Quando eles voltaram para a cidade, Annelise ainda parecia nas nuvens. Nunca estivera tão radiante, como estava agora que havia ficado noiva. Mal podia esperar para contar a novidade para Nina e Chani. Afinal, qualquer mulher que iria se casar com o homem de sua vida, ficaria ansiosa para contar para as amigas. Ainda mais, se tratando delas duas, que eram as amigas mais próximas que tinha.
Já imaginava a reação das duas, principalmente após mandar uma mensagem de texto, dizendo que teria uma grande surpresa na segunda-feira. E, claro, as garotas tentaram de todas as formas, fazê-la falar. No entanto, Annelise manteve-se firme, não contando a elas em hipótese alguma. Não queria estragar a surpresa. Mesmo, que estivesse contando os minutos para mostrar a elas seu anel de noivado.
Quando a segunda-feira finalmente chegou, Annelise não aguentava mais a ansiedade. Tanto, que acordou mais cedo do que de costume, louca para ir ao café. — Amor! Levanta! Daqui a pouco temos de estar no trabalho! — Ela disse, empolgada em praticamente pular sobre ele, sentando-se na cintura do noivo.
Lysandre não conteve o riso, ao ver a animação exagerada de Annelise, que ainda estava sentada sobre si. Era impossível não ficar feliz, ao saber que era o responsável por toda aquela animação. — Isso tudo é vontade de mostrar para suas amigas que vai se casar? — Ele indagou, ainda deitado, esticando a mão para afastar uma das mexas do cabelo alvo da garota, colocando-o atrás da orelha dela.
— Claro! Não é todos os dias que posso ficar noiva do homem da minha vida! — Annelise respondeu, ao se debruçar sobre ele, dando um selinho rápido, erguendo-se novamente em seguida.
Ele ainda conservava um semblante risonho, porém um pouco mais suave que outrora. Era adorável vê-la daquele jeito, tão feliz. — Se eu pudesse, me casaria contigo todos os dias, Annelise. — Ele sussurrou, ainda afagando aos cabelos dela. — Agora, venha cá. Ainda temos algum tempo antes que precisemos nos arrumar para sair. — Lysandre riu, agarrando a cintura de Annelise e puxando-a para junto de si, rolando sobre ela na cama.
Mais tarde, quando finalmente chegaram ao café, já encontraram Nina arrumando as mesas para receber os clientes. A garota parecia distraída, com os fones nos ouvidos e o celular enfiado no bolso do avental. Porém, quando viu a porta do café sendo aberta, já ficou mais atenta, pausando a música imediatamente ao ver Annelise e Lysandre entrando.
— Finalmente vocês chegaram! — Nina disse, retirando os fones dos ouvidos.
— Estamos chegando no mesmo horário de sempre, Nina. Você que parece ter madrugado aqui. — Annelise respondeu.
— Mas é claro! Você me deixou curiosa desde quinta-feira! Tem noção do inferno que eu passei todos esses dias, querendo saber qual era a surpresa que você ia trazer da fazenda?! Pelo amor de Deus, Annelise! Isso é tortura! Você me fez trabalhar em condições sub-humanas, já que eu não conseguia pensar em mais nada o resto da semana! — Claro, Nina estava exagerando bastante. Mas, não estava mentindo! Passara o final de semana inteiro, aflita querendo saber as novidades. — Agora, será que dá para me contar logo qual era a grande notícia? Eu não aguento mais! — Nina praticamente implorou! Não conseguia mais suportar a curiosidade que a estava consumindo.
Annelise, no entanto, negou com a cabeça. Não estava na hora de contar ainda. — Vai continuar curiosa por mais algum tempo, Nina. — Ela respondeu, mantendo as mãos enfiadas no bolso do casaco que vestia, o tempo todo. Precisava deixar o anel escondido, até a hora de contar que havia ficado noiva. — Ainda temos de esperar a Chani chegar. Prometi a ela que contaria hoje a grande novidade. — Annelise completou, vislumbrando um olhar desanimado, no rosto de Nina. Aquilo não era justo!
— Ah não! Annelise, é sério?! Me conta agora, que eu finjo que estou surpresa quando ela chegar! — A garota tentou, mas logo percebeu que não adiantaria muita coisa.
— Por favor, tente aguentar mais um pouco. Garanto que é uma boa notícia. — Lysandre disse, esboçando um sorriso gentil.
— Falar para aguentar é fácil, vocês dois já sabem! — Nina resmungou. Não estava de acordo com aquilo! Cada segundo que tinha de esperar para saber, a deixava ainda mais agoniada.
Para o alívio da garçonete, Chani não demorou muito a chegar. Na verdade, a garota parecia tão ansiosa quanto ela, ao entrar agitada na cafeteria, ajeitando aos cabelos loiros em um chanel curtíssimo. — Annelise! Por tudo o que é sagrado! O que aconteceu quinta-feira?! — A garota trajada em vestimentas pretas e maquiagem muito carregada, indagou. Fora outra que passara o final de semana inteiro, em total curiosidade. — Tentei consultar as cartas, mas elas não me revelaram nada! Quase me senti traída! — Chani afirmou. Ela era uma inegável fã de misticismo. Valia-se de seu baralho de tarô para quase tudo. No entanto, não obtivera sucesso naquela consulta.
