Annelise esperou à toda noite, mas Castiel não apareceu. Estava começando a se preocupar, já que ele nunca havia feito isso antes. Por mais que tentasse entrar em contato, ele não atendia. O celular estava obviamente desligado.
A aflição ia crescendo dentro de si, conforme as horas passavam. Ele jamais deixaria de avisar, caso precisasse ficar fora por um longo tempo. Mais uma vez, tentou ligar para ele; caindo na caixa postal. Aquilo já estava se tornando angustiante!
A manhã chegou, mas Castiel não veio. Annelise não conseguiu tirar um cochilo sequer, devido a preocupação insistente a manteve acordada. Ficou cansada de esperar! Precisava fazer alguma coisa.
Decidiu se trocar e sair atrás dele, mesmo sem ter alguma noção de onde ele poderia estar. A verdade, era que o desespero a fazia se mover, sem pensar de modo mais racional.
Estava trocando de roupa, quando ouviu a porta da casa sendo aberta. Panqueca pulou da cama do casal, correndo animado até a porta. Todavia, ao ver o modo como Castiel entrou cambaleando, recuou assustado.
Annelise também correu alarmada em direção a cozinha, vendo Castiel escorado à porta, ele não parecia bem. Aquilo fez com que ela se preocupasse ainda mais.
— Castiel! Onde você estava?! O esperei a noite toda! Está bem? O que aconteceu?! — Ela perguntou em tom alarmado, se aproximando dele um tanto exasperada.
Castiel, no entanto, a olhou com desprezo, quando Annelise chegou perto. A imagem do abraço entre ela e Lysandre, ainda o assombrava. Estava enojado! — Cala a boca! Eu não te devo satisfação alguma! — O rapaz disse em tom rude, com a dicção alterada pelo álcool.
— Por que está falando assim comigo? Fiz alguma coisa? — Annelise indagou, desestabilizada, pelo modo como fora tratada.
— Eu mandei calar a boca! — Castiel berrou, serrando o punho e o batendo de forma bruta contra a porta.
Annelise recuou assustada. Nunca vira Castiel daquele jeito! Mesmo com um gênio forte, ele jamais fora tão agressivo.
— Castiel, o que está acontecendo?! — Ela perguntou, em tom assustado.
— Você acha que eu sou burro, Annelise?! Acha que eu não sei o que está acontecendo?! Eu sei que você está dormindo com ele! Sei que estão rindo da minha cara! — Castiel continuava berrando enfurecido, agora avançando em direção a Annelise.
— Mas do que você está falando?! Está ficando louco?! — A garota indagou horrorizada. Nunca o vira tão alterado.
— NÃO MINTA PARA MIM! EU SEI QUE VOCÊ DORMIU COM O LYSANDRE! SEI QUE ESTÃO ME FAZENDO DE IDIOTA! — Os berros dele se tornaram mais altos e furiosos. Parecia tomado por uma ira bestial. Agora, Castiel agarrava os pulsos de Annelise, os apertando com força. — CONFESSE! EU OS VI JUNTOS! OS VI ABRAÇADOS! FOI SÓ ELE VOLTAR QUE VOCÊ FOI CORRENDO PARA SEUS BRAÇOS, NÃO É?! — Castiel estava completamente fora de si!
Seu hálito podre pelo álcool, deixava Annelise enjoada, assim como seus gritos a deixavam apavorada. — ME SOLTA, CASTIEL!! — A garota gritou, tentando se desvencilhar dos dedos que apertavam seus pulsos com força.
— ME FALA A VERDADE! EU SEI DE TUDO! — Ele berrou, distorcendo a face em uma expressão repleta de ódio. Os olhos marejavam, transbordando lágrimas raivosas. Odiava saber que fora enganado.
— Eu estou dizendo a verdade! — Ela gritou irritada, finalmente conseguindo se soltar. — Eu jamais o traí, Castiel! Jamais o faria! — Ela se defendeu.
— EU VI AS FOTOS, ANNELISE! VOCÊS ESTAVAM AGARRADOS! VAI NEGAR QUE PASSOU O DIA COM ELE?! VAI TER A CARA DE PAU DE MENTIR SOBRE ISSO?! EU OS VI NAQUELE PIQUENIQUE! — Ele não para de gritar, estava desarrazoado.
— Não vou negar nada! Eu realmente almocei com ele, mas foi só isso! — Ela se justificou.
— ACHA MESMO QUE EU SOU BURRO?! A DEBRAH ME MOSTROU TUDO! ELA VIU VOCÊS! QUER MESMO QUE CONVENCER QUE AQUILO ERA DEMONSTRAÇÃO DE AMIZADE?! — Ele insistia naquelas acusações, consumido pelo ciúme.
