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— E para qual restaurante vamos? — Lorenzo pergunta assim que saí do banheiro.

— Para o Bica do Sapato — digo da sala/cozinha, enquanto arrumo minha bolsa, com meus documentos e cartões, fiz alguns antes de sairmos, pois não quero ficar andando com dinheiro vivo.

— E acha que é um bom restaurante? — Me viro para respondê-lo, mas ao ver que está sem camisa perco um pouco do ar.

— Foi muito bem recomendado por nossa guia — consigo dizer.

— Bom, então vamos, estou morrendo de fome.

Concordo com ele e saiu antes que me jogue em cima dele, o que poderia não dar certo, mesmo que ele goste de mim, eu não disse que sinto mesmo, pois fomos interrompidos, e também não sei se sinto o mesmo por ele.

— Dá para irmos a pé, não fica longe daqui — comento quando o vejo ir na direção das bicicletas.

— Está bem então, caminharemos um pouco por Lisboa, será bom.

Durante todo o caminho ficamos em silêncio incômodo, um silêncio que me deixou a cada passo mais incomodada. Percebo que ele não olha a nossa volta, não comenta sobre nada, apenas me acompanha até o restaurante, que está a umas três quadras adiante.

— Lorenzo espera, sério mesmo que você não comentará nada sobre a cidade?

Ele para uns passos na minha frente e me olha como se isso não importasse.

— Fala comigo, por favor — odeio ter que implorar por atenção.

— Porque devo falar com você? Ashley, eu me declarei para você, e nunca me declaro para ninguém, e o que você fez, simplesmente fugiu, eu sinceramente não sei nem o porquê aceitei vir para essa viagem.

Ele volta a andar, e preciso correr para alcançá-lo e fazê-lo parar e me escutar.

— Lorenzo, nós fomos interrompidos aquele dia está bem, eu não estou fugindo, só andei muito ocupada com toda a papelada para essa viagem, e sou graças a deus por você ter vindo comigo, eu não iria querer mais ninguém ao meu lado, sim gosto de você, e penso que estou gostando desde o dia em que coloquei os olhos em você.

Ele me olha como se não acreditasse no que eu disse, quando percebi Lorenzo me puxou para si, me beijando no meio da rua, na frente de tantos estranhos, um beijo lento, com muitas promessas.

— Uau! — Exclamo me afastando dele e voltando a respirar direito.

— Foi tão bom assim?

Lorenzo acaricia meu rosto devagar enquanto me olha com uma intensidade que nem Ryan havia me olhando alguma vez.

— Foi sim, agora vamos comer, estou morrendo de fome.

***

Nosso jantar foi leve e agradável, com eu queria que fosse, a única parte ruim foi eu ter que me declarar para ele no meio da rua, mas a vergonha já passou, e estou aproveitando muito a boa comida e o vinho que pedimos, essa é a única noite em que ficaremos em Lisboa, amanhã no máximo de meio-dia estaremos com o pé na estrada.

— Adorei o jantar — Lorenzo diz enquanto caminhamos em direção ao nosso trailer — a única parte que não gostei foi o seu telefone vibrando o tempo todo até você desligar.

— Pois é, Ryan não para de me ligar, e a namorada dele também, não entendem que não quero contato com nenhum dos dois.

— Você pode denunciar eles, afinal estão te perseguindo.

— Mas de que isso me adiantaria, eles não sabem onde estou e nunca vão saber, Ryan está bloqueado em todas as minhas redes sociais e a namorada dele também, não quero que saibam da minha vida.

— Sim, mas, ainda continuam te perseguindo.

— Pois é, toda vez que bloqueio um número eles ligam de outro, não consigo fugir deles.

— Que tal trocarmos seu número? Assim eles não podem te achar.

— Pode ser, não vejo outra opção mesmo.

Ele sorri para mim e abre a porta do trailer, vou direto para a cama, apenas coloco um pijama e vou dormir, a viagem de avião foi longa e amanhã começa nossa viagem de verdade, precisamos estar bem descansados.

De Repente RicaOnde histórias criam vida. Descubra agora