Annelise e Lysandre não conseguiram segurar o riso, ao verem o desespero das duas garotas, por quererem saber a novidade. Aquilo era impagável! Era nítido que ambas eram tão curiosas quanto a dona do café. Algo, que Lysandre já havia percebido naqueles meses, em que tivera de começar a conviver com as amigas da noiva. Porém, nem de longe eram tão escandalosas quanto Rosalya, embora a curiosidade fosse quase a mesma.
Annelise não podia negar que estava se divertindo muito, com aquilo. Não imaginou que seria capaz de atiçar tanto a curiosidade daquelas duas. O que era no mínimo cômico! Mesmo Chani que era sempre comedida, parecia angustiada, com a mínima perspectiva de saber uma novidade a qual lhe fora privada por dias.
Mesmo que estivesse gostando de deixá-las daquele jeito, sabia que já estava na hora de fazer aquela importante revelação. Afinal, estava certa de que as duas não a deixariam em paz, até que Annelise contasse a novidade.
— Vocês estão prontas para a novidade? — Annelise indagou, notando o olhar ansioso das duas meninas de madeixas douradas.
— Conta logo, pelo amor de Deus! — Nina quase implorou. Não aguentava mais todo aquele suspense.
No entanto, quando Annelise estava prestes a retirar a mão do bolso, ouviu uma voz masculina que havia acabado de se fazer presente, quando a porta do café fora aberta.
— Contar o quê? Também quero saber! — Disse Rayan, que havia acabado de chegar. Não era raro que ele passasse no café pela manhã, antes de ir para a universidade. Gostava de tomar um expresso, para que tivesse mais disposição durante o trabalho.
Annelise se virou para olhá-lo, sorrindo de canto. Não podia esquecer que ele havia ajudado e muito, no começo quando ela e Lysandre se reencontraram. — Vem cá, Rayan! Eu quero mostrar uma coisa para vocês. — A garota disse ao antigo professor, que rapidamente veio em sua direção.
— Gente, a grande novidade que eu estou escondendo desde quinta-feira, é que... — Ela fez mais um breve suspense, até que finalmente retirou a mão canhota do bolso do casaco, virando-a de modo que revelasse o dorso, com o anel preso no anelar. — Nós estamos noivos! — Annelise finalmente anunciou, estendendo a mão direção às garotas.
Nina e Chani, é claro, tiveram a reação mais histérica possível! O que já era de se esperar. De fato, elas seguravam a mão de Annelise, em meio a gritinhos afoitos, embasbacadas com o anel.
— Eu não acredito! Você vai casar! — Nina sequer conseguia nivelar o tom de voz, praticamente berrando! Aquela novidade havia a deixado em polvorosa.
— Nós temos que dar uma festa de noivado! — Chani comentou, tão afoita quanto a garçonete. — Podemos fazer aqui mesmo, no café! Já estou com várias ideias! — A garota gótica completou.
— E o chá de cozinha! Não podemos esquecer o chá de cozinha! — Nina alertou.
— Eu posso organizá-lo sem problemas! Ideias não me faltam. — Chani disse, animada.
— Mas nem pensar! Eu que vou organizar o chá de cozinha dela! — Nina protestou.
— Nenhuma das duas! Quem vai organizar meu chá de cozinha é a Rosalya, senão eu estou frita! Vou me casar com o irmão do marido dela. Se não a deixar organizar as festas, terei de aguentar sermão pelo resto da minha vida. — Annelise encerrou a discussão das garotas, que ainda tagarelavam sobre seu casamento. Era nítido que ainda estavam empolgadas.
Rayan, por sua vez, parecia mais comedido que as garotas, embora também tivesse ficado nitidamente animado com a notícia. — Meus parabéns! Estou muito feliz por vocês dois! É maravilhoso poder compartilhar a vida com a pessoa amada! — O professor disse, esboçando um sorriso largo. Sabia tudo o que eles haviam passado. Nada era mais justo que agora pudessem partilhar a felicidade.
— Obrigada, Rayan. — Annelise disse. — Você nos ajudou muito. Nos deu o maior apoio, quando as coisas apertaram. Lysandre e eu conversamos sobre o assunto e gostaríamos muito que você celebrasse nosso casamento. Planejávamos convidá-lo para jantar em nossa casa amanhã, mas parece que você foi mais rápido. — Annelise riu.
— Nos ficaríamos muito felizes se você aceitasse nosso convite. Significaria muito para nós dois. — Lysandre completou.
Rayan por um momento, ficou sem reação. De fato, fora surpreendido pelo pedido do casal. Porém, logo alargou um sorriso. — Seria uma honra! Eu com certeza aceito! — O professor respondeu, animado. Era bem verdade que qualquer um poderia se "ordenar" pela internet, de modo que pudesse realizar um casamento. Teria de correr atrás disso o mais rápido possível. Mas, não negava que ficara tocado com o pedido deles. — Muito obrigado por pensar em mim. Prometo me esforçar ao máximo para que a cerimônia de vocês seja perfeita! — Ele afirmou, ainda extremamente feliz.
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A roseira e os espinhos.
RomansaO que fazer quando nem mesmo os anos são capazes de apagar um grande amor? Como esquecer aquela que um dia foi a mulher de sua vida? Este é o dilema ao qual Lysandre tem enfrentado nos últimos anos. Mas, talvez ainda haja uma forma de recuperar a do...