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— Prontinho, seus pertences estão na cadeira, junto com os remédios, se precisar de mais é só vir até o hospital.

— Ok, obrigada Carla, penso que não poderiam ter me entregado em mãos melhores.

— Que isso querida, eu que agradeço, uma paciente que se dedica a recuperação e que segue tudo direitinho não se encontra facilmente.

Eu lhe dou um sorriso e um beijo na bochecha, pego minhas coisas e vou até lá fora sozinha, consigo andar meio mancando, mas pelo menos não preciso de ajuda.

Durante todo o caminho recebo o carinho dos enfermeiros e dos médicos, todo sabem pelo que estou passando e não está sendo fácil isso, tirando Ryan julgo que não tenho mais ninguém, pelo menos não que me lembre, todos os que eu tinha intimidade se foram, queria que meu pai nunca tivesse inventado aquela viagem.

Na frente do hospital procuro por Ryan, mas não o encontro, muito menos seu carro, vejo um banco perto e me sento para esperar, ele pode só ter se atrasado, não deve ser nada de mais.

— Ele não chegou ainda? — olho para quem perguntou e vejo Carla para com um sorriso gentil no rosto me olhando, sei bem que já se passaram umas quatro horas que estou aqui.

— Pois é, acredito que ele esqueceu.

— Bom vamos eu te levo.

— Não tem necessidade Carla, acho que ele deve estar vindo já.

— Que isso, se ele não veio até agora não virá mais, vamos eu te levo.

Ela me estende a mão e aceito, não gosto de ficar dizendo não quando as pessoas oferecem ajuda.

***

— Pronto, está entregue.

— Obrigada Carla, não sei o que faria se você não tivesse aparecido.

— Que isso querida, eu sempre ajudo quem posso, e qualquer coisa é só me ligar — ela me entrega um papel com seu número.

— Muito obrigada mesmo, ligarei se precisar.

Desço e subo as escadas do prédio o mais devagar que consigo, indo até o elevador com calma.

— Senhorita Ashley, posso ajudá-la.

— Não seu Breno, eu estou bem — na verdade, não estou muito bem não.

Entro no elevador e aperto meu andar me encostando na parede para ficar de pé, estou fraca devido aos remédios, preciso deitar e logo, mas parece que nunca chega o andar certo, uma eternidade até isso acontecer.

Quando finalmente as portas se abrem, mas não consigo me mexer a visão que tenho do final do corredor me deixa tão assustada que minhas pernas não conseguem se mover, sinto meus olhos se encherem de lágrima e me esforço para sair do elevador antes que ele feche novamente, e vou na direção deles, sentindo um ódio enorme me dar forças para continuar em pé.

— Ash? — porque ele parece surpreso de ver?!

— Pegue as suas coisas e saia da minha casa — consigo dizer com uma força que quase me faz cair, mas ele me segura antes — me solta, nunca mais ouse se aproximar de mim, agora repetindo, pegue suas coisas e saia da minha casa.

— Ashiley, sério mesmo que fará isso, não aconteceu nada entre mim e ela.

— Não foi o que vi Ryan, saia da minha casa ou chamarei a polícia para fazer isso.

— Você vai mesmo fazer isso conosco, com nosso futuro?

— Que futuro Ryan, você anda distante, frio comigo e ainda por cima esqueceu de me buscar no hospital, acha mesmo que podemos ter um futuro ainda? — respiro fundo sentindo a dor dos pontos — pegue suas coisas e saia da minha casa, e espero não ter que falar outra vez.

Entro no apartamento com uma dificuldade tremendo e sento no sofá, esperando ele se retirar o que não demora muito, já que não tem muitas coisas aqui e achei até bom essa ideia de cada um ficar na sua casa, assim pude perceber o quanto ele é mau caráter e mulherengo, além de um imbecil sem escrúpulos.

De Repente RicaOnde histórias criam vida. Descubra agora