De Repente Rica

2

Acordo com o corpo todo dolorido, sem saber exatamente onde estou, até que vejo um vaso de plantas mortas e lembro que estou em casa, e então me lembro de tudo, e as lagrimas voltam a cair, é difícil acreditar que a pessoa para quem dediquei os últimos seis anos da minha vida resolveu me abandonar em uma hora como essa, eu perdi toda a minha família, não tenho ninguém comigo, estou totalmente sozinha no mundo, e ele vem e faz isso.

Ouço o telefone tocar e me levanto com um pouco de dor, meu corpo inteiro dói, será que essa dor nunca passará?

— Alô!

— Ashiley, que bom ouvir sua voz, e aí como está?

— Oi Tyler, estou bem, só cansada.

— Porque não consigo acreditar em você? — como ele consegue me fazer rir tão facilmente?

— Estou bem sério.

— Está bem, não discutirei contigo, e então, quando volta para o escritório?

— Depois de amanhã, ainda tenho mais dois dias de atestado.

— Beleza, irei aí hoje então para comermos uma pizza.

— Tá bom, assim você me ajuda a organizar essa casa e te conto o que você tanto quer saber.

— Tá ok, até mais tarde.

Ele desliga e eu olho à minha volta, aquele porco que dizia estar cuidando de tudo, matou até meu peixinho, pena que a vontade que eu tinha de matar ele já passou.

Vou para o banheiro e tomo um banho, pelo menos isso ele deixou limpo, se estivesse literalmente tudo sujo e contratava uma empregada e mandava a conta para ele, mas não gosto muito de pessoas estranhas mexendo nas minhas coisas.

***

Termino a cozinha e meu escritório na mesma hora em que Tyler bate na porta anunciando sua chegada. Tiro as luvas e atendo sendo pega por um abraço de urso ao abrir a porta.

— Tyler, não consigo respirar.

— Desculpa Ash, mas é que estou tão feliz que você está bem, você não imagina como fiquei ao saber do acidente.

— Mas estou bem, venha, trouxe a pizza?

— Esqueci no carro, vou buscar — ele sai correndo e antes que entre coloco a cabeça para fora.

— Você só não esquece a cabeça porque é grudada — grito para ele poder ouvir.

Seu sorriso me anima um pouco, será bom passar a noite com meu melhor amigo, preciso disso, preciso de um pouco de paz, de uma noite com mais risadas do que lágrimas, e Tyler tem o dom de fazer uma noite dessas.

***

— Eu vou matar ele, como ele pode fazer isso com você, eu sabia que ele não prestava, mas não imaginei que poderia fazer algo assim.

— Pois é, mas fez, e nada pode mudar isso, pelo menos tenho você — estendo minha mão e ele aperta sorrindo.

— Sempre — Tyler dá um beijo em minha mão e sorri mais ainda, voltando a assistir ao filme.

Ele com certeza é meu melhor amigo e o mais próximo que tenho de uma família agora, ele é como meu irmão, e espero nunca perder ele como perdi os outros.

Conheço Tyler desde os meus cinco anos, sempre fomos amigos, às vezes brigamos, mas sempre fazemos as pazes, sempre ele pedindo desculpas primeiro.

— Ash acho que vou para casa, tenho que trabalhar amanhã.

— Não, fica — abraço ele o impedindo de sair daqui.

— Não posso linda, mas amanhã venho te buscar para irmos jantar fora tudo bem?

— Tá bom — solto ele sem vontade alguma, estava tão bom ficar com ele aqui.

— Boa noite — ele me dá um beijo na bochecha e sai, tenho certeza de que vai para alguma festa, ele não fica sem festas.

Levanto-me e vou até à cozinha pegar um copo de água para tomar os meus remédios e em seguida vou para a cama, amanhã termino de arrumar essa casa, agora eu só quero dormir.