Capítulo 13

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Abro os olhos lentamente, e quando percebo um braço em volta de mim me assusto, mas logo me lembro de quem se trata.

Heitor parece dormir tranquilamente, porque sinto sua respiração calma contra minha nuca.

Minha bexiga está a ponto de explodir, mas estou com medo de me mexer e ele acabar acordando, porque eu sei que ficará um clima estranho entre nós dois.

Era para ele ter acordado primeiro, e quando eu me levantasse Heitor já teria ido trabalhar, então eu iria embora e não o veria por alguns dias, mas meu plano não deu muito certo porque hoje é final de semana.

Se eu não estivesse tão agoniada para ir ao banheiro talvez eu não teria tanta pressa de sair de perto dele, mas agora a única coisa que desejo é sentar no vaso para me aliviar.

Heitor passou praticamente à noite toda grudado em mim, e por causa disso quase não consegui dormir.

- Heitor? - Chamo baixinho.

Ele não dá sinal de vida, então pego seu braço com muita calma e começo tirar de cima de mim, mas isso só serve para ele se aproximar ainda mais, e pior ainda, abraça a minha barriga com força.

Me arrepio toda quando sinto que estou prestes a não aguentar me segurar, e dessa vez eu trato de me levantar rapidamente sem me importar se Heitor vai acordar ou não.

Abro à porta do banheiro e o adentro ligeiramente o trancando, e então me aproximo da privada e levanto a tampa, e mais do que depressa abaixo a calça e me sento no vaso, me aliviando logo em seguida.

Estava tão apurada que nem lembrei das minhas costelas machucadas, mas agora estou sentindo começar a doer pelo esforço que fiz ao levantar rápido e correr até o banheiro.

- Que delícia.

Seria bem mais vergonhoso e embaraçoso se eu tivesse mijado na cama do Heitor, do que ter dormido junto com ele.

Ainda bem que consegui chegar a tempo no banheiro, caso contrário eu teria que me demitir do trabalho, e me mudar para outro planeta para que ninguém mais me visse.

Me levanto da privada e dou a descarga, vou até a pia e lavo minhas mãos, e então começo a fazer minha higiene pessoal com os produtos de limpeza que Heitor me deu ontem.

Meu rosto já não está tão inchado como ontem, mas os hematomas levarão alguns dias para sumirem por completo.

Depois de tudo pronto vou até à porta do banheiro e a destranco, e quando a abro vejo Heitor ainda dormindo tranquilamente.

Caminho até a cama lentamente, e com muita calma me deito ao seu lado  para não acordá-lo. Ele nem ao menos se mexe, então coloco meu dedo embaixo do seu nariz para sentir sua respiração, e no mesmo instante fico aliviada por ele estar vivo. Heitor tem um sono profundo, ou sabe fingir muito bem que está dormindo.

- Até que você não é tão mal dormindo. - Digo baixinho.

Tiro os cabelos caídos em sua testa lentamente, e logo em seguida percorro seu rosto com a mão até seus lábios entreabertos.

Uma voz em minha mente manda eu parar agora mesmo e sumir, mas por algum motivo eu continuo me aproximando do Heitor como se minha vida dependesse disso.

Sinto sua respiração quente contra minha pele, e ao mesmo tempo fico me perguntando como seria beijá-lo agora mesmo sem me importar com as consequências do meu ato. 

Me afasto rapidamente quando enfim me dou conta da burrada que estou prestes a fazer, e então me viro para o outro lado e coloco a mão no peito para tentar me acalmar.

- Você é burra Mia? - Pergunto a mim mesmo baixinho.

O que eu estava pensando? Estou ficando louca? Heitor é o homem que odeio, mas por quê raios eu quero beijar alguém que não suporto?

O que Heitor está fazendo comigo? Eu o odiava e não suportava a sua presença, mas agora já até dormimos juntos, e até quero ser beijada por ele. Quando foi que comecei a ficar louca desse jeito?

Não gosto dessa sensação desconhecida que estou sentindo, mas ao mesmo tempo estou curiosa por enfim estar me sentindo dessa forma em relação a um homem pela primeira vez em minha vida, só que eu não achei que seria logo Heitor quando eu começasse a me interessar por algum.

Com toda certeza ele seria o último homem na face da terra que eu iria querer me envolver, mas agora eu já não tenho mais tanta certeza disso.

Mesmo estando confusa comigo mesmo, ainda bem que eu acordei antes de fazer uma cagada, caso contrário eu estaria me arrependendo nesse exato momento de ter o beijado.

Eu realmente espero que isso seja apenas algo passageiro, e então tudo volte ao normal, com nós dois em guerra sempre que nos vemos.

- Mia? Já está acordada?

Fecho meus olhos rapidamente e finjo estar dormindo, enquanto tento tranquilizar minha respiração por causa do susto que levei quando ele me chamou.

Sinto Heitor se mexer na cama, e alguns segundos depois ele beija meu rosto demoradamente, o que me deixa ainda mais nervosa.

Estou prestes a surtar, mas continuo de olhos fechados fingindo estar dormindo, na esperança de que Heitor saia do quarto.

Será que ele está acreditando que estou dormindo? Ou ele já sabe que estou acordada e me beijou apenas para ver qual seria a minha reação?

- Continue dormindo, irei fazer nosso café. - Ele fala baixinho.

Ele se levanta da cama, então abro um pouco os olhos, e o vejo caminhar até à porta e sair do quarto.

Suspiro aliviada por enfim estar livre, mas meu coração ainda bate rápido no peito, e automaticamente levo a mão a minha bochecha onde Heitor me beijou, e então começo a fazer papel de trouxa.

- Que merda é essa Mia? O que pensa que está fazendo?

Só posso estar ficando muito louca por estar agindo como uma adolescente quando se apaixona pela primeira vez, mas no meu caso eu sei que vou me ferrar se isso acontecer.

Heitor deve estar tentando fazer algum joguinho comigo, porque ele nunca me tratou bem antes, e do nada me ajuda, dorme comigo na mesma cama, e agora me beija como se fossemos um casal apaixonados.

Eu realmente espero que tudo isso seja apenas repentina bondade da sua parte comigo, porque se for outra coisa eu arranco o que ele tem de mais precioso no meio das pernas.

Heitor não gostava de mim, e do nada começa a agir como uma pessoa completamente desconhecida para mim. Talvez esteja em seus planos me fazer baixar a guarda, só que eu não saberia por qual motivo ele faria isso.

Não nos suportamos sim, mas por quê ele teria tanto trabalho de me fazer gostar dele? Ele tentaria fazer eu me apaixonar para depois me chutar, como vingança por todas as vezes que fui petulante?

Me sento na cama, e sinto que aos poucos vou me acalmando, mas ao olhar para o lado e não ver Heitor sinto um repentino vazio.

- Merda.

Dou um beliscão em minha perna e faço uma careta de dor, tentando dessa forma me fazer acordar desse pesadelo agradável.

Me levanto da cama e arrumo lentamente, porque minhas costelas ainda doem, e após terminar caminho em direção à porta do quarto e a abro.

Olho em volta e não vejo Heitor, e por esse motivo começo andar até a cozinha para ver se ele está fazendo o café da manhã como ele disse que faria.

Preciso ir embora logo, ou ficará ainda mais difícil eu procurar por um apartamento já que é final de semana, por isso irei tomar meu café da manhã, e partirei.

Ao me aproximar da cozinha escuto Heitor conversando com alguém, e quando chego perto o suficiente escuto ele falar:

- Eu já disse cara, ela está caidinha por mim.

Um Criminoso Irresistível (Livro 9)Onde histórias criam vida. Descubra agora