Castiel finalmente chegara ao café, parecendo mais acelerado do que nunca. Tudo o que precisava, era falar com Annelise! Queria fazê-la entender que aquele era um erro que jamais tornaria a acontecer.
Ainda acreditava, que haveria uma chance, por mais remota que fosse, de reverter seu erro. Queria apostar todas as suas fichas, que recuperaria a namorada, caso mostrasse todo o seu arrependimento.
Mas, ao procurar Annelise pelo café, não a encontrou. Apenas via Nina, anotando os pedidos dos clientes, que pouco a pouco, começavam a encher as mesas. Estranhou o movimento no café, já que aquele lugar estava sempre vazio. Se perguntava o que teria acontecido, para que tantas pessoas estivessem sentadas às mesas. Mas, preferiu não dar muita atenção a isso. Afinal, tudo o que queria, era falar com Annelise.
Presumiu que ela estivesse na cozinha, então começou a caminhar em direção ao lugar onde os doces eram preparados. Precisava agir rápido.
Depois que aquele cliente havia ido embora, Lysandre voltou a fazer seu trabalho. O acontecimento daquela manhã, renovara seu ânimo. Ele assobiava, enquanto picava alguns pedaços de chocolate, visando utilizá-los para fazer alguns brownies.
Annelise que ainda confeitava os cupcakes, olhou curiosamente para o rapaz, esperando que ele dissesse algo. O silêncio dele era perturbador, ainda mais quando a curiosidade berrava dentro de seu peito. Era aflitivo vê-lo voltar ao trabalho, como se nada tivesse acontecido.
— E então? — Annelise perguntou, o olhando apreensiva.
— O quê? — Lysandre disse, ao virar o rosto para olhá-la.
— O que o cliente disse? — Annelise perguntou novamente, esperando que Lysandre tivesse algo para dizer.
O rapaz sorriu, metendo a mão no bolso da calça e retirando o papel com o pedido do cliente, mostrando a ela. — Temos nossa primeira encomenda! — Ele respondeu, ainda segurando o papel entre os dedos.
— Ai, meu Deus! — Annelise disse de forma extremamente eufórica, se atirando aos braços de Lysandre, que rindo a apertou contra si, erguendo-a um pouco.
— Eu não acredito, Lys! Isso é maravilhoso! — Ela disse, envolvendo o pescoço dele com os braços, enquanto enchia o rosto do rapaz, com beijos.
Ele riu, ao sentir os beijos carinhosos, que percorriam por toda a sua face. Era ótimo ver Annelise tão animada. — Eu disse! Nós vamos conseguir, Annelise! Só precisamos nos esforçar. Sei que é só o primeiro passo, mas aos poucos sei que vamos dar um jeito nas dívidas e reerguer o seu negócio! — Ele afirmou, colocando o papel no bolso. Depois, voltou a envolver a cintura dela com os braços.
— Eu não sei o que eu faria sem você. — Annelise disse, roçando o nariz contra o dele.
— Acho que já me disse isso antes, na época da escola. — Lysandre riu. Mesmo que sua memória fosse péssima, ainda conseguia se lembrar de cada mínimo detalhe, sobre seu relacionamento com ela.
— Mas continuo com a mesma opinião. Sem você, eu estaria perdida. Estou tão feliz que tenha voltado para mim. — Annelise sussurrou, antes de unir os lábios aos dele, em um beijo doce e apaixonado.
Lysandre, agora, a apertava mais junto de seu corpo, enquanto os lábios se moviam em sincronismo com os dela. Estava imensamente feliz, por estar de novo ao lado de Annelise. E, principalmente, estava feliz por saber que conseguiria ajudá-la. Os dedos dela, mergulharam aos cabelos cinzentos do rapaz, apertando aos fios e o trazendo para mais junto de si, em uma urgência incontida. Enquanto as mãos dele, agora dedilhavam a cintura fina.
Eles ainda se beijavam, daquela forma totalmente apaixonada, quando a porta da cozinha foi aberta abruptamente. Castiel entrou ali, sem a menor cerimônia, ainda a tempo de ver o beijo que acontecia.
Ele ficou horrorizado, olhando aquela cena que lhe era deprimente. Nauseante! O ciúme tomou conta de si! O sangue ferveu em suas veias! A raiva tornou a faiscar em seus olhos. Aquilo ela ultrajante! Sentia-se enganado! O ódio por Lysandre cresceu dentro de si.
— Então eu estava certo?! VOCÊ ESTAVA MESMO ME TRAINDO COM ELE?! — Castiel gritou, causando espanto no casal que afastou os lábios um do outro, de forma brusca.
Eles olhavam assustados para o ruivo, que começava a se aproximar, com um semblante furioso. Castiel parecia mais fora de si do que jamais estivera. Aquele flagra o havia enlouquecido! O gosto amargo da traição, jazia em sua língua. Tal qual o ardor pérfido da ira lhe inflamava o peito.
— EU FUI UM VERDADEIRO IDIOTA AO ACREDITAR EM VOCÊ! VOCÊ É UMA VAGABUNDA! — Ele estava totalmente descontrolado, derrubando tudo o que via a sua volta. Atirava pratos no chão! Copos! Talheres! Derrubava travessas com doces! Em sua fúria, era como um furacão, que arrasta tudo o que está ao seu redor, deixando apenas um enorme rastro de destruição.
