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Deixar minha casa foi mais fácil do que pensei, não senti nada ao sair de lá, é como se eu já não morasse lá há muito tempo. Antes de ir mandei mensagem para Carla como havia prometido e disse estar indo viajar, mas assim que voltasse a Nova York iriamos sair, nunca pensei fazer amizade com uma enfermeira enquanto estava hospitalizada, mas fiz, e fico muito feliz com isso.

Chego em SmalVill sem saber exatamente o que fazer, olho a foto que tirei do papel com endereço e vou até um táxi, é a única maneira de conseguir me movimentar por aqui.

— Com licença — chego em uma mulher, a única taxista pelo que vejo.

— Sim, querida?

— Eu queria saber se pode me levar nesse endereço? — Mostro a foto a ela, que abre um sorriso e concorda pegando minha mala.

— Levo com muito prazer — ela abre a porta do carro que entro achando estranho seu comportamento, se bem que tudo nessa cidade é estranho.

— Você mora há muito tempo aqui? — Pergunto querendo saber mais sobre meu tio-avô.

— Desde que nasci, a propósito, me chamo Olivia.

— Prazer, sou Ashley.

— Da cidade grande, não é?!

— Tão óbvio assim?

Ela dá uma risada, a conversa está me deixando mais leve.

— Um pouco, ninguém fica tão perdido aqui sem ser de fora, principalmente com relação à mansão Abraão.

— O que tem a mansão? — Sério mesmo que é uma mansão?

— Nada, só é a mais famosa aqui na cidade, e a primeira casa a ser construída, além de ficar afastada de tudo.

— Pode me contar mais?

Ela me conta tudo e descobrir que minha família, literalmente minha família, pois meu pai nasceu aqui, é a fundadora da cidade me deu um choque, tipo, não consigo acreditar nisso, mas é claro que não contei que Phillipe era meu pai, nem que morreu, isso não diz respeito a ela.

Quando Olivia disse sobre estar afastada, ela quis dizer afastada mesmo, fica na colina mais alta da cidade, pelo menos é tudo asfaltado e muito bonito também, a beleza da floresta é uma beleza totalmente diferente da beleza da cidade, de um encanto tranquilizador, mas não sei se conseguirei morar aqui, isso se eu for morar aqui.

— Prontinho, está entregue, sorte a sua que Mabel é minha prima, se não teria que ter andado todo o caminho.

Olho para a enorme porta branca à minha frente, respirando fundo vou até ela, mas antes que possa bater ela é aberta por uma senhora, bom não posso dizer exatamente com essas palavras, mas ela certamente tem idade para ser minha mãe.

— Você deve ser a Ashley?! — ela diz com uma voz doce.

— Sou, é um prazer conhecer a senhora.

— Sou a Cristen, e pode me chamar de você, vamos, entre.

Acompanho ela para dentro e vejo o quanto a casa é chique, sinto até vergonha de minhas roupas, bom não sou tão pobre, mas também não sei me vestir adequadamente para o estilo desta casa.

— Bom, eu sinto muito por sua família — Cristen diz enquanto anda pela casa — e sinto muito também por você estar passando por isso, seu pai não lhe preparou para algo assim imagino!

— Não, eu nunca soube dessa parte da família, para mim sempre fomos de classe média.

— Imaginei, depois de tudo o que aconteceu no passado e seu avô indo embora — ela pára no meio da sala de estar — fique à vontade, eu já volto para lhe mostrar seu quarto.

Cristen sai por onde entramos e eu começo a reparar na sala de estar enorme, julgo que cabe fácil umas cinquenta pessoas ali, o design todo branco e dourado, passo a mão pelo tecido de uma poltrona sentindo seu cetim macio, dou a volta e sento nela, aproveitando seu conforto.

— Acredito que você seja a Ashley.

Dou um pulo com o susto e me viro, encontrando um cara muito gato descendo as escadas.

De Repente RicaOnde histórias criam vida. Descubra agora