diga ao senhor que espere, por favor! — Ela mal terminou de falar e já foi se enfiando na cozinha.

— Lys! Aquele homem quer falar com você! — Annelise disse, em tom quase exasperado.

— Comigo?! O que houve?! — Ele perguntou, parecendo um pouco preocupado.

— Ele adorou a torta! Gostou tanto, que deseja fazer uma encomenda para amanhã. Então quer falar com você para ver se é possível. — Ela respondeu, sem esconder a expressão de felicidade.

— Isso é ótimo! — Lysandre afirmou. — Estou indo agora mesmo falar com ele. Se importaria em terminar de confeitar os cupcakes? — Ele perguntou, enquanto ajeitava o avental.

— De forma alguma! Pode ir. — Annelise afirmou, enquanto agora apanhava o saco de confeiteiro, repleto de chantilly cor-de-rosa.

Tão logo Annelise ocupou seu lugar, Lysandre saiu da cozinha, indo apressado até o cliente que estava no salão, notando que agora em outra mesa, já estavam mais quatro clientes que eram atendidos por Nina.

— Bom dia, senhor. Deseja falar comigo? — Lysandre indagou, em modo extremamente educado.

— Você é o rapaz que fez essa torta? — O homem indagou.

— Sim senhor. — Lysandre respondeu.

— Meus parabéns! Está fantástica! É uma das melhores tortas que já comi. Eu gostaria de encomendar uma para um jantar, amanhã. Qual seria o valor? Acha que conseguiria me entregar até às 18h? — O homenzinho perguntou, enquanto Lysandre parecia pensar por alguns segundos.

— Bem, como ela possui ingredientes caros, estará saindo em sessenta dólares. Mas, garanto a qualidade do produto. Sobre o horário de entrega, consigo sim, sem problema algum. Preciso apenas que o senhor me passe o endereço correto e um telefone para contato. — Lysandre dizia aquilo, tentando transparecer ao máximo a sua segurança, mesmo que seu coração estivesse acelerado.

— Por mim está perfeito! Se for tão boa quanto a que acabei de provar, lhe asseguro que voltarei mais vezes para fazer novas encomendas. — O cliente afirmou. Em seguida, passou o telefone de contato para Lysandre, que o anotou prontamente, assim como fez com o endereço. Estava feliz ao ver que as coisas estavam entrando nos eixos.

A roseira e os espinhos.Onde histórias criam vida. Descubra agora