De Repente Rica

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Já era quase dez da noite quando consegui me livrar de tudo, provavelmente meu chefe vai me matar por fazer hora extra, mas não tive muita escolha, tinha muita coisa que era para hoje e para amanhã, respiro fundo e arrumo tudo, distribuindo para seu respectivo dono, ou para quem cuida do departamento e são desde notas fiscais até impressões de jornais e revistas, a maior parte ia para a mesa do meu chefe.

Desligo tudo e pego minha bolsa, indo para casa, mas antes passei comprar comida mexicana, já posso comer coisas mais fortes, então aproveitarei.

Em casa como e tomo um banho bem relaxante, caindo na cama e dormindo como um bebê, não sei se consigo acordar no dia seguinte, mas terei que tentar.

***

O despertador me acorda num susto que nunca pensei que poderia levar, quando vejo serem seis e meia percebo que dormi trina minutos a mais, me levanto e tomo um banho gelado para poder acordar de vez e saio pegando apenas uma maçã, pego um táxi e vou o mais rápido que dá, o que não é muito, já que o trânsito a essa hora é bem grande.

Chego dois minutos atrasada, tendo algumas coisas em minha mesa já, esse povo é muito rápido, como podem arrumar tanta coisa assim para mim. Sento começando a mexer em tudo, organizando, baixando no sistema e entregando para quem fica responsável.

— Ashley, na minha sala — o senhor Calvin me chama com autoridade e bem alto ainda por cima, para todos ouvirem.

— Pois não senhor Calvin.

— Sente-se — faço o que ele manda, observando o papel que ele coloca na minha frente.

— Carta de demissão!? — leio em voz alta.

— Sim, estou precisando fazer alguns cortes na empresa, e infelizmente meu superior pediu para te mandar embora.

— Mas porque, eu fiz algo errado? — O problema nem é eu ser demitida, mas sim não poder pagar minhas contas.

— Além de ter faltado mais de três semanas? — Ele não falou mesmo isso.

— Senhor Calvin, eu estava internada, não tinha como vir trabalhar e ontem fiquei até às dez da noite. Durante esses quatro anos da empresa tenho dado meu sangue e suor para essa empresa, e agora serei mandada embora?!

— Sinto muito, mas não posso fazer nada, você receberá uma gratificação bem gorda por ter trabalho conosco desde que a empresa abriu, pagaremos todos os seus direitos, não irá lhe faltar nada.

Pego sua caneta e assino a carta sem ler, sei que eles pagam tudo certinho, não tenho medo disso, o meu medo é não conseguir pagar todas as contas enquanto estiver desempregada.

— Espero que consigam se reerguer — saio dali sem esperar resposta.

Pego minhas coisas e coloco tudo em uma caixa, e saio daquela empresa, durante quatro anos da minha vida eu me dediquei a ela e é assim que me agradecem, espero que venham a falir também, nunca foram bons para os funcionários mesmo.

***

Em casa arrumo tudo no meu escritório e começo a procurar outro emprego, parece que tudo está contra mim, primeiro o acidente e eu perdendo minha família, depois o imbecil do Ryan me traindo e agora isso. Pego o copo que estava na minha mão e atiro na parede com tanta força que ele se espatifa em vários pedaços.

— Ash, tá tudo bem? — Ouço Tyler gritar da sala.

Logo em seguida vejo ele na porta e sinto minhas lágrimas descerem novamente, como se eu já não tivesse chorado o bastante.

— Porque tudo tinha que acontecer de uma vez? — Minha voz sai alta e clara por um milagre.

— Calma, ficará tudo bem — ele vem até mim e me abraça — você vai dar a volta por cima.

— Mas como? Passei o dia inteiro procurando algo na internet e não achei nada.

— Bom, você me disse que ganhou uma herança o seu tio-avô lembra? — Ele me olha com uma sobrancelha levantada.

— Sim, mas nem deve ser muita coisa, ninguém na minha família é rica.

Bom, não custa nada dar uma olhada.

Ele está sorrindo, sério que ele está sorrindo, vontade de um soco bem o meu da sua cara e tirar esse sorriso.

— Você está certo, só preciso comprar uma passagem para SmalVill, não acredito que estou indo para uma cidade no fim do mundo.

Ele dá risada e segue para a cozinha, sigo ele só para ver o que fará de bom para comermos.