— Para acreditar na Debrah, tem que ser muito burro mesmo! Ela já te enganou uma vez e agora está fazendo o mesmo! Achei que você tivesse aprendido a lição! — Annelise agora ficava mais alterada. Não acreditava que Depois de tudo o que acontecera no passado, Castiel continuasse caindo na conversa de Debrah.Porém, uma marca vermelha no pescoço de Castiel, chamou sua atenção. Aquilo era batom! Tinha certeza absoluta! Rapidamente uma coisa passou por sua cabeça. — Espera. De quem é esse batom no seu pescoço? Onde esteve à noite toda, Castiel? — Indagou, agora em tom sério.
Castiel pareceu cair na real, por alguns instantes. Levou a mão ao pescoço, tentando cobrir a marca de batom, para a qual Annelise apontava.
A garota por sua vez, insistia na pergunta. — Eu perguntei de quem é o batom! — Ela gritou, agora mais irritada do que antes. — É da Debrah, não é?! Você dormiu com ela, não dormiu?! — Annelise estava furiosa! Afinal, quisera fazer tudo do modo correto! Queria ser sincera com Castiel, para não magoá-lo, enquanto ele se divertia na cama de outra.
Castiel, agora, parecia ter perdido toda aquela bestialidade de outrora. Na verdade, estava até um pouco sem reação. Não percebera que trouxera uma prova de sua infidelidade, estampada no corpo. Aquele erro fora grotesco! Sabia que não poderia exigir nada, depois disso.
Não conseguia dizer nada, então só afirmou com a cabeça. Contra aquela prova, não poderia argumentar. Afinal, enquanto a única prova que tinha da "traição" de Annelise era uma foto, ela, por sua vez, encontrara marcas de batom em seu corpo.
Annelise apertou as têmporas entre os dedos, indignada com aquela situação. Sentia-se uma idiota, por se preocupar em não ferir os sentimentos dele!
— Eu não consigo nem olhar para você. Estou enojada! — Ela disse, virando-se de costas, indo em direção ao quarto.
— Onde você vai?! — Castiel indagou, segurando o pulso dela novamente, de modo menos brusco.
— Eu vou embora. Vou pegar o que conseguir e sumir. Acabou, Castiel. — Ela disse secamente, voltando a seguir em direção ao quarto. De fato, aquilo fora a gota d'água. Seria impossível um término saudável.
Castiel pareceu um tanto desesperado, seguindo Annelise, quando ela entrou no quarto. Agora, ele via a ex-namorada arrancando as roupas do roupeiro, jogando-as sobre a cama. Em seguida, a viu abrir uma mala, começando a atulhar suas coisas lá dentro. Era nítido que estava furiosa. Não podia culpá-la.
Num ímpeto desesperado, Castiel tomou de suas mãos um cabide com um blazer branco. Não queria deixá-la ir de forma alguma.
— Annelise! Por favor! Vamos resolver isso! — Ele disse em tom de súplica.
— Não há o que resolver! Você me traiu, Castiel! — Ela respondeu entre berros.
— Por favor, me perdoa! Isso não vai mais acontecer! — Ele praticamente implorou. Porém, a atitude de Castiel só piorou as coisas.
— Te perdoar?! É uma piada?! Você estava até agora me acusando de traição! Duvido que me perdoaria se fosse o contrário! ACABOU, CASTIEL! EU VOU EMBORA! E ESPERO QUE NÃO ME PROCURE! — Ela tomou o blazer da mão dele, enfiando a vestimenta na mala, a qual fechou.
Agora, ela começava a sair do quarto, levando a mala consigo. — Eu vou mandar alguém para buscar o restante das minhas coisas! — Annelise disse, agora passando pela porta.
Castiel, se limitou apenas a sentar na cama, afundando o rosto entre as mãos, como se finalmente estivesse consciente do erro gravíssimo que cometera. Sua atitude impensada, praticamente servira para entregar Annelise de bandeja para Lysandre. Mais uma vez, agir por impulso tivera um preço mais alto do que ele poderia pagar. Perdera a mulher amada, por conta de uma ação impensada, movida por um ciúme doentio.
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A roseira e os espinhos.
RomansaO que fazer quando nem mesmo os anos são capazes de apagar um grande amor? Como esquecer aquela que um dia foi a mulher de sua vida? Este é o dilema ao qual Lysandre tem enfrentado nos últimos anos. Mas, talvez ainda haja uma forma de recuperar a do...