Os clientes, ouviam assustados aos gritos que vinham da cozinha. Aquilo atraiu a atenção de Nina, que identificou imediatamente a voz de Castiel. Merda! Sabia que aquilo poderia acontecer! Não conseguia se perdoar por não tê-lo visto entrar. Precisava fazer alguma coisa rápido, antes que Castiel fizesse uma besteira. Então pegou rapidamente o celular, ligando para a polícia e informando onde estava. Esperava que eles não demorassem para vir.
Castiel continuava quebrando tudo o que havia dentro da cozinha do café. Era insuportável ver aquele casal junto. Mais do que nunca, seu temperamento agressivo parecia aflorar.
Annelise olhava apavorada para a destruição que surgia em sua cozinha, entrando em pleno desespero. Afinal, sabia quanto tempo levara para conseguir suas coisas, e quanto suor derramara para isso.
— Castiel! Pare! Por favor! — Ela gritou desesperada, vendo sua cozinha ficar totalmente arruinada.
O clamor de Annelise, pareceu enfurecê-lo ainda mais! Aquela vadia ainda ousava exigir alguma coisa? Ainda se atrevia mandá-lo parar, quando destruíra seu coração?
— NÃO ME MANDE PARAR, VAGABUNDA! OLHE SÓ O QUE VOCÊ ME FEZ! VOCÊ MENTIU! BRINCOU COM MEUS SENTIMENTOS! ESTAVA COM ELE DESDE O COMEÇO, NÃO ESTAVA? BEM EMBAIXO DO MEU NARIZ! — Castiel berrava, avançando sobre Annelise.
Por puro reflexo, Lysandre guiou Annelise para trás de si, no intuito de protegê-la. Afinal, percebeu que Castiel vinha em direção à moça com a mão erguida. Era óbvio que iria estapeá-la.
Lysandre segurou o pulso de Castiel, o olhando severamente. Aquilo era inadmissível. Não toleraria violência, ainda mais contra uma mulher. Não permitiria de forma alguma, que aquilo acontecesse.
— Primeiramente, Castiel, devo alertá-lo de que estamos em um ambiente de trabalho. Por tanto, exijo que aja com a mínima decência. — Agora, Lysandre apertava o pulso do ruivo com um pouco mais de força. O olhava com a mesma raiva, porém mantendo um tom de voz mais contido. Não queria chamar mais atenção do que evidentemente já teriam chamado. — Em segundo lugar: quero deixá-lo devidamente avisado, de que se tentar tocar na Annelise novamente, serei obrigado a agir de modo nada civilizado. Compreenda que ela não lhe deve qualquer satisfação, visto que seu relacionamento acabou. Portanto, você não possui qualquer direito de lhe exigir coisa alguma. Agora, peço que saia daqui, se ainda possui o mínimo de dignidade. Este é seu último aviso, antes que eu parte para a ignorância. — Lysandre jamais esboçara um semblante tão furioso. De fato, sentiu um ódio intenso por Castiel, no momento em que ele tentou atacar Annelise. Jamais iria aceitar esse comportamento com mulher alguma! Principalmente, a mulher amada.
Para o alívio de Nina, havia uma viatura por perto, então acabou indo rápido atender ao chamado. Ao entrarem no café, já ouviam os gritos de Castiel, que agora partia para cima de Lysandre, que segurava seu outro pulso, quando o ruivo tentou lhe atingir com um soco.
Sem nem mesmo perguntarem para Nina onde estava acontecendo a briga, entraram na cozinha. Afinal, podiam ouvir que a confusão vinha nitidamente de lá.
O rapaz continuava descontrolado, rangendo os dentes, enquanto tentava a todo o custo agredir Lysandre, que ainda o segurava.
Ele se debatia, insultava Lysandre de todas as formas possíveis! Foi então que um dos policiais o conteve, segurando-o pelos braços, enquanto o outro colocava as algemas em seus pulsos.
— Calma, rapaz! — Dizia um dos policiais, que ainda tentava conter a ira de Castiel. — O que aconteceu aqui? — Ele indagou para Annelise, que continuava atrás de Lysandre, totalmente apavorada.
— Ele entrou aqui e começou a quebrar tudo! — Annelise respondeu, ainda em evidente choque.
— Ele é o ex-namorado dela, senhor. Não está conformado com o término e veio agredi-la em seu local de trabalho. Ele destruiu toda a cozinha. — Lysandre afirmou, ainda com as feições severas, embora sua voz fosse calma e pausada como sempre. Agora, ele abraçava Annelise, que tremia em evidente choque.
— A senhorita deseja prestar queixa formal contra ele? — O outro policial indagou, quando finalmente conseguiu algemar Castiel.
— Sim, eu quero. — Annelise afirmou. — Mas, antes eu preciso fechar o café. — Ela completou, ainda abraçada a Lysandre.
— Está bem, nós a aguardaremos na delegacia. Enquanto isso, senhor, peço que nos acompanhe. — O policial disse, voltando-se a Castiel.
Logo, os dois policiais saíram da cozinha, escoltando Castiel algemado, que vez ou outra olhava para trás, fuzilando Lysandre com os olhos. Aquilo teria volta.
Alguns dos clientes que ainda permaneciam no café, reconheceram Castiel imediatamente! Muitos começaram a filmar e outros tiraram fotos. Todos postando rapidamente nas redes sociais, os vídeos e imagens da prisão do vocalista da Crowstorm.
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A roseira e os espinhos.
RomanceO que fazer quando nem mesmo os anos são capazes de apagar um grande amor? Como esquecer aquela que um dia foi a mulher de sua vida? Este é o dilema ao qual Lysandre tem enfrentado nos últimos anos. Mas, talvez ainda haja uma forma de recuperar a do...