3

169 11 0
                                    

Estar sozinha é uma merda, você não sabe o que faz, a única coisa que sei é que tenho que levar todas as sacolas de lixo lá para fora, todo esse lixo será como estar me livrando do maldito do Ryan, e também da puta da amante ele, sim chamei ela de puta, porque é isso que aquela garota é, não tenho como chamar de outra coisa.

— Pronto, mais nada daquele lixo na minha casa — bato as mãos uma na outra como que para tirar a poeira e me viro entrando no prédio, mas quase batendo em um senhor que estava parado no meio da calçada.

— Com licença minha jovem, você poderia me ajudar?

— Claro, de que o senhor precisa?

— Estou procurando a senhorita Ashley Abraão.

— Sou eu — o que será que ele quer comigo?

— Ora, que ótimo, eu tenho uma carta para a senhorita — ele começa a mexer na pasta e retira um envelope — também preciso que a senhorita compareça neste endereço, aí já está a hora e a data também. Espero a senhorita lá, até mais.

Ele me entrega os papéis e sai correndo, como se tivesse outro lugar para ir já estivesse atrasado. Olho o envelope pardo e vejo que o remetente tem meu sobrenome, Oliver Abraão, quem seria ele, nunca ouvi falar nele. Entro no prédio e leio o cartãozinho, a data e daqui a uma semana, não sei se conseguirei ir, já faltei três semanas, se faltar mais um dia esse mês poderei ser demitida por justa causa, mesmo tendo se acidentado, meu chefe só quer saber de ganhar, não importa como.

Sento no sofá e abro a carta, vendo uma letra muito bonita, comparada à minha, julgo que sou analfabeta. A carta diz que o senhor Oliver é meu tio-avô e faleceu faz quatro dias; eu não cheguei a conhecer ele então, porque receberia uma carta em seu nome? Continuei lendo e vi que ele tem um filho, mas nunca o conheceu, por isso está deixando tudo o que tem para mim, poderei usufruir de tudo sem precisar me explicar a ninguém, mas com a condição de que em um ano eu me case, se já não estiver casada; sério mesmo isso? Também diz que espera que eu cuide bem de seu patrimônio e não seja como aquelas meninas de cidade grande que sai gastando sem ver, no final ele diz que sente muito por minha família e que espera que eu esteja bem.

Esse cara fala como se tivesse muito dinheiro, minha família nunca foi rica, nem por parte de mãe, nem por parte de pai. Jogo a carta e o papel com endereço na mesa e vou para meu quarto, quero dormir mais um pouco, amanhã começa uma rotina pesada e minha mesa deve estar lotada de coisas para fazer, e ainda sairei com Tyler, então é bom descansar um pouco.

***

Chego no escritório e todos ficam me olhando com pena, sei que perdi minha família, mas foi um acidente, não preciso de olhares de pena não. Sento na minha mesa e começo a trabalhar, como eu disse, uma pilha de coisas para serem feitas, como se ninguém mais naquele lugar fosse capacitado.

No meio do dia Tyler me puxa para almoçar na lanchonete da empresa mesmo.

— E aí, como está sendo essa volta à rotina?

— Cansativa, pensei que meu chefe pediria para alguém fazer meu trabalho, já que estava internada.

— Eu me ofereci, mas ele disse bem grosso que não e que você deve fazer seu trabalho bem feito e o mais rápido possível.

— Bom estou tentando, mas não está sendo nada fácil, ele colocou muita coisa lá por três semanas.

— Pois é, mais do que vi você já eliminou metade das coisas.

— Quase metade, agora se me der licença, tenho que voltar ao trabalho.

— Mas você só fez trinta minutos!?

— Tyler, entenda que eu não posso me dar ao luxo de uma hora de intervalo.

Levanto-me correndo e consigo pegar o elevador antes de fechar, voltando ao inferno, tem tanta coisa aqui que nem sei o que fazer, isso que já organizei tudo por data e coisas mais importantes, ser secretária de um publicitário não é fácil, e me arrependo muito de ter arrumado esse emprego.

De Repente RicaOnde histórias criam vida. Descubra agora